As exportações brasileiras de couros registraram US$ 154 milhões em agosto, somando US$ 1,17 bilhão nos oito meses de 2010, receita 72% superior ao acumulado do ano passado. O cálculo é do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), com base nos dados da prévia da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior.
“À primeira vista, em circunstâncias normais, tal receita apenas confirmaria as nossas previsões de embarques, neste ano, ao redor de US$ 1,7 bilhão. No entanto, ao fazermos uma avaliação mais realista, levando em conta os últimos quatro meses de 2010, chegamos à conclusão de que, dificilmente, o setor curtidor conseguirá manter o ritmo atual de exportar US$ 150 milhões/mês, devido a vários fatores que vêm reduzindo a competitividade da indústria”, alerta o presidente do CICB, Wolfgang Goerlich.
Segundo o executivo, as empresas de processamento e produção de couro estão com dificuldades em adquirir matéria-prima, devido ao fato de que vários frigoríficos estão parados ou reduzindo as escalas de abate de bovinos, por falta de gado. “Para agravar este cenário, na outra ponta, no mercado internacional, onde os preços estão em queda, os exportadores brasileiros não estão conseguindo alcançar preços que cubram seus custos”, acrescenta.
Nas condições atuais uma recuperação da competitividade do setor curtidor se torna problemática, “uma vez que está seriamente comprometido pelos fatores já altamente conhecidos do ‘Custo Brasil’ – altas taxas de juros, pesada carga tributária, falta de crédito, a gigantesca burocracia e o ‘apagão logístico do transporte e embarque portuário’, sem falar na supervalorização do real, que está se tornando uma verdadeira doença econômica”, afirma o presidente do CICB.
“Apesar de estar se recuperando este ano em relação ao ano crítico de 2009, ainda não há motivo para se comemorar, porque os próximos meses serão muito difíceis”, adverte Goerlich.
De toda forma, o setor curtidor vem reforçando iniciativas para valorizar cada vez mais o couro nacional no exterior, a exemplo da bem-sucedida campanha “Brazilian Leather”.
O programa, conduzido pelo CICB em parceria com a Apex-Brasil, agência vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, renovado em julho, tornou-se uma referência no setor e seus resultados positivos já influenciam expressivamente a imagem do nosso couro e as vendas externas, afirma Wolfgang Goerlich.