Da Redação
Brasília – O presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, considera “preocupante” a lentidão como o governo brasileiro vem conduzindo o processo de substituição dos adidos agrícolas no exterior. Os postos estão vagos há cerca de seis meses e há mais de 60 dias foi concluída a seleção para preenchimento dos cargos. A demora na substituição dos adidos agrícolas deve-se “a um problema orçamentário”, segundo o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, informou ao presidente da ABPA.
Segundo uma fonte do Mapa, “há mais de dois meses o processo seletivo foi finalizado pelo Ministério em conjunto com o Itamaraty e a lista tríplice para cada um dos postos foi encaminhada à análise da presidente Dilma Rousseff, que poderá aprová-la da maneira como lhe foi apresentada ou não. Como a presidente encontra-se em campanha pela reeleição, a expectativa é de que ela somente venha a tratar do assunto após o segundo turno das eleições”, deixando vagos por mais um ou dois meses os postos no exterior.
Em entrevista ao Comexdobrasil.com , Francisco Turra elogiou o trabalho realizado pelos adidos agrícolas que ocupavam até há poucos meses os postos na Argentina, África do Sul, Bélgica (União Europeia), China, Estados Unidos, Japão, Rússia e Suiça e defendeu o aumento da rede de adidos agrícolas brasileiros no exterior. Ele afirmou que “gostaria que a rede fosse expandida pois o Brasil exporta carne de aves para 155 países e carne suína para 70 mercados no exterior”.
A íntegra da entrevista de Francisco Turra ao site Comexdobrasil.com é a seguinte:
P: Há mais de dois meses o Mapa e o Itamaraty concluíram a lista tríplice com os candidatos escolhidos por concurso público para ocupar as adidâncias agrícolas brasileiras no exterior. Os postos estão vagos há cerca de seis meses. Como o Sr. avalia essa demora nopreenchimento dos cargos?
Francisco Turra: É de indiscutível importância a função de adido agrícola em países importadores e concorrentes. Nesse sentido, foi mais do que oportuno (deveríamos ter criado a função há mais tempo até) o decreto de maio de 2008, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pelo decreto, foram instituídos os postos de adidos agrícolas na Argentina, nos Estados Unidos, na Suíça, Bélgica, África do Sul, China, Rússia, e no Japão. Para o setor de proteína animal (aves e suínos), é importante termos profissionais que acompanhem nossas demandas nos países aos quais fornecemos produtos ou nos quais ainda pretendemos entrar com as carnes de frango e suína. Sabemos quão difícil é o processo de abertura de mercados, tarefa que cabe ao governo atuar como negociador. Ao setor privado cabe uma atuação coadjuvante, de fornecedor de dados, de organizador de visitas de funcionários da área sanitária dos países para os quais queremos exportar.
A Argentina é compradora de carne suína brasileira, mas, nos últimos anos, deixou de ser cliente importante, pois, por restrições financeiras, reduziu suas compras. Já em matéria de carne de frango, os argentinos são concorrentes. Os Estados Unidos são concorrentes do Brasil como fornecedor de ambas as proteínas. A África do Sul é relevante para as vendas brasileiras de carne de frango. Porém, ainda é um mercado fechado para a carne suína. Por isso, precisamos de forte ajuda oficial do Brasil naquele país para remover entraves comerciais.
China, Rússia e Japão são importadores de peso de ambas as proteínas. Dito isso, e lembrando que o Brasil é uma potência no agronegócio, é preocupante o atraso em cerca de seis meses no preenchimento de cargos de adidos agrícolas no exterior. Fomos informados de que o atraso se deve a um problema orçamentário.
P: Entidades como a União Nacional dos Fiscais Agropecuários já se manifestaram junto ao Mapa cobrando uma solução imediata para o problema com a nomeação e posse dos vencedores do concurso. A ABPA pretende fazer uma gestão semelhante?
Francisco Turra: Já nos manifestamos, junto ao ministro Neri Geller, em favor de nomeação imediata dos novos adidos agrícolas. A resposta é que o atraso tem relação com o orçamento. Na conversa com o ministro Neri, ele informou que estava brigando para agilizar a liberação de recursos e que enquanto isso não fosse possível, ele faria com que os que adidos que regressaram dos postos atuassem no Ministério, aqui no Brasil, em defesa dos interesses brasileiros nos países onde estiveram.
P: Como é a relação entre a ABPA e os adidos agrícolas? A ABPA mantém contatos regulares com esses funcionários do governo?
Francisco Turra: A ABPA mantém contatos frequentes com os adidos agrícolas, e pensamos que seria importante expandir a adidância agrícola para mais países.
P: Qual é a avaliação que a ABPA faz da atuação dos Adidos Agricolas naqueles que são os principais clientes do agronegócio brasileiro?
Francisco Turra: A ABPA está satisfeita com o trabalho executado pelos adidos. A função provou, nestes quase sete anos de existência, que é extremamente necessário termos profissionais dedicados às pautas do setor no exterior. Países que também são potências agropecuárias, como os EUA, têm tradição em adidância agrícola.
P: Como a ABPA analisa o fato de o Brasil dispor de Adidos Agrícolas em tão poucos países? A relação deveria ser ampliada? Em caso afirmativo, quais outros países deveriam contar com Adidos Agrícolas brasileiros?
Francisco Turra – Gostaríamos que fosse expandida a rede de adidos agrícolas, pois o Brasil exporta carne de aves para 155 países e carne suína para 70 mercados.