Brasília (Comex-DF) – “O Brasil está saindo da crise mais fortalecido e que isso tem de ser estendido ao comércio exterior”. Ele acredita que, nos próximos quatro anos, a participação das exportações brasileiras no mercado mundial deve passar dos atuais 1,3% para algo em torno de 1,6%, “o que significaria que o País teria de estar exportando entre US$ 210 bilhões e US$ 230 bilhões”. A afirmação é do presidentee da Agência aBrasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Alessandro Teixeira.
Segundo Alessandro Teixeira, a melhor opção para os empresários atingirem essa nova porcentagem é por meio das tradings, que podem organizar e fortalecer o segmento, além de ampliar o suporte às pequenas empresas que já exportem ou têm potencial para iniciar vendas a outros países. “As tradings podem ser o centro da promoção comercial, tendo como meta dar um salto para a modernidade do serviço de exportação e de divulgação da imagem do Brasil no exterior”, disse Teixeira.
Na opinião de Paulo Protásio, presidente da Associação Brasileira de Tradings (Abece), o mais importante é que os empresários brasileiros cheguem ao nível de percepção do valor da atividade comercial.
“O segmento deveria ser um dos lugares onde o Brasil tem a necessidade de investir, pois essa força é quem vai fazer a conquista de mercados. Não adianta ter uma base muito grande industrial, sem a logística das tradings, que possuem infraestrutura, meios de conquistar mercados e entregar materiais”, explicou Protásio.
De acordo com informações do jornal DCI (20/01), as tradings brasileiras faturaram US$ 20,7 bilhões com exportações em 2008, o que representa 10,5% do total da receita do País com vendas internacionais, segundo dados da Apex em parceria com a Fundação Getulio Vargas. No setor de importações, o Brasil comprou US$ 30,5 bilhões por meio das tradings e exportadoras, ou 18,2% do total no ano.
De acordo com o estudo, houve um aumento nas vendas das tradings em 2008, uma vez que em 2007 a receita estava em US$ 16,39 bilhões – os dados incluem vendas das tradings e também das empresas denominadas comerciais exportadoras.
O levantamento aponta, ainda, que existem no Brasil 5.670 tradings e comerciais exportadoras. A maioria das exportações delas, em 2008, foi de máquinas e equipamentos, com 37%, seguida de alimentos, com 13%, produtos têxteis, vestuário e calçados, também com 13%, e artigos de casa e construção, com 12%. O estado que concentra a maior parte das tradings (48%) é São Paulo, seguido pelos estados do sul do País.
A Apex vem buscando novas estratégias para promover o aumento das exportações brasileiras. Uma dessas alternativas – o Projeto Tradings – se concretiza em envolver as comerciais exportadoras e tradings, empresas e compradores internacionais. A meta é aumentar para 10%, em 2010, o número de micro e pequenas empresas exportadoras em relação a 2008. Nesse ano, elas foram 11.120 empresas, responsáveis por 1,2% das vendas no período.
Na opinião de José Augusto de Paula, presidente da Milenia Trading, existem inúmeras oportunidades no mercado internacional não acessíveis ao pequeno e médio empresário por falta de uma estrutura de apoio especializada que viabilize suas operações comerciais.
“O pequeno e médio empresário consegue colocar sua empresa em operação, no comércio internacional, de 6 a 8 meses. Desta maneira, iremos bater a meta da Apex, em 10% neste ano. Contudo, se não houver uma política de crédito do governo para o pequeno e médio exportador, de nada irá adiantar. Temos de dar um ‘fôlego’ para esse nicho de mercado. Assim, uma empresa pode crescer e não fechar”.
“Ao exportar via tradings, o pequeno empresário consegue driblar algumas carências, como a falta de pessoal preparado e de recursos financeiros. Por outro lado, otimizamos o acesso à diversidade de produtos brasileiros internacionalmente”, acrescenta.
O ex-ministro Delfim Neto, um dos grandes especialistas brasileiros no tema, destacou a regulamentação deste segmento que buscou dar um serviço eficiente para pequenas e médias empresas e “colocar o mundo à disposição delas”. Para o presidente da Sertrading, Alfredo de Goeye, as tradings não devem ser vistas como intermediárias, mas prestadoras de serviço. “O Brasil não pode ser competitivo por questão cambial. Tem de ser competitivo pela capacidade de inovação, de produção e com capacidade de entrar no mercado”, diz Teixeira.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) quer fortalecer o papel das tradings no País para alavancar o comércio exterior brasileiro.
Fonte: DCI (19/01/2010)