Índia figura entre os países-alvo de ação mais agressiva de promoção comercial do Brasil

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Da Redação

Brasília – A Índia integra o seleto grupo de quatro países e blocos econômicos (os demais são os Estados Unidos, União Europeia e a China) junto aos quais o governo brasileiro pretende implementar uma ação  agressiva  no esforço de ampliar as exportações brasileiras para grandes mercados.

E talvez em nenhum deles o Brasil realmente necessite tanto de reforçar sua presença, utilizar recursos de inteligência comercial e encontrar meios de recuperar o terreno perdido especialmente em 2016, quando tanto as exportações brasileiras quanto as vendas indianas desabaram e devem fechar o ano próximas do nível registrado em 2009.

O ano de 2014 constitui um marco na história do intercâmbio comercial brasileiro-indiano. Naquele ano, o fluxo de comércio bilateral atingiu o recorde histórico de US$ 11,429 bilhões, com  exportações brasileiras no montante de US$ 4,778 bilhões (alta de 52,99% sobre 2013) e vendas indianas no total de US$ 6,640 bilhões (aumento de 4,45% sobre o ano anterior). Naquele ano, a Índia foi o destino final de 2,13% das exportações totais do Brasil e forneceu ao país 2,90% de todo o volume importado pelas empresas brasileiras. Em 2014, a balança comercial bilateral proporcionou à Índia um superávit de US$ 1,852 bilhão.

Após atingir números recordes em 2015, o fluxo de comércio entre os dois países entrou em forte declínio no ano seguinte, quando as exportações brasileiras despencaram -24,46% para US$ 3,617 bilhões e as vendas indianas experimentaram um recuo ainda mais expressivo de -35,4% e somaram US$ 4,290 bilhões, gerando um saldo em favor da Índia no total de US$ 672 milhões. Com exportações e importações em queda, também cairam a participação da Índia como destino das exportações brasileiras (1,8%) e nas importações (2,50%).

E se os números de 2015 já não eram motivo para comemoração, em 2016 o comércio bilateral  enfrenta uma queda bem mais aguda. De janeiro a agosto as exportações brasileiras tiveram uma forte queda de -24,32% e somaram pouco mais de US$ 1,782 bilhão. Na outra ponta,  as vendas indianas levaram um tombo ainda maior e despencaram impressionantes -47,54% e totalizaram US$ 1,592 bilhões.

E a exemplo do que vem acontecendo nos últimos anos, também em 2016 registra-se uma importante queda na participação da Índia como parceiro comercial do Brasil. Nos oito primeiros meses do ano, a Índia importou  apenas 1,44% de todo o volume exportado pelo Brasil e forneceu apenas 1,75% de todo o volume importado pelo Brasil. Com esses números, a Índia figurou em décimo-quarto lugar entre os principais mercados para os produtos brasileiros no exterior e em décimo-segundo lugar entre os maiores abastecedores do mercado brasileiro.

Apesar dos números declinantes, a Índia é, inegavelmente, um dos mercados mais receptivos aos produtos brasileiros no exterior.  E entre os grandes parceiros comerciais, poucos países se mostram tão abertos à importação de bens semimanufaturados e industrializados brasileiros como a Índia.

No período, 47,4% das exportações foram de semimanufaturados, no total de US$ 844 milhões (alta de 5,7% sobre igual período do ano passado). Enquanto isso, os embarques de produtos industrializados teve uma participação de 18,4% no volume exportado e geraram uma receita de US$ 329 milhões (queda de 15,8% em relação ao período janeiro/agosto de 2015). Por sua vez, a receita obtida com a venda de produtos básicos (participação de 34,1% nas vendas totais) somou US$  608 milhões (com uma forte retração de 47,8% em comparação com idêntico período de 2015).

Enquanto a pauta exportadora brasileira apresenta equilíbrio entre as categorias de produtos, a relação dos produtos exportados pela Índia para o Brasil é marcada por uma forte concentração nos produtos industrializados, de maior valor agregado.  De janeiro a agosto , apesar de registrarem uma queda expressiva de 48,3%, esses itens foram responsáveis por uma receita no valor de US$ 1,52 bilhão, correspondentes a 95,4% de todo o volume negociado com o Brasil.

Por sua vez, a participação dos produtos semimanufaturados e básicos foi praticamente marginal: respectivamente US$ 45 milhões, correspondentes a apenas 2,82% das exportações e US$ 28 milhões, equivalentes a apenas 1,78% de todo o volume exportado pela Índia para o Brasil.

Apesar dos números declinantes, analistas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) e da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) mostram confiança em que as perspectivas de retomada do fluxo de comércio com a Índia é questão de tempo e que números positivos devem ser alcançados já a partir de 2017.

Para que isso aconteça, esses analistas consideram importante o fato de a Índia figurar entre os países junto aos quais o Brasil buscará implementar uma política mais agressiva visando identificar novas oportunidades de negócios e aumentar o fluxo comercial.

Segundo a Apex-Brasil, “uma via importante para alcançar esse objetivo será convencer as empresas brasileiras a buscar uma maior presença no mercado indiano (assim como também nos Estados Unidos, na União Europeia e na China), seja por meio da instalação de subsidiárias, de associações com empresas locais ou mesmo de franquias”.

Essa é corroborada pelo embaixador Rodrigo Azeredo (diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Ministério das Relações Exteriores e futuro embaixador do Brasil no Irã), para quem “existem iniciativas para os grandes mercados, como o indiano, mas falta a definição de ações mais abrangentes para o desenvolvimento de parcerias”.

No governo brasileiro existe a consciência de que um número importante de empresas nacionais já se internacionalizaram há alguns anos, mas ainda assim esse número não é suficiente e precisa ser ampliado: “investir e produzir localmente é uma estratégia mais duradoura de relação comercial”, sinaliza o embaixador Azeredo. Esse raciocínio se aplica plenamente num mercado com as dimensões, a diversidade e as peculiaridades do mercado indiano.

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