Mercosul se reúne na Venezuela em momento de forte queda no comércio entre membros do bloco

Compartilhe:

Da Redação

Brasília – os chefes de Estado dos países do Mercosul e Associados estarão reunidos nesta terça-feira (29), em Caracas, no momento em que o bloco integrado pela Argentina, Brasil, Paraguai, Venezuela e Uruguai atravessa uma das mais difíceis fases de sua história. Vivendo um momento marcado por fragilidades e incertezas políticas, o Mercosul também atravessa momento delicado em seu comércio exterior.

Em relação ao Brasil, as exportações para os demais sócios do Mercosul caíram 12,19% no primeiro semestre deste ano, comparativamente com igual período do ano passado. Por sua vez, as vendas dos outros quatro sócios para o Brasil tiveram uma retração de 15,57%. Com exportações e importações em baixa, o Brasil aumentou em 9,34% o superavit acumulado com o Mercosul no período.

Os países-membros do Mercosul sempre foram uma importante fonte de saldo para o Brasil em sua balança comercial. E mais que gerar superávits, os quatro países se destacaram por figurar entre os principais clientes da indústria brasileira na exportação de bens manufaturados, de maior valor agregado.

O auge das trocas do Brasil com os demais sócios do Mercado Comum do Cone Sul aconteceu em 2011. Naquele ano, as exportações brasileiras para a Argentina, Paraguai, Venezuela e Uruguai somaram US$ 27,857 bilhões, enquanto as vendas desses países ao Brasil totalizaram US$ 19,376 bilhões. Foi também o ano em que o Brasil registrou o maior saldo no comércio com o bloco: US$ 8,477 bilhões.

A partir de 2012, as exportações brasileiras para o Mercosul iniciaram uma curva descendente e alcançaram a cifra de US$ 22,802 bilhões, enquanto as vendas dos outros países para o Brasil se mantiveram praticamente estáveis. Ano passado, o Brasil exportou para o Mercosul mercadorias no montante de US$ 24,683 bilhões e importou bens no total de US$ 19,259 bilhões.

Com aa crise aguda na Venezuela marcada pela escassez de dólares para arcar com as importações e ameaça cada vez mais crescente de a Argentina entrar em default junto à comunidade financeira internacional, dificilmente o intercâmbio entre o Brasil e o Mercosul atingirá este ano o patamar registrado no ano passado. De janeiro a junho de 2013, as exportações brasileiras para os quatro países somaram US$ 10,703 bilhões. Este ano, caíram para US$ 10,277 bilhões (-12,19% no período).

Mais forte ainda foi a contração das exportações da Argentina, Paraguai, Venezuela e Uruguai para o Brasil: 15,57%. Elas passaram de US$ 10,115 bilhões nos seis primeiros meses de 2013 para US$ 8,539 bilhões em idêntico período deste ano. Com exportações e importações em queda, o Brasil obteve um aumento de 9,34% no intercâmbio comercial com seus sócios e vizinhos no primeiro semestre deste ano.

Automóveis e outros bens

Os automóveis de 1,5 mil cilindradas foram os principais responsáveis pela queda nas exportações brasileiras para o Mercosul. As vendas, para a Argentina principalmente, passaram de US$ 1,445 bilhão exportados no primeiro semestre de 2013 para Us$ 1,009 bilhão vendidos este ano, uma queda de 30,22%. Já os chamados veículos populares, com 1 mil cilindradas, apresentaram queda de 24,23% no período e passaram de US$ 558 milhões exportados em 2013 para pouco mais de US$ 422 milhões vendidos este ano.

Igualmente acentuadas foram as quedas nas exportações de tratores rodoviários para semi-reboques (-32,20%) que foram reduzidas a US$ 153 milhões este ano após terem gerado receita da ordem de US$ 226 milhões no primeiro semestre do ano passado. Maior ainda foi o tombo (39,57%) nas exportações de outras partes e acessórios de carroçarias para automóveis. Elas passaram de US$ 221 milhões em 2013 para US$ 133 milhões de janeiro a junho deste ano.

De positivo, a pauta exportadora brasileira para o Mercosul apresentou vendas de US$ 353 milhões de óleos brutos de petróleo, item que não apareceu nas estatísticas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) relativas ao primeiro semestre do ano passado. Igualmente relevante foi o aumento de 48,44% nas vendas de óleo diesel, que cresceram de US$ 181 milhões no primeiro semestre do ano passado para US$ 268 milhões em idêntico período deste ano.

Importações também em baixa

As exportações dos membros do Mercosul para o Brasil igualmente atravessam fase marcada por fortes baixas. Dois dos principais itens na pauta exportadora (da Argentina em especial) para o Brasil tiveram queda acentuada no primeiro semestre deste ano: automóveis e trigo.

As exportações de automóveis com 1 mil cilindradas despencaram 56,63%, passando de US$ 594 milhões no primeiro semestre de 2013 para US$ 258 milhões este ano. Já os carros de 1,5 mil cilindradas caíram 27,43%, passando de US$ 692 milhões exportados em 2013 para US$ 502 milhões este ano. Enquanto isso, as vendas de trigo e misturas de trigo foram reduzidas em 44,17% e somaram US$ 561 milhões este ano, depois de terem totalizado mais de US$ 1,004 bilhão no ano passado.

Também apresentaram queda as exportações de naftas para petroquímica. A redução nas exportações foi da ordem de 48,42%, passando de US$ 357 milhões no primeiro semestre de 2013 para pouco mais de US$ 184 milhões nos primeiros seis meses deste ano.

Digna de registro a alta acentuada (+ 420,97%) nas exportações de soja, que somaram US$ 177 milhões este ano, contra pouco mais de US$ 34 milhões vendidos ao Brasil no primeiro semestre do ano passado.

Tags: