Exportações para o Irã crescem 34,27% e Brasil passa a ver o país persa como parceiro especial

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Da Redação

Brasília – Aos poucos o Irã volta a figurar entre os parceiros importantes do Brasil no comércio exterior. Nos quatro primeiros meses do ano, as exportações para o país persa tiveram um aumento de 34,27% comparativamente com igual período de 2015 e somaram US$ 665 milhões. Da mesma forma, e ainda que partindo de uma base bastante modesta, as vendas iranianas para o Brasil deram um salto de 401,56% nesse mesmo período e alcançaram a cifra de US$ 7,4 milhões.

 Na avaliação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), este ano, o fluxo de comércio entre os dois países deverá superar com folga o montante de US$ 1,669 bilhão registrado em 2015.

No MDIC já se aposta na possibilidade de que no próximo ano as trocas comerciais bilaterais venham a se aproximar –ou até mesmo ultrapassar- a cifra registrada em 2011, quando a corrente comercial brasileiro-iraniana totalizou US$ 2,367 bilhões, com exportações brasileiras no valor de US$ 2,332 bilhões e vendas iranianas totalizando US$ 35 milhões.

Segundo o ministro do MDIC, Armando Monteiro, “podemos triplicar, a curtíssimo prazo, as exportações para o Irã. Negociações importantes estão em curso e em fase adiantada e os resultados não demorarão a aparecer nas estatísticas”.

Um dos grandes negócios aos quais o ministro Armando Monteiro se refere está vinculado à possibilidade de a indústria brasileira vir a conquistar –integral ou parcialmente- o direito de fornecer ao Irã 140 mil automóveis para renovação da frota de táxis do país, além de 40 mil caminhões e 17 mil ônibus. Uma encomenda estimada em US$ 5 bilhões.

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Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), se vencer a concorrência sozinho ou mesmo se for escolhida juntamente com outro fornecedor para compartilhar o fornecimento, a indústria automobilística nacional dará um importante passo para repor as perdas geradas pelo mercado interno em franca estagnação.

Além de veículos, o Irã já manifestou interesse em adquirir do Brasil geradores de energia, bombas para irrigação, material de defesa, bens de capital e equipamentos médico-hospitalares. Também são promissoras as perspectivas de ampliação das exportação de carne bovina e milho.

E para que essas vendas se concretizem faltam ser removidos os entraves financeiros que persistem apesar de o governo dos Estados Unidos ter decretado o fim do embargo econômico contra o Irã e que dificultam o pagamento, pelo país persa, das importações realizadas.

De acordo com técnicos do governo brasileiro, a tendência é de que bancos do mundo inteiro passem a fazer operações de fechamento de câmbio com o Irã. Enquanto isso não acontece, as empresas exportadoras precisam realizar operações triangulares, em geral via Dubai, ou lançar mão de trading companies na intermediação dos negócios, o que aumenta os custos das operações realizadas. A expectativa é de que uma solução para o problema seja encontrada pelas autoridades iranianas ainda neste semestre.

De acordo com os técnicos do governo, mesmo com a baixa cotação internacional do petróleo, agora que o Irã voltou a exportar o produto em grande escala –algo em torno de 2 milhões de barris/dia-, o país saiu às compras e se apresenta como um mercado com grande apetite para uma vasta gama de produtos que abrange de aviões a automóveis, passando por alimentos, equipamentos médico-hospitalares e também obras de infraestutura para aeroportos, ferrovias, pontes, estradas e também investimentos vultuosos nas áreas de gás natural e petróleo.

Em fevereiro, o governo iraniano formalizou a encomenda de 50 aeronaves da Embraer, num contrato de arrendamento, com o objetivo de modernizar a frota de aviões em um processo de retorno aos mercados da aviação internacional. O valor do negócio não foi revelado mas certamente está entre as grandes exportações a serem realizadas pela empresa brasileira.

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Exportações brasileiras                                              

Expectativas à parte, os números da balança comercial de hoje revelam que a pauta exportadora brasileira para o Irã tem uma forte concentração em commodities e que apenas três delas –milho em grão, complexo soja e carne bovina- respondem por 93,75% de todo o volume exportado.

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Todos esses produtos tiveram as vendas ao Irã aumentadas no primeiro quadrimestre do ano. O milho teve um aumento de 29,39% e as vendas totalizaram US$ 280 milhões. As exportações de soja deram um salto de 125,71% e geraram US$ 157 milhões em receita. Por outro lado, as exportações de bagagos e outros resíduos sólidos de soja cresceram 7,65% e somaram US$ 76 milhões. Alem desses produtos, as carnes desossadas de bovino tiveram as exportações ampliadas em 13,75% e renderam US$ 110 milhões.

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