São Paulo – As categorias contempladas pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) foram responsaveis em 2020 por exportações no valor de US$ 196,3 milhões com uma alta de 15% em relação ao total exportado em 2019, da ordem de US$ 171 milhões. Em volume, o aumento foi ainda mais significativo: 52%, somando 158 mil toneladas de produtos vendidos ao exterior.
“Em 2020, a crise provocou alta demanda por produtos de primeira ordem na alimentação como farinhas, misturas, macarrão, massas instantâneas, pão de forma, além de alimentos congelados. Destacamos o pão de forma, que triplicou o faturamento em exportações em 2020, tendo como destino principal os países da América do Sul”, contextualiza Claudio Zanão, presidente-executivo da Abimapi.
Para 2021, a associação espera sustentar o crescimento destas categorias, projetando um aumento médio de ao menos 10% frente a 2020, tendo em vista a permanência do período da pandemia e eventual crise financeira em decorrência da Covid-19.
“Manteremos um cuidadoso olhar para a China, entre os mercados-alvo de nosso setor no exterior. Devemos acompanhar o crescimento previsto pelo PIB Chinês de 8,2% em 2021, sustentando um substancial aumento das exportações brasileiras ao país em 2020”, conclui Zanão.
Em 2020 as exportações brasileiras cresceram 120% em valor para a China frente a 2019 – o destino subiu 13 posições e passou a figurar entre os 30 principais do setor no exterior, o segundo no continente asiático atrás apenas do Japão.
Pães & Bolos Industrializados
As categorias movimentaram um total de USD 77,8 milhões de produtos exportados – receita de 34% a mais que em 2019 – resultante da venda de 71 mil toneladas de produtos, totalizando 83% de aumento.
“Estas categorias ganham espaço no mercado devido à praticidade e maior vida útil com destaque para as misturas para pães e bolos, impulsionadas também pelo isolamento provado pela pandemia com aumento de refeições dentro dos lares. Além disso, fatores como qualidade na composição dos produtos e em embalagens, além de bom preço, determinam os bons resultados também para pães de forma e torradas”, destaca Claudio Zanão.
Massas Alimentícias
Foi a categoria que mais se destacou com um aumento expressivo de 159% em faturamento, totalizando USS 24,3 milhões e 29 mil toneladas em volume, 247% a mais que no mesmo período de 2019.
“O macarrão foi um dos alimentos mais consumidos durante a pandemia. Sua crescente popularidade em diferentes culturas ao redor do mundo pode ser atribuída não só à sua deliciosa versatilidade, mas também por ser acessível ao ‘bolso’ da grande maioria de famílias”, diz Zanão.
O Brasil fortaleceu as exportações de massas grano duro em 2020. Apenas para El Salvador, Chile, Venezuela e Estados Unidos, os principais destinos das exportações da categoria no último ano, as vendas somaram USS 15,7 milhões e 22,7 mil toneladas.
Biscoitos
Somaram USS 94 milhões em faturamento e 57 mil toneladas de produtos exportados, apontando estabilidade em volume quando comparado ao mesmo período de 2019.
“A falta de confiança na economia não permitiu grandes investimentos ou compras a longo prazo o que trouxe a racionalização do consumo na categoria”, explica Zanão.
Apesar desse panorama, reforça-se que esta é a categoria mais forte do setor da Abimapi e respondeu por 43,5% do total das exportações brasileiras. Em 2020, as exportações brasileiras de biscoitos cresceram de forma exponencial para mercados importantes na América do Sul, como Bolívia, Chile, Colômbia e Peru, além de destinos no Oriente Médio, como Iêmen e Omã.
Ações de sucesso
O resultado é consequência do trabalho desenvolvido pelo projeto setorial Brazilian Biscuits, Pasta and Industrialized Breads & Cakes, mantido pela Abimapi em parceria com a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), que busca oportunidades que aproximem as empresas do segmento de seus clientes e potenciais parceiros no exterior.
Em 2020, como efeito da pandemia, praticamente todas as ações realizadas migraram do ambiente presencial para o virtual. A exceção foi a feira ISM, ocorrida em fevereiro do ano passado em Colônia, Alemanha, gerando mais de US$ 8,5 milhões em negócios.
Entre março e dezembro, foram realizados diversos webinars abordando conteúdos relevantes com diferentes objetivos: capacitar para reuniões de negócios online, apresentar dados sobre mercados potenciais, atualizar os impactos da pandemia nos negócios internacionais, informar os diferentes operadores e os serviços para facilitação das operações de comércio exterior, entre outros, como inspirar as empresas com cases do setor que vivenciaram a recente experiência de suas primeiras exportações. Ao todo, foram mais de 20 encontros virtuais foram realizados e as discussões promovidas estão disponíveis no Canal do YouTube da associação.
O projeto setorial promoveu mais de 10 entrevistas virtuais, incluindo o debate com as Embaixadas do Brasil em Bogotá (Colômbia), Lima (Peru), Montevidéu (Uruguai), Buenos Aires (Argentina), Cidade do Panamá (Panamá), Cidade do México (México), sobre a realidade, o dinamismo e as oportunidades em tais mercados selecionados como prioritários para desenvolvimento de negócios para congelados e marcas próprias.
Muito além, todas parcerias foram potencializadas em 2020, a exemplo do estudo inédito elaborado pela Abimapi com apoio da Embaixada do Brasil em Washington e o Consulado Geral do Brasil em Nova Iorque, além do escritório da Apex-Brasil em Miami.
Tais parceiros também contribuíram para realização de reuniões online de negócios com compradores potenciais americanos intitulados Online Business Talks, iniciativa levada para outros países, a exemplo de Argentina, Bolívia, Chile, China, Colômbia, EUA, Emirados Árabes Unidos, Nigéria, Peru, Portugal e Uruguai.
Em paralelo às ações mencionadas acima, ocorreram seis Rodadas de Negócios Online, onde a instituição recebeu mais de 120 compradores de 15 de países que geraram cerca de US$ 8 milhões em negócios. As 25 empresas brasileiras que participaram dos encontros virtuais passaram por diversos treinamentos inclusive com convidados estrangeiros. As reuniões online multiplicaram as conexões do setor com o mundo em diferentes fusos horários – as empresas viajaram pelo mundo na frente de seus computadores e celulares.
Destaca-se, ainda, o reforço do setor no marketing digital internacional. Uma página para atender exclusivamente os potenciais clientes estrangeiros foi desenvolvida em junho de 2020 no Linkedin. Em 6 meses de forma 100% orgânica, a página alcançou mais de 1300 seguidores atingindo países como China, Estados Unidos e Portugal.
(*) Com informações da Abimapi