São Paulo – As exportações brasileiras para o mercado árabe recuaram 10% no acumulado do ano até abril sobre igual período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A queda de 10% ocorreu tanto na receita quanto no volume embarcado. Em abril houve diminuição do faturamento com vendas, de 9,57%, mas aumento de 11,5% nas quantidades.
A expectativa, porém, é de melhora dos números a partir de maio já que neste ano o Ramadã ocorre mais cedo, no mês de junho, segundo o diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby. “Eles estão formando estoques”, afirma o executivo sobre maio. O Ramadã é mês sagrado para os muçulmanos, no qual eles jejuam durante o dia, mas ao cair do sol podem se alimentar e costumam organizar refeições coletivas e reuniões familiares.
De janeiro a abril, o Brasil faturou US$ 4 bilhões com exportações para os países árabes contra US$ 4,5 bilhões em iguais meses de 2013. O volume caiu de 12,4 milhões de toneladas para 11,2 milhões de toneladas na mesma comparação. Apenas em abril, a receita com as vendas para o mercado do Oriente Médio e Norte da África ficou em US$ 1 bilhão contra US$ 1,1 bilhão em igual mês do ano passado. O volume aumentou de 2,4 milhões de toneladas para 2,7 milhões de toneladas também em igual comparação.
Entre as notícias positivas da balança comercial do período estão o aumento nos embarques de minério de ferro, o que ocorreu em abril, e o crescimento do volume de carnes exportadas no acumulado do ano. Mas, nos dois casos, houve recuo na receita obtida com os produtos, o que sinaliza queda de preços. “Há uma desvalorização dos preços de algumas das principais commodities e o mercado interno demanda muita proteína”, afirma Alaby.
O Brasil enfrenta algumas dificuldades na exportação de carne bovina a parte dos países árabes que embargaram as compras em função da divulgação, em 2012, da morte de um bovino com o agente causador do mal da vaca louca no Paraná. O animal, porém, não morreu da doença e não a desenvolveu. Neste ano houve outro caso atípico da doença, no Mato Grosso, e dois países árabes, Egito e Argélia, suspenderam as compras do estado por 180 dias.
Apesar disso, o diretor geral afirma que há espaço para novos fornecedores brasileiros de proteína no mercado árabe, como de carne de frango. Ele lembra que também vem aí a Copa do Mundo, que o Brasil sediará a partir de 12 de junho, e que poderá abrir novas frentes de exportação. Durante os jogos virão ao País importadores árabes para conhecer oportunidades de negócios e acompanhar a disputa, em uma ação conjunta da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) e a Câmara Árabe.
Entre os quatro principais compradores árabes de produtos brasileiros de janeiro a abril, dois aumentaram suas importações sobre iguais meses de 2013: Egito, em 18%, e Argélia, em 43%. Os egípcios ocupam o terceiro lugar no ranking de destinos árabes para mercadorias do Brasil e os argelinos o quarto. A Arábia Saudita, que ocupa o primeiro posto, fez compras 24% menores, e os Emirados Árabes Unidos, o segundo principal destino, importaram 13,5% menos.
As exportações de produtos industrializados, que inclui açúcar, caiu 24,5% no acumulado do ano em receita, e as de animais e produtos, o que engloba carnes, recuou 6,9%. Esses foram as principais categorias de produtos exportados pelo Brasil aos árabes. Também caíram as vendas de produtos minerais, onde estão os minérios, e de vegetais e produtos, o que inclui cereais.
Importações
As importações brasileiras de produtos do mundo árabe também caíram de janeiro a abril sobre igual período de 2013, de US$ 3,4 bilhões para US$ 3,3 bilhões. Em abril, porém, houve avanço, de US$ 960 milhões em 2013 para US$ 1,03 bilhão neste ano. O Brasil importa dos países árabes principalmente petróleo e seus derivados, além de fertilizantes.
Fonte: ANBA