São Paulo – As exportações brasileiras devem superar US$ 180 bilhões neste ano. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) já dá sinais de que poderá revisar para cima a meta estabelecida no mês de junho.
“A projeção de US$ 180 bilhões, 17% a mais que em 2009, foi anunciada em junho como revisão da meta original, que era de US$ 168 bilhões. Em junho, o cenário sobre a União Europeia gerava muitas incertezas. A crise fiscal na Grécia tinha se agravado, assim como na Espanha e em Portugal, e preferimos colocar um número mais conservador. Agora, porém, o próprio mercado já aponta algo na casa de US$ 190 bilhões para nossas vendas externas, o que é possível se mantivermos o ritmo de crescimento que observamos nos primeiros sete meses. É um número factível, mas ainda abaixo do registrado em 2008 (US$ 198 bilhões)”, afirmou Fábio Martins Faria, diretor do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior do MDIC. Ele participou nesta sexta-feira (13/08) do comitê de Comércio Exterior da Amcham-São Paulo.
De janeiro a julho, as exportações totalizaram US$ 106 bilhões, uma expansão de 27,1% em relação ao mesmo período de 2009. No acumulado do ano, os produtos básicos e semimanufaturados foram os que tiveram a maior participação na pauta de vendas ao exterior, um total de 71,6% ou US$ 61,5 bilhões (sendo US$ 46,6 bilhões de básicos e US$ 14,9 bilhões de semimanufaturados), com crescimentos respectivos de 30,3% e 41,3% sobre os sete primeiros meses do ano passado.
“Isso se deve aos preços das commodities em elevação no mercado internacional, como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas. O Brasil se beneficia por ser rico em recursos naturais e por ter uma agricultura competitiva”, comentou Faria.
Manufaturados
A preocupação do MDIC se concentra no menor dinamismo observado na exportação de manufaturados, segmento que detém uma fatia de 40,2% (US$ 42,9 bilhões) e se ampliou de modo menos vigoroso do que os demais produtos (19,2% sobre janeiro a julho de 2009). “Pode haver uma relação com a moeda, com a taxa de câmbio, mas há outros desafios à competitividade de ordem bastante variável.”
Entre esses desafios, apesar de pontuar muitos avanços no caminho da facilitação e desburocratização do comércio exterior, o diretor do MDIC cita em especial a necessidade de aceleração de projetos de infraestrutura. “Há um trabalho grande a ser feito na área de logística, muito onerosa no Brasil. Precisamos melhorar os portos, hoje defasados, e avançar nas ferrovias e hidrovias, modais mais econômicos, além de rodovias de melhor qualidade. Os investimentos estão sendo feitos, mas o tempo de maturação é mais longo do que precisamos.”
Ele lembra ainda que, para o Brasil conquistar mais espaço no comércio internacional, outros temas precisarão continuar na agenda de governo, como estímulo à inovação, reforma tributária e qualificação de mão de obra.
Superávit em queda
De janeiro a julho, o País registrou US$ 97,6 bilhões em importações, 45,1% a mais na comparação com o mesmo período de 2009, um desempenho bastante superior ao das exportações (com expansão de 27,1%). Como resultado, o superávit comercial teve queda de 45,1%, em relação a esses sete meses do ano passado, atingindo US$ 9,2 bilhões.
“O superávit comercial vem caindo e esse cenário tem de ser olhado com atenção. Por enquanto, não é preocupante porque o País tem conseguido atrair capitais por investimentos diretos e aplicações financeiras. Mas o Brasil deve continuar com a meta de crescer o comércio de forma equilibrada para que não volte a ter problemas de balanço de pagamentos como no passado”, avaliou.