São Paulo – Nos últimos meses, a Índia tem lidado com inúmeras dificuldades relacionadas ao clima que têm impactado severamente diversos mercados agrícolas. A consequência mais pronunciada desses desafios é o aumento significativo na inflação alimentar, que saltou de 4,7% no mês anterior para 10,6%. As informações são do relatório especial elaborado pela hEDGEpoint Global Markets, empresa especializada em inteligência de mercado, consultoria, gestão de risco e soluções de hedge para a cadeia de valor global de commodities,
Os preços locais do açúcar não escaparam dessa dinâmica. As chuvas de monções em áreas vitais produtoras de cana, como Maharashtra e Karnataka, responsáveis por mais da metade da produção de açúcar da Índia, ficaram abaixo da média em até 50%. A produção de açúcar da Índia pode diminuir em 3,3%, para 31,7 milhões de toneladas em 2023/24, de acordo com a ISMA.
Consequentemente, os rumores sobre uma proibição das exportações de açúcar da Índia estão aumentando. O governo visa garantir uma disponibilidade adequada de açúcar para consumo, produção de etanol e manter um estoque final de 6 milhões de toneladas.
De acordo com o relatório, a Índia tem enfrentado uma miríade de desafios climáticos nos últimos meses, os quais têm perturbado os mercados agrícolas, dada a posição do país como produtor e exportador. O maior sintoma desses desafios é a inflação alimentar, que subiu para 10,6% em relação aos 4,7% do mês anterior, liderada especialmente por um aumento de 214% nos preços dos vegetais de um mês para o outro, mas com consequências para muitos outros produtos – incluindo o açúcar.
Consequentemente, a inflação geral também acelerou. O IPC da Índia subiu para 7,4% em relação ao ano anterior, contra 4,9% em junho, sendo o segundo mês consecutivo de ganhos – ultrapassando a faixa-alvo de 2% a 6% do Banco Central da Índia em julho pela primeira vez em cinco meses, e por uma margem considerável.
O estudo destaca ainda que além da alta inflação alimentar, o clima não tem sido favorável para a safra de açúcar na Índia até o momento. Com as eleições chegando em 2024, as autoridades indianas estão tomando medidas para controlar a inflação alimentar – e o açúcar não escapou dessa realidade.
De acordo com três fontes do governo, a Índia pode proibir as usinas de açúcar de exportarem na próxima temporada a partir de outubro. Isso marcará a primeira interrupção nas remessas em sete anos e se deve à diminuição dos rendimentos da cana-de-açúcar devido à insuficiência de chuvas até o momento.
Em resposta ao impacto causado por este anúncio, a Índia revisou sua posição e determinará suas exportações de açúcar para 2023/24 com base em estimativas futuras da produção de cana-de-açúcar.
O foco do governo é garantir uma ampla disponibilidade de açúcar para consumo, produção de etanol e manutenção de um estoque final de 6 milhões de toneladas para a temporada. Na última safra, a Índia permitiu que as usinas exportassem apenas 6,1 milhões de toneladas de açúcar, uma redução significativa em relação ao recorde de 11,1 milhões de toneladas do ano anterior.
Medidas rigorosas estão sendo tomadas para evitar exportações descontroladas e garantir o abastecimento interno.
A precipitação durante a estação das monções em regiões-chave produtoras de cana, como Maharashtra no Oeste e Karnataka no Sul, responsáveis por mais de 50% da produção de açúcar da Índia, ficou significativamente aquém este ano, até 50% abaixo das médias normais.
Os preços domésticos do açúcar dispararam nesta semana para o nível mais alto em 2 anos, devido às condições extremamente secas relatadas no país.
A íntegra do relatório está disponível aqui
(*) Com informações da hEDGEpoint Global Markets