Governo quer diversificar pauta exportadora mas esbarra na burocracia e gargalos logísticos

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Da Redação

Brasília – A diversificação da pauta exportadora brasileira para a China foi o tema principal da reunião entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o embaixador chinês, Yang Wanning, realizada na última quinta-feira (17) em Brasília. O ministro foi enfático ao afirmar ao diplomata chinês que o Brasil gostaria de ampliar as exportações de produtos manufaturados, de maior agregado, para seu principal parceiro no comércio exterior.

Alcançar essa meta não será tarefa fácil na opinião do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Segundo ele,  “os mercados de produtos manufaturados são os que mais interessam ao Brasil e a realidade é que as commodities respondem por 65% de todo o volume exportado pelo País. São principalmente matérias-primas como soja em grãos, petróleo e minério de ferro, dos quais a China é o grande importador mundial. Os principais mercados para os manufaturados são os Estados Unidos e a União Europeia. Só que o Brasil tem um custo de produção bastante elevado. É o famoso ‘Custo Brasil’, que impede que o País tenha uma participação maior na exportação de produtos industrializados. Na verdade, nós gostaríamos de voltar ao passado, ao ano 2000, por exemplo, quando 60% do que o Brasil exportava eram produtos manufaturados e hoje são apenas 35%”.

Para reverter essa situação, o presidente da AEB considera fundamental a remoção de uma série de obstáculos. Entre outros,  ele menciona que “em primeiro lugar, quando se exporta hoje, pela Constituição brasileira não deveria haver tributo na exportação, mas na prática existe. É o chamado resíduo tributário. Até o dia 31 de dezembro de 2018 havia um  benefício chamado Reintegra, que devolvia para a empresa exportadora o que ela pagou indevidamente. Na média, cada empresa exportadora tem um custo tributário de 6,5% e a proposta do governo passado era devolver 3% às empresas. Entretanto, esse benefício foi suspenso a partir de 1º. de janeiro deste ano”.

Outros fatores apontados pelo presidente a AEB são a excessiva burocracia que permeia toda a atividade ligada ao comércio exterior no País e as deficiências em matéria de logística: “infelizmente, nós temos no Brasil 22 órgãos que atuam direta ou indiretamente no comércio exterior. O objetivo é que nós reduzamos a burocracia simplesmente porque ela é um custo ocioso que onera o produto final.Além disso, temos os entraves logísticos. O Brasil é um País com dimensões continentais e temos custos logísticos bastante elevados. Isto decorre da insuficiente, deficiente e onerosa infraestrutura que o Brasil tem hoje”.

Além desses fatores, José Augusto de Castro menciona a reduzida participação das pequenas e médias empresas nas atividades de comércio exterior. Segundo ele, “no Brasil, das 21 mil empresas que exportam, 1 mil companhias representam 90% de todo o volume exportado, enquanto as pequenas e médias empresas representam apenas 10%. É importante que sejam criadas garantias no financiamento para as PMEs de maneira a contribuir para que elas também tivessem acesso ao mercado internacional”.

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