Kátia Abreu constata forte interesse estrangeiro em agronegócio e infraestrutura no Brasil

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(Fotos: Priscilla Mendes / Mapa)
(Fotos: Priscilla Mendes / Mapa)

Brasília – As viagens internacionais da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Kátia Abreu, são um termômetro para medir o interesse de empresários estrangeiros em investir no Brasil, principalmente no agronegócio e em projetos de infraestrutura. Ela apresentou o potencial de crescimento da produção nacional, especialmente no Matopiba, (região formada pelos estados do Maranhã, Tocantins, Piauí e Bahia) e destacou a prioridade que o governo vem dando ao escoamento de alimentos pelo chamado Arco Norte.

Desta vez, a ministra constatou, durante missão de 6 a 19 de novembro, que Arábia Saudita, Emirados Árabes, Índia e China foram receptivos à possibilidade de investimentos no país e de abrirem seus mercados a produtos brasileiros. Entre as conquistas obtidas pela missão, estão o fim do embargo saudita à carne bovina e a habilitação pela China de sete novas plantas frigoríficas para exportação.

Árabes querem investir em alimentos


Kátia Abreu afirmou que os países árabes podem contar com o Brasil como fornecedor estável e seguro de alimentos, uma vez que os governos da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes decidiram parar de produzir grãos devido à escassez de água em seus territórios.

Grandes traders e holdings árabes do ramo alimentício demonstraram interesse em investir no Matopiba, como as sauditas Salic, Al Munajem Group e Arasco e as emiráticas Al Dahra e Al Ghurair Investments.

“Começamos a mapear quais países seriam escolhidos para essa parceria em prol da segurança alimentar do nosso povo. Entre as condições estavam boa relação com a Arábia Saudita, estabilidade política e oportunidades de produção. O Brasil reúne todas essas condições, é um país amigo e estável”, disse Abdullah A. Al-Dubaikhi, o presidente da Salic – empresa que pretende investir em produção de milho, soja, açúcar e carne vermelha no Brasil.

Interessada em importar arroz, frutas, vegetais e ração, a empresa Al Dahra enviará ao Brasil uma missão técnica para identificar oportunidades de investimento em agropecuária. “Não temos água suficiente para alimentar o Oriente Médio e a solução é firmar parcerias. O Brasil é país muito importante para nós. Sei que agora estamos com as pessoas certas e estamos animados para dar início à nossa cooperação”, disse o CEO Abdulmalik Abdullah Al-Husseini.

Oportunidades de Investimento 


Kátia Abreu afirmou aos empresários e às autoridades dos dois países que o Matopiba terá um projeto específico de desenvolvimento e destacou que o Plano de Investimento em Logística (PIL) prevê R$ 198,4 bilhões em concessões de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, melhorando a logística de escoamento da produção de alimentos.

O Mapa enviará aos empresários árabes planos de negócios sobre diversas atividades que podem ser praticadas no Matopiba, como irrigação, cultivo de frutas, criação de peixes e bovinos e florestas plantadas.

O ministro da Agricultura do Reino da Arábia Saudita, Abdulrahman Al Fadhly, disse estar “ansioso” para conhecer melhor o potencial produtivo do Matopiba e destacou a necessidade de colocar investidores brasileiros e sauditas em contato direto. “É um projeto excelente, estou entusiasmado”, assinalou

.

“Temos condições de atendê-los com alegria e humildade. Temos clima, pesquisa, inovação e, além de tudo, a vocação dos brasileiros em produzir alimentos”, respondeu Kátia Abreu.

Expansão comercial 


Na Índia e na China, a principal mensagem levada pela ministra Kátia Abreu a autoridades governamentais e empresários foi a necessidade de se ampliar o comércio e combater o isolamento.

Em Pequim, a ministra destacou a necessidade de o Mercosul e a China avançarem em um acordo de preferências tarifárias, assunto que foi levado também à reunião com o presidente da Companhia Nacional Chinesa de Cerais, Óleos e Gêneros Alimentícios (COFCO), Patrick Yu.

O executivo afirmou que a Cofco – maior empresa chinesa em industrialização, processamento e comércio de alimentos – “tem interesse em participar do processo de desenvolvimento da Região Norte”. De acordo com Yu, os negócios com o Brasil deverão se ampliar nos próximos anos, especialmente no processamento de açúcar e na importação de carnes.

Kátia Abreu se reuniu com ministro da Agricultura Chinês, Han Changfu.
Kátia Abreu se reuniu com ministro da Agricultura Chinês, Han Changfu.

“Sempre vamos acompanhar as oportunidades no Brasil e esperamos que nosso negócio seja cada vez mais próspero e desenvolvido em lácteos, carnes e outros setores”, afirmou Patrick Yu.

Na capital indiana, Kátia Abreu defendeu a parceria entre os dois países no comércio internacional. “Índia e Brasil não devem se encarar como competidores, mas como parceiros”, como comentou. Na avaliação da ministra, cabe aos líderes governamentais mostrar aos produtores agrícolas que o “isolamento não é bom para ninguém” e reforçar a necessidade de ampliar o comércio bilateral entre os dois países.

O ministro das Ferrovias da Índia, Suresh Prabhakr Prabhu, disse que seu país vê o Brasil como um “parceiro natural” e apoiou a iniciativa brasileira de ampliar o Acordo de Preferências Tarifárias Fixas Mercosul-Índia. O assunto também foi tratado com a ministra do Comércio e Indústria da Índia, Nirmala Sitharaman.

“Estou muito impressionada com o potencial da agropecuária brasileira e gostaria de ter uma relação mais abrangente com o Brasil”, disse Sitharaman.

A ministra negociou um acordo de cooperação entre a empresa indiana UPL e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para estimular a produção no Brasil dos chamados pulses, que são leguminosas em grãos, como grão de bico, lentilha e feijão.

O governo indiano prevê que o consumo das leguminosas em grãos naquele país vai explodir nos próximos anos, e o Brasil é um dos poucos países que têm condições de suprir a demanda crescente. A Índia importa anualmente 3,6 milhões de toneladas desses grãos e tem expectativa de chegar a 10 milhões em cinco anos. 

Fonte: Mapa

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