Os caminhos para facilitar o ESG no Comércio Exterior

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A inovação se mostra um meio amigável e prático para transformar a consciência e a vitalidade do comércio internacional, em sinergia com princípios de ESG

André Barros  (*)

Uma das principais reivindicações do mundo empresarial está focada na sustentabilidade, sendo formalizada pela sigla ESG (Environment, Social and Governance), a qual está cada vez mais presente nas discussões do comércio internacional ao avaliar os critérios ambientais, sociais e de governança para empresas de Comex se tornarem mais sustentáveis e responsáveis.

Como exemplo, temos uma das preocupações do Comércio Exterior sendo o frete marítimo, atribuído como o autor da emissão de cerca 2,5% de CO², implicando negativamente na performance ambiental do setor.

A fim de estar atento aos princípios, a agenda ESG é um ponto importante no Comex, funcionando como uma metodologia que avalia o valor de uma empresa com base nos efeitos socioambientais de suas ações e medidas. É a validação de que os lucros não devem estar acima da ética ambiental e social, propondo uma harmonia que tende a ter resultados prósperos para o Compliance das empresas, conduzindo organizações a crescerem sustentavelmente, diminuindo seus riscos ambientais e sociais que podem afetar negativamente seus negócios.

O mundo alerta: precisamos de responsabilidade empresarial 

Sem dúvidas, o ESG vem se tornando indispensável para empresas com relações comerciais internacionais ao analisar seus riscos e decisões de investimentos. Além de promover a consciência empresarial, a régua do ESG quer nivelar a ética corporativa e garantir que o crescimento econômico não esteja interferindo em nossos recursos naturais, caso contrário, não são funcionais para um contexto macro.

Reparando mais a fundo no cenário do Comex, muitas questões ambientais estão envolvidas: transportes marítimos, aéreos e terrestres, com significativa emissão de gases de efeito estufa, produção em massa com quantidades substanciais de recursos naturais, poluição de águas devido a operações portuárias má geridas, entre outros.

Ainda que normas ambientais sejam diferentes de país para país, esses problemas comuns e não recentes ferem globalmente políticas de Compliance, reforçando o discurso do ESG para certificar que os movimentos dentro do Comex estejam sendo feitos com transparência e de forma adequada com a saúde do planeta.

Financeiramente falando, empresas podem ser multadas quando suas ações causam danos ambientais, aumentando custos para reparo de suas ações, além de estarem suscetíveis a restrições comerciais, impactando seus investimentos e planos de parceria.

No Brasil, temos o maior complexo portuário da América Latina, o Porto de Santos, um grande eixo para as movimentações internacionais do país. Recentemente, uma nova agenda intitulada de “Manifesto ESG” foi lançada para promover práticas de sustentabilidade, um documento assinado pela APS (Autoridade Portuária de Santos), prefeituras da região e empresas participantes do complexo portuário durante o mês de abril. Sendo importante para democratizar o discurso da ESG, este passo evidencia a distância e o receio que muitas empresas ainda sentem ao adaptarem-se aos modelos da ESG.

Como o Comex pode se aproximar do ESG?

A carência de estrutura é o grande desafio que empresas de Comex enfrentam para implementar os princípios de ESG, sendo afetadas pelo ritmo de competividade do mercado. Os altos custos podem surpreender à primeira vista, mas são necessários para evitar impedimentos de investimentos, ter um desenvolvimento sustentável e não sofrer com barreiras comerciais, afinal, o ESG tornou-se uma grande exigência para fazer negócios com países estrangeiros, um passo essencial para o fluxo do Comex, impactando importadoras e exportadoras.

Além de necessário, implantar os critérios de ESG é também uma obrigação, já que, além das questões devidas de saúde ambiental e compromisso social com o desenvolvimento sustentável, importadoras e exportadoras que ainda não se adaptaram estão perdendo oportunidades de negociações e tendo prejuízos maiores.

Ao buscar práticas mais sustentáveis, corporações estão aprimorando suas reputações de mercado, otimizando relações com investidores e aumentando a lealdade de seus serviços internacionais. Entende-se, com isso, que a transição para atender padrões ESG possuem benefícios duradouros e com estratégias que atendem uma gestão mais atraente não só para a responsabilidade corporativa, mas também para investimento na saúde do mundo.

Sabendo que a transição não é fácil e requer decisões com mudanças significativas, o ESG precisa ser incorporado no Comex de acordo com processos holísticos e integrados, ou seja, com transparência, robustez e auditoria em suas operações de importação e exportação. A busca por esta resiliência encontra sustento nas novas tecnologias de mercado, que auxiliam na gestão das metas e conseguem orientar estrategicamente as implementações e questões financeiras.

Soluções de logística, de Compliance e de automação de processos, são alguns exemplos de inovações que podem facilitar o cumprimento da conformidade com a ESG, estando de acordo com uma política de governança transparente e sadia para todos os níveis de contato que o Comex tem com o meio ambiente e com esferas sociais.

Para finalizar, é importante comentar que importações e exportações clamam por esta inovação sustentável que o ESG propõe e, em plena era digital, a tecnologia torna-se uma ferramenta de ouro para cumprir as exigências do manifesto, agregando visão de negócio e impulsionando o crescimento das empresas, sem deixar de olhar para um contexto maior. Por mais que os passos ainda estejam lentos, o ESG já é uma pauta que começou há anos e precisa da inovação para que empresas adaptem seus moldes empresariais e sigam seus processos para alcançarem um futuro mais consciente e mais verde.

(*) André Barros é CEO na eCOMEX NSI

 

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