São Paulo – O ministro da Economia dos Emirados Árabes Unidos, Sultan bin Saeed Almansoori, afirmou que seu país vê o Brasil como importante parceiro para a segurança alimentar no Oriente Médio. Ele acrescentou ainda que tem interesse em promover negócios entre as empresas dos Emirados e do Brasil na área de processamento de alimentos. As declarações foram dadas em entrevista exclusiva à ANBA, durante o Fórum Econômico Brasil – Emirados Árabes Unidos, que aconteceu nesta sexta-feira (01), na capital paulista.
“A região do Oriente Médio demanda muitos produtos que vêm do Brasil. Os alimentos estão entre eles e a segurança alimentar é muito importante para nós. Nós vemos o Brasil como um importante parceiro para o processo de segurança alimentar que estamos criando no nosso país para nossa região”, destacou.
Os alimentos já são o principal item da pauta de exportação do Brasil aos Emirados. Somente em 2012, as vendas de alimento ao país árabe somaram mais de US$ 1,5 bilhão. No entanto, não é só no comércio de comida que os Emirados estão interessados.
“Buscamos o potencial futuro do Brasil para a nossa indústria de processamento de alimentos. Poderíamos criar uma parceria estratégica conjunta com as empresas brasileiras e, por meio dela, não somente comercializar para o Oriente Médio, mas para o resto do mundo”, ressaltou o ministro.
Para ele, os dois países juntos possuem os elementos necessários para uma cooperação de sucesso. “Considerarmos que há a disponibilidade de produtos agrícolas aqui e nós temos a capacidade de investimento e financiamento. Outra parte importante da nossa fórmula é que nós temos uma forte capacidade de comercialização no mundo. Quando temos estes três itens juntos, criamos uma parceria muito forte”, avaliou.
Durante o seminário, Almansoouri lembrou que seu país possui a quinta maior reserva de petróleo no mundo, mas afirmou que isto não é o fator mais relevante para os Emirados. “O que importa para nós é como diversificar nossa economia. Hoje, os setores não petrolíferos, incluindo comércio, logística, serviços financeiros, aviação, turismo, hospitalidade, pequenas e médias empresas, setor imobiliário e construção são os motores primários da nossa economia”, falou à plateia.
Para Marcelo Sallum, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que organizou o evento em parceria com a embaixada dos Emirados Árabes em Brasília, além do comércio bilateral, os investimentos devem ser estimulados entre os dois países. “Nós temos grandes projetos de infraestrutura e demandamos capital. Entendemos que além do comércio, existe também uma oportunidade muito grande para investimentos”, afirmou.
Ele ressaltou, porém, que ainda existem barreiras para que estes investimentos sejam ampliados. “Basicamente, nós temos a demanda por um acordo bilateral de investimentos. É um acordo pleno, que envolve a discussão junto à área fiscal dos dois governos, mas podemos criar alguns acordos que pelo menos facilite e deem um pouco mais de tranquilidade aos investidores. A Câmara Árabe está trabalhando junto ao governo brasileiro nesse sentido e a gente acredita muito que isso pode trazer benefícios enormes aos dois países”, avaliou.
No evento, Michel Alaby, diretor geral da Câmara Árabe, ressaltou que a entidade já participou de mais de 15 missões comerciais nos Emirados e que está trabalhando por outro acordo de interesse do país do Golfo. “A Câmara Árabe está empenhada, junto ao governo brasileiro, para que haja um tratado para evitar a bitributação do imposto de renda nos tratados binacionais”, disse.
O economista Antônio Corrêa de Lacerda apresentou um panorama da economia brasileira. Ele lembrou que, em 2012, o Brasil foi o quarto país do mundo em recebimento de investimentos estrangeiros diretos, somando US$ 65,2 bilhões. Ele destacou ainda que o País tem potencial para aumentar seu PIB de 3% a 4% nos próximos anos.
Carlos Leopoldo, chefe da divisão do Oriente Médio II do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, destacou que ainda em novembro irá ocorrer uma visita do vice-presidente brasileiro, Michel Temer aos Emirados. Entre as questões que ele irá tratar no país está a facilitação de vistos para empresários e executivos entre as duas nações.
Também participaram do evento Rodrigo de Azevedo Santos, diretor do departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Itamaraty; Carlos Márcio Bicalho Cozendey, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda; Sultan Alkaitoob, embaixador dos Emirados Árabes Unidos em Brasília; Ângela Martins, gerente regional para a América Latina do National Bank of Abu Dhabi; e o embaixador Paulo Cordeiro de Andrade Pinto, subsecretário geral de política do departamento da África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
Fontre: ANBA