São Paulo – A Kepler Weber, fabricante brasileira de sistemas para armazenagem agrícola, criou um silo com foco no mercado africano. O produto é próprio para pequenas propriedades rurais e possui um sistema de aeração movido à energia solar. O equipamento foi desenvolvido pensando principalmente nos países da África Subsaariana, região onde grande parte dos agricultores não tem acesso à energia elétrica.
O gerente de comércio exterior da Kepler Weber, Antônio Campos, conta que há cerca de um ano o diretor vice-presidente e de Relações com Investidores da Kepler Weber, Olivier Colas, fez um recorrido pelo mercado africano com o objetivo de detectar potencialidades e necessidades. Depois disto, a empresa desenvolveu o silo chamado de Kikapu, que em swahili significa “cesto”, usado para armazenar alimentos e produtos da colheita.
“Na África Subsaariana, 70% das propriedades tem em média cinco hectares”, afirma Campos, complementando que o objetivo era atender esta demanda com um produto que recebesse o grão e o processasse, removesse a sua umidade. O principal produto cultivado por estas pequenas propriedades é o milho. E o sistema de aeração do silo ajudará a secá-lo.
Campos explica que se o produto é deixado na lavoura até que fique bem seco ocorre o ataque de pragas. Já para que ele seja colhido em uma fase que ainda está protegido das pragas, precisa ter certa dose de umidade, de 18% a 17%. E pode terminar de secar já dentro do silo da Kepler Weber, com a ventilação que o equipamento proporciona. Se o silo não tivesse essa aeração, o milho poderia ter problema com fungos.
O painel solar que alimenta a ventilação do grão é fotovoltaico. Campos afirma que com o equipamento o produtor não terá que vender o produto na alta da oferta, tendo que receber um preço menor. Na África Subsaariana, explica o gerente, normalmente os agricultores usam parte do produto para consumo próprio e outra parte para comercialização. A Kepler Weber desenvolveu o silo em três tamanhos, mas vai comercializar inicialmente o de seis toneladas.
O produto foi lançado, em parceria com a representante da Kepler Weber para o Leste Africano, a Brazafric, no começo deste mês, num fórum sobre agricultura no Quênia. Ele será exposto em um seminário da União Africana sobre o impacto das mudanças do clima na África, em novembro, em Adis Abeba, na Etiópia. A empresa deve aproveitar para, na mesma época, fazer outro encontro no país e também na Tanzânia.
Campos acredita que não haverá grande demanda para este silo nos países árabes, já que grande parte deles – com exceção de alguns como Marrocos e Egito – não é produtor agrícola. E neles, o perfil das propriedades é de médio porte. Algumas nações árabes, porém, como Ilhas Comores, Djibuti e Somália, integram algumas classificações de países da África Subsaariana.
O gerente de comércio exterior da Kepler Weber afirma que a empresa estipulou um teto de preço para o produto ao consumidor final, que é de US$ 4,5 mil, mas que ele pode ser menor. A indústria espera vender o silo em canais de distribuição comercial e também em grandes quantidades para iniciativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e organizações não-governamentais (ONGs).
A Kepler Weber é líder no segmento de armazenagem na América do Sul e a maior produtora de sistemas completos de armazenagem de grãos do mundo. No ano passado, a empresa teve receita líquida de R$ 594,8 milhões, com crescimento de 40,1% sobre o ano anterior. O lucro líquido cresceu 98,5% na mesma comparação para R$ 62,1 milhões. As fábricas da empresa estão no Rio Grande do Sul e no Mato Grosso do Sul.
Fonte: ANBA