Dubai – A Gulfood, feira do setor de alimentos que ocorre em Dubai, deixou de ser para os exportadores brasileiros de carne bovina um lugar para vender apenas ao Oriente Médio e passou a ser ponto de negócios com o mundo. Essa é a percepção do presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli. A entidade organizou espaço na mostra árabe em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), com 15 empresas do setor.
Isaura Daniel/ANBA
O presidente da Abiec afirma que se a feira foi vislumbrada com foco no mercado árabe, hoje ela deixou de ser apenas isso. “Se vende de tudo, se encontra de tudo”, afirmou à reportagem da ANBA. De fato, nos cinco dias de Gulfood era possível ver circulando, negociando e comprando nos estandes brasileiros os árabes do Golfo e da África, indianos, paquistaneses, iranianos e até mesmo chineses e russos, entre outros. “A feira foi maravilhosa”, diz Camardelli.
Os frigoríficos participaram da Gulfood em um momento de mercado local bem posicionado na balança comercial do segmento. Em janeiro foram embarcadas do Brasil para os Emirados Árabes Unidos 2,4 mil toneladas de carne bovina, um volume mensal não visto nos últimos dois anos. Os sauditas, outros importadores importantes para a carne bovina brasileira na região, compraram 3,9 mil toneladas em janeiro, patamar similar ao de antes do embargo. O embargo dos sauditas à carne bovina brasileira foi feito em 2012 e caiu no final de 2015.
Com as vendas para o mercado árabe como um todo os frigoríficos brasileiros faturaram US$ 110,7 milhões em janeiro, 15% acima dos US$ 96,2 milhões no mesmo mês de 2016, segundo números da Abiec. O volume subiu de 28,2 mil toneladas no primeiro mês do ano passado para 29,8 mil em janeiro último. O crescimento em quantidade foi de 0,5%. O Egito é o maior mercado da carne bovina brasileira entre os árabes e comprou 6,4 mil toneladas em janeiro.
O mundo árabe é comprador principalmente das partes dianteiras do boi. Os frigoríficos brasileiros precisam de mercado para todas as partes do boi e cada país têm suas particularidades nesta escolha. Camardelli lembra que favorecem as exportações de carne bovina do Brasil com os países árabes o fato de o País ter com eles uma relação comercial 100% eficiente. “O cara compra, a gente vende do jeito que ele quer, recebe o pagamento, não temos problemas comerciais”, diz.
A Abiec montou seu estande com o espaço superior para degustação da carne bovina brasileira, o que atraiu muitos importadores durante os cinco dias da feira. Na segunda-feira (27), a entidade promoveu uma coletiva de imprensa junto a jornalistas árabes para falar sobre a carne bovina. A iniciativa foi feita em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A Abiec ainda está em planejamento das suas ações para o mercado árabe para 2017.
(*) Com informações da ANBA