Com a forte alta nas exportações realizadas no primeiro quadrimestre deste ano, os carros elétricos figuram como o quarto principal produto na pauta exportadora chinesa para o Brasil
Brasília – As exportações chinesas de veículos de passageiros para o Brasil registraram um salto exponencial de 372,4% no primeiro quadrimestre deste ano e totalizaram a cifra de US$ 762 milhões. Os automóveis elétricos chineses tiveram uma participação de 36,2% nas importações totais realizadas pelo Brasil nos quatro primeiros meses do ano. Com esses números, os carros elétricos foram o quarto produto embarcado pelos chineses para o país no período janeiro-abril.
De acordo com dados disponibilizados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) está em curso uma crescente e cada vez mais expressiva presença dos veículos chineses no mercado brasileiro.
No ano passado, quando foi registrada a maior alta dessas importações, a agressiva indústria automobilística chinesa embarcou para o Brasil veículos de passageiros no total de US$ 1,086 bilhão, com um aumento de 482% comparativamente com o ano anterior. Em 2024, esse total será mais que dobrado.
À medida em que as exportações chinesas avançam, os números oficiais revelam uma queda expressiva tanto nas exportações brasileiras quanto nas importações nacionais junto aos principais mercados brasileiros, a Argentina e o México.
A Argentina foi há muitos anos, o principal parceiro da indústria automobilística nacional, mas essa participação vem caindo à medida em que a China avança agressivamente na abertura de espaços para seus modernos e atraentes veículos elétricos em todo o mundo e agora com maior destaque na América do Sul. Este ano, as exportações de automóveis de passageiros para o país vizinho tiveram uma queda de 22.6% para US$ 447 milhões, com uma perda de receita da ordem de US$ 130 milhões no período.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no acumulado do ano a queda é de 28%, com apenas 82,2 mil veículos exportados. A Associação ressalta que o setor sofre com a redução dos mercados consumidores na Argentina, Colômbia, Chile, Uruguai e o México, que vinha suplantando a Argentina como maior mercado para os carros nacionais na região, e que neste ano reduziu em 28,6% para US$ 233 milhões as compras dos veículos brasileiros.
Avanço chinês no mercado é irreversível
Mas, ao que tudo indica, os dados relativos às importações de veículos chineses em 2023 e no primeiro quadrimestre de 2024, são apenas indícios de um grande avanço dos carros elétricos chineses a caminho do Brasil. A tendência é de que as importações cresçam bastante, na medida em que o consumidor brasileiro mostra um interesse crescente na aquisição de um veículo movido a bateria.
O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), José Maurício Andreta Júnior minimiza o problema ao analisar os números dos emplacamentos de veículos elétricos realizados no país recentemente. Em abril foram emplacados no país 6.075 veículos 100% elétricos.
Segundo o executivo, “apesar dos percentuais enormes, o que se dá pela base comparativa baixa, o crescimento dos elétricos puros tende a ser mais gradual, mas vem se consolidando aos poucos, especialmente nos grandes centros urbanos”.
Os números são realmente modestos se considerado o tamanho do mercado automobilístico brasileiro. Mas não se pode ignorar o fato de que, em abril, o compacto leve mais vendido no país, como já acontecera em março, foi o BYD Dolphin Mini, com 3.143 unidades emplacadas, número superior ao consagrado Toyota Corolla movido a baterias, com 3.104 unidades emplacadas no país.
20 novas marcas asiáticas devem estar no país
Em entrevista recente, o presidente da GM na América do Sul, Santiago Chamorro, afirmou que 20 novas fabricantes chinesas vêm atuando para participar do mercado brasileiro. Entre elas estão a GAC, Xpend, Changan, MG e a Huawei, com forte presença no Brasil pelos aparelhos celulares e outros equipamentos de telecomunicações.
Recentemente, a GAC Motor, uma das maiores fabricantes globais de automóveis e peças, deu o passo definitivo para sua entrada no mercado nacional, para o qual vinha se preparando há alguns meses. A empresa obteve registro na Junta Comercial de São Paulo e deu início às tratativas com distribuidores locais e concessionárias.
Chegando ao país, a GAC vai disputar mercado com outras duas montadoras chinesas, a BYD e a GWM, que já estão presentes no país e vêm aumentando rapidamente as vendas de seus veículos para os consumidores brasileiros.
De início, a GAC projeta apenas exportar para o Brasil os automóveis produzidos na China, mas, em sua estratégia, a GAC não descarta a possibilidade de, num futuro não próximo, iniciar produção no país.
Hà poucas semanas, representantes da GAC e de outras montadoras chinesas participaram de uma reunião com o governador do Amapá, Clésio Luís, para discutir a instalação de uma fábrica de automóveis no estado. Se vier a ser confirmada, a escolha pelo Amapá teria um apelo ambiental, alinhado à agenda global de transição climática.
Presente em 39 países, a GAC tem uma agressiva estratégia de internacionalização e tem forte presença nos mercados do Chile e México, dois dos principais destinos dos veículos a combustão exportados pelo Brasil/
