São Paulo – Primeiro lugar no Prêmio Mulheres do Agro 2019 na categoria Grandes Propriedades e, em 2020, embaixadora da iniciativa, Carla Sanches Rossato tornou-se referência entre as produtoras rurais paranaenses. Desde a infância, amava ir para a fazenda da família agropecuarista. Essa paixão continuou durante a faculdade, quando ela cursou medicina veterinária e, então, decidiu seguir os mesmos passos do pai.
“Sempre tive verdadeira paixão pela vida rural e nunca me vi fazendo outra coisa. Minha mãe dizia que eu não fui criada na barra da saia de mãe e, sim, na barra da calça do pai”, lembra Carla.
Assim, movida pela vontade de seguir a sua família, Carla acabou assumindo inteiramente a administração dos negócios, que hoje envolvem quatro fazendas na região de Sertaneja e Santa Mariana (PR). Ao todo, as propriedades produzem com milho, soja e gado. “Meu pai continua ligado ao trabalho no campo, mas, antes, eu o acompanhava. Agora, é ele que me acompanha”, resume Carla.
Em 2000, quando a família adquiriu a última fazenda, em Icaraíma (PR), Carla foi tomando a frente do negócio e colocou em prática um modelo de gestão mais inovador. “A propriedade era agrícola e a transformei em pecuária, mas uma pecuária moderna. Tudo com piquete, rotacionado, com análise de terra e adubação. Os pastos eram divididos no formato de pizza, com praça de alimentação central e fazíamos correção do solo. Todo o gado era rastreado e certificado pelo Ministério da Agricultura. Eu tenho sede de aprender, acho que a gente nunca sabe tudo e sempre dá para melhorar”.
Para milho e soja, Carla também se destaca na agricultura de precisão: “Faço análise de solo e correção com taxa variável, de acordo com a necessidade específica de cada área, e todas as minhas colheitadeiras têm mapa de produção que informa o que o lote está produzindo. Quando acaba a safra, eu vou conferir se a produção realmente está batendo com o mapa de análise de solo, para ver onde se produziu menos e se houve algum erro de manejo”, explica.
Ser mulher no agro
Ao mesmo tempo em que assumia a gestão da fazenda, Carla participava das reuniões de entidades de classe, cooperativas e cerealistas. “Todo mundo foi se acostumando com a minha presença”, lembra. Com esse comportamento, começou a se destacar entre as produtoras rurais paranaenses e, quase sem perceber, tornou-se uma referência:
“Gosto muito de passar o meu conhecimento, de ajudar e compartilhar. Sempre faço dias de campo nas minhas propriedades para mostrar a elas o que dá certo e o que não dá. Gosto de incentivar e encorajar essas mulheres, para mostrar que elas são capazes, que elas podem e que a situação mudou muito”.
Por sua gestão inovadora, Carla também se destacou e foi vencedora do Prêmio Mulheres do Agro em 2019, ocupando o primeiro lugar da categoria grande propriedade. “O mais bonito foi ver o apoio das minhas amigas que foram comigo à entrega da premiação. Elas diziam que eu ia ganhar, mas, para mim, só de ter uma história para inscrever em um prêmio desses já era uma vitória. Eu amo o que eu faço. E a partir do momento em que seu trabalho é reconhecido, tudo fica prazeroso e nada é desgastante.”
A terceira edição do prêmio está com inscrições abertas até o dia 15 de setembro de 2020 no site www.premiomulheresdoagro.com.br. Carla terá participação especial no concurso, sendo uma das embaixadoras, que vai estimular a participação de outras agropecuaristas na premiação. “Hoje eu vejo a importância de levar conhecimento e apoiar outras produtoras. A troca de informações nos ajuda muito a evoluir”, finaliza ela.
(*) Com informações da ABAG