Presidente da Câmara de Comércio Brasil-Turquia aposta no PNE para ampliar comércio bilateral

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Da Redação

Brasília – “É necessário um esforço dos governos do Brasil e da Turquia para que os dois países se percebam como grandes parceiros. Acordos comerciais, eventos de promoção de agências oficiais e visitas de ministros e líderes são aliados relevantes nesse processo”. A afirmação foi feita pela presidente da Câmara de Comércio, Turismo e Cultura Brasil-Turquia do Rio de Janeiro, Beatriz Fonseca, ao analisar as relações comerciais entre os dois países.

Em entrevista ao portal Comexdobrasil.com, Beatriz Fonseca falou sobre as perspectivas do comércio bilateral em 2016, revelou otimismo com as possibilidades de aumento desse intercâmbio com a inclusão da Turquia no grupo dos 32 países considerados prioritários para o Brasil no Plano Nacional de Exportações lançado pelo governo brasileiro em junho do ano passado.

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Beatriz Fonseca, presidente da Câmara de Comércio Brasil-Turquia.

A presidente da CCTCBT afirmou que “Quanto ao comércio Brasil-Turquia, há uma grande oportunidade de se ampliar as trocas comerciais. A posição da Turquia entre os mercados prioritários é algo inédito no comércio exterior brasileiro.Acredito que esta inclusão é o início de uma demonstração de interesse” e apontou os setores têxtil e dos alimentos entre as áreas mais promissores para alavancar as exportações da Turquia para o Brasil.

 

A íntegra da entrevista de Beatriz Fonseca segue abaixo:

Comexdobrasil.com –  Em 2015, as exportações brasileiras para a Turquia tiveram um ligeiro crescimento (+2,08%), depois de terem se expandido 36,66% em 2014. Por outro lado, as exportações da Turquia para o Brasil seguem em queda livre: -22,93% em 2014 e -35,76% em 2015. Em sua opinião, o que pode ser feito para aumentar o fluxo de comércio entre os dois países e especialmente par impedir que as exportações da Turquia sigam nessa trajetória descendente?

 

Beatriz FonsecaBeatriz Fonseca – O comércio internacional reflete às dinâmicas do relacionamento político e diplomático entre os países. Desse modo, o aumento ou declínio comercial é um reflexo do que os governos estabelecem como prioridade em suas políticas oficiais. Rússia e Turquia, por exemplo, mantinham estreitas relações comerciais que foram abaladas por um incidente político. No caso de Brasil e Turquia, é necessário um esforço dos governos para que estes países se percebam como grandes parceiros. Acordos comerciais, eventos de promoção de agências oficiais e visitas de ministros e líderes são aliados relevantes neste processo. A Turquia ainda está muito ligada à Europa em termos de comércio exterior, chegando a exportar US$ 15 bilhões para a Alemanha, mas tem uma pauta exportadora interessante ao Brasil, sobretudo no setor de autopeças e que pode ser explorada.

 

Comexdobrasil.comA Turquia faz parte da relação dos 32 países prioritários para o Brasil no contexto do Plano Nacional de Exportações, lançado pelo MDIC em junho do ano passado. A senhora acredita que a inclusão da Turquia nesse grupo restrito contribuirá para o aumento do comércio bilateral?

Beatriz FonsecaBeatriz Fonseca – Acredito que esta inclusão é o início de uma demonstração de interesse. O Plano Nacional de Exportações teve ampla divulgação e promete ser uma importante ferramenta de intensificação do comércio exterior. Noto que existem diversas ferramentas deste setor interessantes, mas que pecam em sua implementação. Assim, esperamos que o Plano Nacional de Exportações seja o ponto de partida para as políticas que mencionei anteriormente e auxilie na divulgação dos países prioritários para os empresários e o público em geral.

 

Comexdobrasil.com – Com o PNE, o Brasil pretende aumentar suas exportações, diversificar a pauta exportadora e gerar maiores saldos em seu comércio exterior. Será possível alcançar esses objetivos e ao mesmo tempo aumentar as exportações da Turquia para o Brasil?

Beatriz FonsecaBeatriz Fonseca – Apesar da recente crise política e econômica, o Brasil ainda tem uma boa imagem perante a comunidade internacional. O PNE foi lançado num momento de extrema relevância onde a busca por parceiros alternativos se fez necessária. O governo tem se mostrado otimista em relação a esta medida que direciona o comércio exterior brasileiro e visa otimizar seus resultados. Quanto ao comércio Brasil-Turquia, há uma grande oportunidade de se ampliar as trocas comerciais. A posição da Turquia entre os mercados prioritários é algo inédito no comércio exterior brasileiro.

Comexdobrasil.com – A pauta exportadora brasileira para a Turquia é fortemente concentrada em produtos primários. É possível inserir produtos industrializados, de maior valor agregado nas vendas para a Turquia sem tornar a balança comercial bilateral desequilibrada em favor do Brasil?

Beatriz FonsecaBeatriz Fonseca – Acredito que é possível desenvolver esta pauta de modo geral, explorando produtos que exportamos a outros países e substituindo produtos importados de China, Europa e EUA por produtos turcos. A Turquia importa derivados de petróleo e o Brasil pode ser um parceiro neste sentido. Em contrapartida, a Turquia possui um setor têxtil bem desenvolvido, com grande oferta o que permite preços abaixo do que temos no mercado brasileiro. O mercado interno turco não absorve toda produção e o excedente é exportado a preços competitivos. Este é um dos setores que pode ser explorado, sobretudo por grandes marcas brasileiras.

Comexdobrasil.com – A Turquia tem uma economia dinâmica e dispõe de muitos produtos que poderia exportar para o Brasil. Quais são esses produtos e por quê eles não chegam hoje ao mercado brasileiro?

Beatriz FonsecaBeatriz Fonseca – A Turquia tem diversos produtos interessantes ao Brasil, principalmente no setor alimentício. Sementes como avelãs, amêndoas e figos secos e produtos derivados, além de vegetais em conserva são artigos consumidos pela população brasileira. Os acordos comerciais do Brasil com o Mercosul e a ausência de acordos semelhantes com a Turquia, afasta os artigos turcos do país, uma vez que não conseguem preços competitivos devido às vantagens tarifárias das quais o continente americano usufrui.

Comexdobrasil.com – A Câmara de Comércio Brasil-Turquia pretende enviar alguma missão comercial à Turquia neste primeiro semestre do ano? Estão previstas idas de missões brasileiras à Turquia?

Beatriz FonsecaBeatriz Fonseca – Acredito que temos nosso papel em todo este esforço de aproximar os países e torna-los parceiros preferenciais e as missões comerciais são fundamentais neste processo. Pretendemos focar em missões da Turquia para o Brasil para aproveitar todas as dinâmicas resultantes das Olimpíadas. Os empresários brasileiros tem se mostrado interessados em conhecer mercados alternativos para driblar a alta do dólar e a Turquia aparece como um destino interessante.

Comexdobrasil.com – Quais são os principais eventos programados pela Câmara de Comércio Brasil-Turquia para o ano de 2016?

Beatriz FonsecaBeatriz Fonseca – Para 2016, temos diversos eventos culturais programados por nossa diretoria cultural para que possamos colocar a Turquia em evidência, tais como semana literária e exposições de arte turca. Além disso, o empresariado também será contemplado com rodadas de negócios e informações de qualidade.

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