São Paulo – O Brasil espera exportar 1,7 milhão de toneladas de carne bovina em 2015 e faturar US$ 8 bilhões com isso. Para este ano, a expectativa é fechar as vendas externas em 1,58 milhão de toneladas, um aumento de 4,45% sobre 2013, com receitas de US$ 7,28 bilhões, um crescimento de 8,6% na mesma comparação. As informações foram divulgadas nesta quinta-feira (11) pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), em São Paulo.
De acordo com Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiec, as expectativas positivas para o próximo ano são baseadas na retomada das exportações para a China, que suspendeu embargo à carne brasileira vigente desde 2012, e a perspectiva de retomada de negócios com a Arábia Saudita.
O país do Golfo deixou de importar o produto do Brasil também em 2012, quando o governo brasileiro anunciou que um animal do rebanho do Paraná portador do agente causador do “mal da vaca louca” morreu em 2010, mas sem desenvolver a doença. O caso foi considerado como “atípico”. Para a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), o Brasil apresenta “risco insignificante” de transmissão da moléstia, mas os sauditas ainda não voltaram a comprar.
“A expectativa que se tem é que o mercado chinês passe a puxar progressivamente [as exportações] pela condição que se tem de ofertar quantidade e qualidade”, afirmou Camardelli, acrescentando que “está computado, sim, o retorno de Arábia Saudita, Catar e Kuwait”. Entre os árabes, Bahrein e Líbano também mantém embargo à carne brasileira.
Em novembro, uma missão liderada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, visitou a Arábia Saudita para tratar do tema.
“Ficou acertado o processo de retorno, e o processo de retorno dependia de um questionário, que já foi respondido pelo Ministério da Agricultura e já se encontra em mãos das autoridades de lá. O Brasil ofereceu três datas [para os sauditas escolherem] que contemplam uma visita, sob o aspecto de missão sanitária, até o mês de fevereiro. Seguramente vamos lograr isso nesse processo pela magnitude de interesse pelo mercado”, afirmou o presidente da Abiec.
Gourmet
Um nicho de mercado nos países árabes que interessa ao Brasil é o de carne gourmet. Nesse tópico, os exportadores trabalham para vender ao Marrocos, país que ainda não compra carne bovina brasileira.
“O Marrocos é um país que, pela concepção de turismo, nos interessa nessa parte de carne gourmet. Casablanca tem um apelo turístico muito grande. O interessante do Marrocos é que está tudo pronto: tem acordo sanitário, tem certificado sanitário. A única coisa que nos falta é que o país defina qual é o perfil de plantas (frigoríficos) que ele vai aceitar pra exportar, e isso é que tem travado o processo”, destacou Camardelli.
O presidente da Abiec falou também sobre o interesse do Brasil em participar das compras de carne feitas pelo governo marroquino. “Nós temos tentado participar e temos sido eliminados nesse item, de dificuldade de finalizar o acordo comercial para participar de licitações do exército e do governo”, disse o presidente da Abiec.
Ele falou ainda da importância da Gulfood, a maior feira de alimentos do Oriente Médio, para as vendas ao mundo árabe. “A Gulfood é uma feira que não dá mais para deixar de participar. Antes ela tinha a participação somente de compradores de países árabes. Hoje, vão compradores de todo o mundo. A Gulfood é a base sólida de nossa relação com todo o mundo, principalmente com o mundo árabe”, avaliou ele sobre a mostra que ocorre todos os anos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O executivo destacou que nos países árabes a demanda é por carne com pouquíssima gordura, fator que vai ser explorado no churrasco que a Abiec oferecerá durante a próxima Gulfood, em fevereiro. “O churrasco vai levar um produto diferenciado, um filé mignon ou outro tipo de corte que possa ser desenvolvido em relação à percepção de mercado. É o que vai se fazer agora na Gulfood, fazer uma inserção um pouco diferenciada, vislumbrando um novo produto em um mercado que é extremamente bom pagador e consumidor perene”, explicou Camardelli.
Exportações
De janeiro a novembro deste ano, o Brasil exportou 1,424 milhões de toneladas de carne bovina, 4% a mais que no mesmo período de 2013. O faturamento foi de US$ 6,5 bilhões, um aumento de 8,16% na mesma comparação.
Hong Kong foi o principal destino da carne bovina brasileira este ano, com 360.647 toneladas importadas até novembro e uma receita de US$ 1,537 bilhão. Entre os árabes, o Egito ocupa a posição mais alta, está em quinto lugar entre os principais importadores do produto.
Até novembro, o Brasil embarcou 142.594 toneladas aos egípcios, com receita de US$ 526 milhões. Em décimo lugar na lista de maiores compradores está a Argélia. Até o mês passado, o país comprou 19.433 toneladas de carne brasileira, gerando US$ 93,119 milhões em receita.
Fonte: Abiec