Brasília – Os países americanos têm grande potencial para aumentar o comércio intra-regional de produtos agropecuários, disse nesta quarta-feira (27) a ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) ao apresentar as projeções de crescimento e negócios do agronegócio brasileiro a embaixadores da América Latina e do Caribe. A reunião ocorreu a convite da embaixada da Colômbia em Brasília.
América Latina e Caribe representam hoje 20% do comércio mundial de produtos agropecuários, que foi de US$ 1,147 trilhão em 2014. O Brasil é o maior exportador, responsável por 36% da participação total da região, seguido pela Argentina (16%), México (11%), Chile (8%), Equador (4%) e Peru (3%). Os demais países juntos representam 22%.
Apesar da expressiva participação global, a exportação brasileira de produtos agropecuários para os vizinhos americanos ainda é tímida e tem espaço para crescer, destacou ministra. Os países latinos e caribenhos foram o destino de 6,6% dos produtos agrícolas brasileiros vendidos ao exterior.
Para alavancar esse número, acrescentou a ministra, é fundamental firmar parcerias comerciais, a exemplo do acordo de preferências tarifárias que atualmente o Brasil negocia com o México. A lista de ofertas entre os dois países poderá ser ampliada para mais de 5 mil produtos, sendo 673 agrícolas. “É um acordo muito ambicioso que poderá servir de modelo para a região”, assinalou a ministra aos embaixadores.
Ela enfatizou ainda a importância do acordo sanitário e fitossanitário apresentado pela JuntaInteramericana de Agricultura, em novembro do ano passado. A proposta visa a harmonizar normas de avaliação de risco para facilitar o comércio intra-regional.
A embaixadora colombiana, Patrícia Cárdenas Santamaría, afirmou que seu país tem “grande interesse” em estreitar a relação comercial com o Brasil: “A Colômbia e os demais países americanos e caribenhos têm muitas áreas agrícolas, é um denominador comum entre nós. Por isso, o interesse na aproximação.”
Demanda e oportunidades
Kátia Abreu apresentou aos embaixadores dados que mostram o crescimento da classe média no mundo, fato que vai pressionar a demanda por alimentos nos próximos anos. Para a ministra, América Latina e Caribe podem enxergar oportunidades diante desse cenário.
“Os países americanos têm em comum a vocação para a produção de alimentos e, juntos, podem colaborar com a segurança alimentar mundial”, observou a ministra. “Em 2020, espera-se que a população mundial ultrapasse 7,5 bilhões, enquanto a expectativa é que a disponibilidade de terra cultivável decresça continuamente. Por isso, a palavra-chave é produtividade”.
Brasil, Argentina e Peru, ressaltou Kátia Abreu, são os países americanos que apresentam o maior estoque de terra para acompanhar a necessidade por alimentos do restante do mundo, em especial da Ásia.
Somente o sul e o sudeste asiáticos – que concentram 51% da população e 19% do Produto Interno Bruto do globo – consomem 37% de toda o açúcar produzido, 31% dos lácteos e 28% das aves.
O embaixador do Chile, Jaime Gazmuri, concordou que as Américas desempenham importante papel ao fornecer alimentos aos demais continentes: “O comércio intra-regional americano tem um componente de qualidade, de maior valor agregado. Exportamos mais commodities para a China do que a os demais países americanos.”
Pesquisa e inovação
O Brasil está pronto para cooperar com os demais países latinos e do Caribe em pesquisa, inovação e tecnologia no campo, reforçou Kátia Abreu. Por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o país compartilha conhecimento com as demais nações.
“Deixo aqui uma semente para que possamos pensar nisso também para a América Latina e Caribe: uma grande aliança regional, quem sabe uma biblioteca virtual única com todo conteúdo de inovação agrícola desenvolvido nos nossos países”, sugeriu a ministra.
Participaram do café da manhã, além da anfitriã Patrícia Cárdenas Santamaría, representantes das embaixadas do Uruguai, Argentina, Guatemala, México, Honduras, Nicarágua, Cuba, Chile, Panamá, Venezuela, El Salvador, República Dominicana, Costa Rica, Peru, Bolívia e Paraguai.
Fonte: Mapa