As exportações brasileiras de couros somaram US$ 1 bilhão no acumulado dos sete meses deste ano, registrando um aumento de 74% em relação ao mesmo período de 2009, mas ainda 16% abaixo do volume exportado durante os primeiros sete meses de 2008. O cálculo é do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base nos dados da prévia da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior.
“A despeito do crescimento no acumulado, a receita de US$ 143 milhões dos embarques em julho foi 13,33% menor em relação ao mês anterior, reflexo da lenta recuperação das economias norte-americano e europeu, mas também sinalizando uma perda de competitividade da indústria brasileira, principalmente em relação aos artigos mais elaborados e de maior custo de produção” analisa o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich.
Segundo o executivo, o valor contabilizado ate julho 2010 está confirmando a previsão do setor para uma exportação total em torno de US$ 1,7 bilhão, como também o cenário de um segundo semestre mais difícil.
Goerlich observa que tal receita significa um crescimento de quase 50% em comparação às vendas externas de 2009, aumentando de maneira relevante a contribuição da indústria curtidora no saldo para a balança comercial brasileira, ainda que se situe aquém do patamar das exportações em 2007, o ano pré-crise, quando atingiram o montante US$ 2,2 bilhões.
Nas condições atuais uma recuperação para este nível se torna problemática, uma vez que a nossa competitividade no mercado internacional esta seriamente comprometida pela supervalorização do real, resultando em altos custos de produção alem da excessiva carga tributária, os juros altos, da falta de crédito, a gigantesca burocracia, os gargalos logísticos e dos problemas de transporte onerando excessivamente as nossas exportações.
Para manter defender sua posição no mercado internacional, a indústria brasileira, uma das maiores exportadoras mundiais de couros, vem diversificando cada vez mais seus mercados e aumentando a oferta de produtos mais sofisticados, de maior valor agregado. Ao mesmo tempo são reforçadas iniciativas para valorizar cada vez mais o couro nacional no exterior, a exemplo da bem-sucedida campanha “Brazilian Leather”.
O programa, conduzido pelo CICB em parceria com a Apex-Brasil, agência vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, renovado em julho, tornou-se uma referência no setor e seus resultados positivos já influenciam expressivamente a imagem do nosso couro e as vendas externas, afirma Wolfgang Goerlich.
O setor curtidor é de grande importância para a economia brasileira. Vale lembrar que a cadeia produtiva do couro, que envolve os segmentos de curtumes, calçados, componentes, máquinas e equipamentos para calçados e couros, artefatos e artigos de viagem em couro, reúne 10 mil indústrias, gera mais de 500 mil empregos e movimenta receita superior a US$ 21 bilhões de dólares por ano.