Segundo dados elaborados pelo CICB, as vendas externas de peças em outubro cresceram 15% em relação a setembro
Brasília (Comex-DF) – As exportações brasileiras de couros somaram US$ 913 milhões nos dez meses do ano, redução de 46% em comparação ao mesmo período de 2008, segundo dados elaborados pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base no balanço da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Apesar das dificuldades e obstáculos que a indústria curtidora vem se deparando ao longo de 2009, o balanço de outubro das vendas externas de peças em relação ao mês anterior já aponta um crescimento de 15% na receita apurada, somando US$ 121,97 milhões.
Desta forma, o segmento consolida o movimento de recuperação registrado em setembro, quando verificou-se um incremento de 10% da receita apurada sobre agosto, com movimento de US$ 105,9 milhões.
O desempenho do setor poderia ser melhor, não fosse o impacto da crise financeira que refreou a demanda internacional por couros e a valorização do real perante o dólar, o que prejudicou a competitividade do produto brasileiro nos mercados internacionais, analisa o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich.
Essa situação foi agravada por outros fatores, como as altas taxas de juros, excessiva burocracia, precariedade do sistema de infra-estrutura e, principalmente, a falta de capital de giro para as empresas curtidoras. Neste cenário, destaca o executivo, é fundamental a criação de linhas de créditos para capital de giro pelo Banco do Brasil e BNDES, a adequação de prazos e encargos de ACC (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio), a reedição do REVITALIZA, além de agilização nos ressarcimentos de créditos de exportação e autorização da compensação automática de créditos fiscais.
Um aspecto positivo neste quadro, segundo Goerlich, é a importância do convênio existente entre o CICB e a ApexBrasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, que vem consolidando a imagem e estimulando as exportações do couro brasileiro no mercado mundial.
Paraguai, Romênia e Líbano aumentam as importações de couro
Até outubro, os principais destinos do produto nacional foram a China e Hong Kong, ambos com US$ 336 milhões (36,8% de participação); Itália, com US$ 200,92 milhões (22% de participação); Estados Unidos, US$ 80,44 milhões (8,81%), Vietnã, com US$ 33,15 milhões (3,63%), México, US$ 32,28 milhões (3,54%), Indonésia, US$ 23,47 milhões (2,57%) e Alemanha, com US$ 23,24 milhões (2,55%).
No acumulado dos dez meses de 2009, o Paraguai aumentou suas compras (262%), somando US$ 2,53 milhões. A Romênia cresceu 139%, importando US$ 1,64 milhão, enquanto a Bolívia aumentou em 145% suas compras, adquirindo US$ 212 mil.
Entre outros países que aumentaram as aquisições do couro brasileiro, o Líbano foi um dos mercados de grande crescimento (332%), importando US$ 167,44 mil, seguido da Guatemala que cresceu 523%, totalizando US$ 42,98 mil e a Bulgária (213%) que importou US$ 27,89 mil.
Principais estados exportadores
O balanço dos embarques de couros dos estados brasileiros de janeiro a outubro de 2009, ante ao acumulado do ano passado, atesta que o Rio Grande do Sul segue na posição de maior exportador nacional (US$ 246,51 milhões, 27% de participação e redução de 45%), seguido por São Paulo (US$ 211,7 milhões, participação de 23,2% e queda de 59%), Ceará (US$ 96,68 milhões, 10,6% e recuo de 42%) e Paraná (US$ 71,62 milhões, 7,84%, e decréscimo de 18%).
Os demais estados são Bahia (US$ 69 milhões), Mato Grosso (US$ 53,44 milhões), Mato Grosso do Sul (US$ 45,44 milhões) Goiás (US$ 43,65 milhões) e Minas Gerais (US$ 36,31 milhões). Cabe ressaltar o crescimento significativo no acumulado do ano das exportações do Piauí (US$ 4,88 milhões e aumento de 51%) e Espírito Santo (US$ 188,92 mil, 271%).
Couro movimenta PIB estimado em US$ 3,5 bilhões
O Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) é uma entidade federativa que representa, há 52 anos, cerca de 800 empresas de produção e processamento de couro. O complexo industrial emprega cerca de 50 mil pessoas, movimenta um PIB estimado em US$ 3,5 bilhões, exportou US$ 1,8 bi em 2008, contribuindo em 7% para o saldo da balança comercial brasileira. Já a cadeia produtiva do couro que abrange os setores de curtumes, calçados, componentes, máquinas e equipamentos para calçados e couros, artefatos e artigos de viagem em couro, reúne 10 mil indústrias, gera mais de 500 mil pessoas e movimenta receita superior a US$ 21 bilhões de dólares por ano.
Fonte: CCIB (13/11/2009)