Da Redação
Brasília – O Vietnã se transforma a cada ano em um importante parceiro comercial do Brasil e em 2015 o fluxo comercial com o país asiático atingiu o mais elevado nível desde que os dois países deram início ao comércio bilateral. No período, as trocas totalizaram US$ 3,913 bilhões, com exportações brasileiras no montante de US$ 2,124 bilhões e vendas vietnamitas no valor de US$ 1,789 bilhão. A balança fechou o ano passado com um superávit brasileiro de US$ 335 milhões.
Um outro dado na balança comercial do Brasil com o Vietnã chama a atenção: o forte e constante aumento das exportações brasileiras. O crescimento das vendas para o Vietnã teve início em 2004 e de lá para cá essa tendência se manteve em todos os anos seguintes: + 51,80% em 2004; +62,22% em 2005; +109,28% em 2006; +67,70% em 2007; +54,62% em 2008; +3,09% em 2009; +34,35% em 2010; +71,37% em 2011; +3,60% em 2012; +44,95% em 2013; +33,59% em 2014 e +33,37% em 2015. Em 2001, as exportações para o Vietnã correspondiam a apenas 0,01% de todo o volume exportado pelo Brasil e em 2015 essa participação evoluiu para um percentual de 1,1%.
Do outro lado, as exportações vietnamitas para o Brasil também apresentam crescimento expressivo nos últimos anos, a partir de 2004: +44,35% em 2004; +49,66% em 2005; + 58,22% em 2006; +41,56% em 2007; +87,11% em 2008; +9,75% em 2009; +115,65% em 2010; +36,58% em 2011; +26,31% em 2012; + 39,65% em 2013; + 38,51% em 2014 e +13,18% em 2015. Em 2015, as exportações vietnamitas para o Brasil somaram US$ 1,789 bilhão, equivalentes a 1,04% do total das importações brasileiras no período.
A pauta exportadora do Brasil para o país asiático é marcada por uma forte concentração em produtos básicos, mas nos últimos anos o Vietnã vem aumentando a compra de produtos semimanufaturados e industrializados brasileiros. No ano passado, os principais produtos exportados para o Vietnã foram milho em grão (US$ 832 milhões), soja, mesmo triturada (US$ 261 milhões), algodão (US$ 212 milhões), bagaços e outros resíduos sólidos da extração do óleo de soja (US$ 190 mihões) e trigo (US$ 70 milhões, com um aumento de 401,27% sobre o total de US$ 14 ,milhões exportados em 2014). Entre os destaques, elevação igualmente expressiva nas exportações de carne bovina, que passaram de pouco mais de US$ 1 milhão em 2014 para cerca de US$ 37 milhões no ano passado, um aumento de 672,41% e nas vendas de farinhas e “pellets” da extração do óleo de soja, que cresceram 303,91% de US$ 10 milhões em 2014 para US$ 40 milhões no ano passado.
Em contrapartida, as exportações vietnamitas para o Brasil têm como destaque a forte participação dos produtos industrializados. Entre os destaques, outras partes para aparelhos de telefonia/telegrafia (US$ 591 milhões), placas de microprocessamento (US$ 140 milhões), calçados esportivos (US$ 117 milhões), outros calçados de matéria têxtil, sola de borracha/plástico (US$ 63 milhões), filés de peixe (US$ 56 milhões) e microcomputadores montados (US$ 56 milhões).
Integrante da relação dos 32 países prioritários para o Brasil no contexto do Plano Nacional de Exportações (PNE), lançado em junho do ano passado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) é um país que tem muito a compartilhar com o Brasil no domínio do comércio internacional. Em 2015, o Vietnã foi o país que aparesentou a maior variação em termos de valor exportado em todo o mundo, com um crescimento de aproximadamente 8%, à frente de gigantes como a China, Estados Unidos, Japão e Alemanha.
Os números da evolução histórica do comércio exterior vietnamita são mesmo impressionantes. No ano 2000, as exportações vietnamitas foram pouco superiores a US$ 14,3 bilhões e catorze anos depois saltaram para US$ 150,5 bilhões. Ou seja, cresceram mais de dez vezes em menos de uma década e meia. A título comparativo, nesse mesmo período, as exportações brasileiras aumentaram cerca de quatro vezes, passando de US$ 55 bilhões no ano 2000 para US$ 225 bilhões em 2014, segundo dados do MDIC e da Organização Mundial do Comércio (referentes ao Vietnã).
Em dezembro do ano passado, às vésperas de embarcar para Hanoi, a presidente Dilma Rousseff acabou cancelando a visita que já tinha todos os preparativos prontos na capital vietnamita e a ideia era recepcionar a chefe de Estado brasileira com todas as honrarias. A visita, que faria parte de um giro que levaria Dilma Rousseff ao Japão e ao Vietnã acabou não acontecendo mas a expectativa é de que venha a ser tratada novamente para que possa se realizar ainda no primeiro semestre de 2016.
Tal como estava previsto antes, quando essa visita vier a acontecer, a presidente Dilma Rousseff deverá estar acompanhada por uma importante missão empresarial que irá ao país asiático para prospectar negócios em várias áreas, do agronegócio (aumento das exportações de carnes principalmente) e também para discutir a diversificação da pauta exportadora brasileira com uma maior participação de produtos industrializados, de maior valor agregado.