Macrotendências: para viagens longas, turistas querem exclusividade, luxo e curtição

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Brasília – Quem quer desenvolver projetos consistentes no turismo deve ficar de olho nas macrotendências. Elas moldam o consumo, os comportamentos socioeconômicos e culturais que levam anos para serem alterados, ficando por um bom tempo no gosto do turista. É um importante indicador para o mercado. Para ajudar o setor a construir alternativas que se adequem ao desejo dos viajantes, o Ministério do Turismo (MTur) lançou a 5ª edição da revista eletrônica “Tendências do Turismo”.

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Viagens mais longas, quando o turista não tem pressa para voltar para casa; mais sustentáveis, com opções que o turista conhece, mas não interfere no meio ambiente; experiências personalizadas e aquelas que oferecem opção de saúde e bem-estar estão na lista das macrotendências. O turismo de luxo também despontará nos próximos anos.

Entender as movimentações do turista coloca quem atua no setor um passo à frente para atender e melhorar a experiência das viagens, como ressalta o ministro do Turismo, Celso Sabino. “Para o turista, conhecer as tendências significa saber escolher a melhor experiência para não desperdiçar tempo e dinheiro. Para o setor, esses indicadores são primordiais para desenvolver experiências turísticas cada vez mais seguras, sustentáveis e encantadoras”, afirma.

Sem pressa de voltar

 

O conceito Slow Travel, que é um termo em inglês para definir uma viagem mais longa, sem pressa de voltar e com menos obrigações, aparece entre os novos comportamentos do viajante.

Segundo a revista Tendências do Turismo do MTur, esta macrotendência tem ganhado cada vez mais adeptos, principalmente aquele público que se sente mais sobrecarregado no dia a dia. São tipos de viagem que se destinam às pessoas com mais flexibilidade de trabalho, adeptas do trabalho remoto, com disponibilidade de recurso financeiro ou que pretendem viajar em família.

A turismóloga e CEO do Grupo Vivejar, Marianne Costa, explica que essa macrotendência veio forte após os períodos de restrição impostos pela pandemia da Covid-19. “Vejo muitas famílias planejando experiências assim com seus filhos, principalmente aquelas que moram em grandes centros. No Brasil, recomendo bastante a Amazônia, Pará, Amazonas e grande parte do Nordeste brasileiro. Têm lugares lindos, pessoas receptivas e uma cultura diferenciada”, destaca a especialista.

Consciência ambiental

Quando se fala em experiências cada vez mais sustentáveis, os destinos brasileiros largam na frente e os turistas buscam, cada vez mais, esse tipo de oferta. De acordo com Marianne Costa, a urgência climática fez com que este tipo de turismo despontasse no mundo. “Toda a humanidade sente seus efeitos e boa parte dela está se conscientizando que precisa mudar seus hábitos de consumo, e isso também inclui as viagens. Costumo dizer que viagens mais responsáveis são como os alimentos orgânicos: trazem mais benefícios para quem produz, quem vende e quem consome”, ressalta a especialista.

Experiências personalizadas

Tornar a viagem um momento único também é uma macrotendência apontada pela Revista. A visita em locais onde pouca gente pode ir, com passeios individualizados em ambientes fora das rotas comuns, tem ganhado força nos últimos tempos. Para a curadora de hospitalidade, Simone Scorsato, existe uma tendência de ultra personalização dos serviços de turismo. “Consiste em entender o perfil daquele viajante, antes mesmo que ele chegue ao hotel, ou ao destino, e criar experiências personalizadas diante das expectativas daquele consumidor”, detalha Simone.

Estão na lista dessa macrotendência a ultra personalização de serviços; atrativos icônicos com atividades exclusivas em lugares extraordinários, como observação do sol, das estrelas, do mapa galáctico; viagens de barco com roteiros personalizados; eventos de gastronomia com jantares customizados e em lugares diferentes, como no pé da montanha, perto da cachoeira.

“Além disso, tem os safaris, com a possibilidade de observação da fauna e flora; as experiências ligadas ao bem-estar, que incluem sessões de Ioga; prática de esportes, além do turismo cultural realizado em pequenos grupos ou de forma individual”, observa a especialista.

Saúde e bem-estar

É uma macrotendência que merece uma atenção especial por ser mais um hábito de consumo que se reflete no ato de viajar e que deve fazer parte dos roteiros nos próximos anos.

A turismóloga, Marianne Costa, lembra que esta tendência já começou a ser percebida pelo setor e que cada vez mais os hotéis, resorts e destinos estão oferecendo opções que envolvem a saúde do turista. “Acho que é papel do mercado desenhar uma oferta que inclua essas necessidades e não o contrário. O turista vai continuar querendo ir para Amazônia, mas que tal se ele puder começar o dia com uma prática de yoga ou meditação depois de um suco detox feito com ingredientes locais? Ou até uma massagem relaxante pós dia de praia e atividades? Encerrar o dia com um piquenique no pôr do sol? É importante que tudo isso esteja no cardápio ofertado. Não podemos nos limitar ao feijão com arroz”, pontuou Marianne.

Turismo de luxo

Uma tendência permanente observada pela revista é concilia as viagens com opções de experiências de luxo. Porém, longe de ser ligado à ostentação e glamour, mas com um conceito de exclusividade, como reforça a turismóloga Marianne Costa.

“Precisamos repensar o que é luxo. Para muitos significa ostentação, mas as tendências nos mostram que no turismo é muito mais sobre exclusividade, atenção aos detalhes e sobre se sentir cuidado. É isso que o turista deseja no fim das contas, se sentir especial. Isso pode ser feito sem grande investimento de dinheiro, mas sim de cuidado e atenção aos detalhes, desde o momento da chegada no destino”, explica a turismóloga.

A sugestão da especialista é focar em detalhes de receptivo, como por exemplo, colocar uma mensagem no quarto com presentes de boas-vindas. “Minha dica é sempre provocar os cinco sentidos e isso não significa grandes investimentos”, completa.

(*) Com informações do MTur

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