Da Redação (*)
Brasília – O presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), João Martins, quer que o governo brasileiro acelere o processo de negociação de acordos comerciais bilaterais e defende, em especial, o início de negociações diretas com o Reino Unido simultaneamente às negociações em curso de um acordo birregional entre o Mercosul e a União Europeia.
Segundo afirmou Joao Martins, “o Brasil perdeu muito tempo e chegou a hora de entender que temos que fazer acordos bilaterais. Como a Grã-Bretanha saiu da União Europeia, podemos continuar na trajetória do acordo com o bloco europeu e negociar com o Reino Unido, como muitos países estão fazendo. Precisamos abrir novas frentes”
Na opinião do presidente da CNA, “hoje, nossa agropecuária nos credencia para chegarmos aos mercados mais exigentes e mostrar produtos de qualidade e produzindo com segurança. Não podemos ficar condicionados ao Mercosul. Se pudermos ir juntos, tudo bem. Mas se não pudermos, temos que seguir nosso aminho”.
Em entrevista concedida nesta quinta-feira (7), ao Canal do Produtor TV, a mais recente ferramenta de comunicação direta com os produtores rurais de todo o País, o presidente da CNA abordou os mais importantes temas relacionados ao campo. Veja alguns trechos da entrevista:
CNA Jovem
A agropecuária brasileira busca ser cada vez mais competitiva. Na concepção do CNA Jovem, nós entendemos que daqui a dez anos a agropecuária será totalmente diferente do que é hoje (…) as pessoas devem dirigir a agropecuária futura com visão de modernidade, precisam ser preparadas agora. Serão os nossos substitutos. Então, a concepção é trazer pessoas que nos substituam. E estamos no caminho certo. A dinâmica do mundo moderno não dá lugar à incompetência. Então, os jovens devem estar preparados para serem líderes futuros. (…) O desafio que colocamos é que eles precisam conhecer a agropecuária hoje para começar a projetar o que será a agropecuária daqui a 10 anos e como eles estarão inseridos nesse contexto.
Assistência técnica
Há três anos, começamos com esse projeto na Bahia, um projeto embrionário. (…) Vimos que os produtores que utilizavam esse mecanismo de acompanhamento e de orientação evoluíam muito mais do que os que não tiveram. Então começamos a ver que aquilo era a solução. A Embrapa tem centenas de bons projetos, experimentos, mas isso não chega ao produtor. A assistência é a solução do problema para levar aqueles médios produtores para um patamar melhor.
Sindicatos
Temos que organizar o produtor para que a produção seja organizada. (…) Queremos mostrar aos sindicatos que, com os recursos disponíveis, eles podem fazer com que os produtores se sintam atraídos. Se os sindicatos tiverem algo a oferecer, os produtores vão aos sindicatos. O que precisa é que o sindicato seja prestador de serviço, tenha imaginação. Há sindicatos sem dinheiro, mas com ideias que fazem ali um ambiente de discussão. Para Isso, nós estamos lutando e temos resultados para mostrar aos sindicatos que ainda não entraram no sistema.
Ambiente político e econômico
O país vive momento conturbado. E a CNA tem procurado mostrar ao produtor rural que ele precisa ter o voto consciente. Votar em deputados, senadores, vereadores e prefeitos que tenham compromisso com o setor. (…) Os políticos são os nossos representantes. São os nossos advogados. A CNA tem buscado se aproximar dessas pessoas.
Ministério
Quando o presidente Temer assumiu, tivemos uma conversa com ele e mostramos que a pasta da Agricultura não era o único ministério para discutir políticas públicas. Temos o Meio Ambiente, a Justiça, pois estamos com problemas de conflitos indígenas, invasões. A CNA entende que a complexidade da agropecuária faz com que não fiquemos restritos.a um ministério. Temos três, quatro, talvez mais, onde precisamos estar constantemente discutindo projetos e cobrar a solução dos nossos problemas.
Política agrícola
Não se pode mais continuar com um plano (agrícola e pecuário) anual, mas com um plano plurianual. O produtor rural precisa plantar esse ano, mas com a segurança de que ele já tem a regra do jogo pré-estabelecida, com recursos pré-estabelecidos. O ministro Blairo viu isso com bons olhos. Não é fácil neste momento porque a economia está conturbada. Começamos a discutir isso e tivemos boa receptividade.
Não cabe mais plantar sem o seguro. (…) Temos o seguro de carro, incêndio, vida. Ninguém faz seguro de carro pensando em ser roubado. Mas pode ser roubado e ele tem a segurança de que não vai para o chão. É o mesmo caso do produtor rural. Quando ele perde a safra, ele vai para o chão.
Endividamento e seca
A Medida Provisória 733 não resolveu tudo, mas resolveu mais de 90%. Temos pontos a contemplar (…) e o Congresso Nacional é o lugar para buscar a solução dos nossos problemas. Também conseguimos a prorrogação do CAR até dezembro de 2017 (MP 707).
(A seca) é um problema normal. O que não é normal é ter vários anos seguidos de seca. O nordestino tem que se acostumar com essa realidade. Hoje há tecnologia para isso, não para sobreviver, mas temos tecnologia para ser produtivo e ganhar dinheiro. E isso passa por assistência técnica. A Embrapa tem tecnologias fantásticas. A palma na Bahia tem uma produção de 40 toneladas por hectare e (..) podemos aplicar tecnologias para passar para 400 toneladas por hectare. Mas isso precisa chegar ao produtor rural. E o governo precisa entender que o nordestino não quer passar a vida toda pedindo prorrogação de débito e esmola. Ele quer condições para ser produtivo e competitivo.
Confira a íntegra da entrevista:
http://www.cnabrasil.org.br/
(*) Com informações da CNA