São Paulo – “Em função da sobrevalorização do real frente ao dólar, a importação de bens acabados representa, hoje, 20,7% do mercado interno do setor eletroeletrônico”. Esta afirmação é do presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, e comprova o efeito devastador que o câmbio tem ocasionado ao setor produtivo, levando o país à desindustrialização.
Segundo ele, num primeiro momento, a preocupação era a substituição de componentes nacionais por importados, agora, este processo se alastra para a importação de bens finais e em segmentos que possuem alta agregação de valor local e mão de obra intensiva, como é o caso de equipamentos industriais e de energia elétrica.
Barbato ressaltou que, com a perda de competitividade em função do dólar, as empresas brasileiras perdem mercados no exterior e sofrem com a entrada maciça de produtos chineses. Ao mesmo tempo, ele acrescentou, a indústria instalada no país acaba preterida no fornecimento a grandes projetos de infraestrutura. “Todos os cabos elétricos e outros equipamentos da ligaçãoTucuruí – Manaus vêm da China, o que não poderia acontecer pois temos fabricação no Brasil”, destacou.
Estas afirmações foram feitas pelo presidente da Abinee durante a nona edição do Encontro Nacional de Inovação Tecnológica (Enitec), realizado pela Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec), que dedicou um painel, no segundo dia do evento, ao tema da desindustrialização.
Além de Barbato, também participaram do debate Rodrigo da Rocha Loures, da FIEP; Klaus Curt Muller, da Abimaq; João Carlos Ferraz, do BNDES; Nelson Marconi, FGV-SP; Rafael Moreira, MDIC; e Roberto Nicolsky, da Protec.