Exportadores do agronegócio querem manter as vendas de soja e milho para árabes

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Fonte: ANBA

São Paulo – Apesar das perspectivas de que as próximas safras brasileiras de soja e milho não sejam maiores do que as do ano passado e possam, inclusive, ter recuo, o Brasil deve manter suas exportações dos dois produtos para os países árabes. A opinião é do diretor geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Sérgio Castanho Teixeira Mendes.

“Os exportadores se preocupam em conservar aqueles mercados onde atuam. A exportação não é uma quitanda, onde você vende e suspende a venda conforme o clima. Se você conquistou um mercado, um cliente, você vai procurar preservar. Você pode não conseguir suprir tudo o que gostaria, mas pelo menos parte para conservar o cliente”, diz.

As exportações de milho, em função da safra menor e também dos estoques brasileiros estarem baixos, devem cair de 10 milhões de toneladas neste ano para a metade em 2011, de acordo com Mendes. Já as vendas externas de soja devem ficar na casa dos 30 milhões de toneladas neste ano e variar entre 25 e 30 milhões de toneladas no ano que vem. Os árabes não são compradores tradicionais do Brasil na área, mas vêm aumentando suas importações.

“Eu tenho a impressão que, por qualquer razão, o povo brasileiro se identifica um pouco mais com os árabes. A própria multinacional, que pode ser norte-americana, europeia, sediada aqui, através do Brasil ele tem mais facilidade para exportar do que através das suas matrizes”.

Entre janeiro e setembro deste ano, o país exportou 169 mil toneladas de soja em grão para três países árabes (Arábia Saudita, Marrocos e Sudão) e 1,6 milhão de toneladas de milho para dez países árabes (Marrocos, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Tunísia, Argélia, Líbia, Síria, Iêmen e Omã), além de derivados como farelo de soja e óleo de soja para a região. Os dados foram levantados pela Anec, que trabalha pela defesa de interesse dos exportadores, principalmente milho e soja, em ações orquestradas com os produtores.

Entre janeiro e setembro deste ano, o maior destino da soja brasileira, no exterior, foi a China, com 18,8 milhões de toneladas, seguida pela Espanha, com 1,5 milhão de toneladas, e pela Holanda, com 1,2 milhão de toneladas. Já o milho teve como maior comprador, nos nove primeiros meses do ano, o Irã, com 943 mil toneladas, seguido de Taiwan, com 516 mil toneladas, e Marrocos, com 497,7 mil toneladas.

“O grande importador de soja, até preocupante, é a China. Há uns três anos a China representava 30% das nossas exportações, agora é mais de 60%”, afirma Mendes. Os exportadores, em função disto, estão tentando desenvolver outros mercados, inclusive o russo. O diretor geral da Anec afirma, inclusive, que a entidade está aberta para atender as demandas dos países árabes e ajudar em eventuais entraves para exportação para a região.

O grande problema das exportações de soja e milho nos próximos meses, no entanto, será a produção. Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja deve ficar entre 67,6 milhões de toneladas e 69 milhões de toneladas, com possibilidade de redução de um milhão de toneladas sobre a anterior ou de aumento crescimento de 315,4 mil toneladas. O plantio do Centro-Oeste e Sudeste, aliás, teve falta de chuvas.

Também o plantio de milho foi prejudicado pela irregularidade das chuvas. A safra do produto deverá ser 6,6% menor do que anterior e ficar em 52,2 milhões de toneladas. Preços praticados abaixo do esperado, no período da semeadura, também influenciaram a redução da produção, segundo levantamento da Conab. E a produção das duas culturas, milho e soja, deve ainda ser prejudicada, no decorrer da safra, pelo fenômeno La Niña, lembra Mendes, da Anec. “Principalmente do Rio Grande do Sul”, afirma.

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