O setor calçadista brasileiro que atua no comércio internacional registrou um incremento de 21% no volume de calçados exportados de janeiro a março deste ano. Segundo os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) a partir da Secex/MDIC, foram enviados ao exterior 49 milhões de pares. No mesmo período do ano anterior, o volume havia sido de 40,8 milhões. O faturamento também apresentou reação positiva e encerrou o período com um aumento de 10%. Os exportadores obtiveram divisas na ordem de US$ 423,6 milhões.
A elevação tanto do volume como do faturamento foi impulsionada pela retomada das compras por parte de mercados potenciais, como os Estados Unidos, que compraram 15,2 milhões de pares, isto é, 32% a mais em comparação com o primeiro trimestre de 2009. O faturamento somou US$ 100 milhões, um acréscimo de 0,4% sobre o mesmo período. O preço médio do produto ficou em US$ 6,58, apontando para uma redução de 24%. A participação norte-americana no total das exportações brasileira em volume foi de 31%, enquanto no faturamento a fatia ficou em 24%.
O Reino Unido, segundo maior comprador do Brasil, aumentou 25% o volume importado, ao adquirir 2,6 milhões de pares. Houve ainda um acréscimo de 8,5% no faturamento, uma vez que as compras geraram divisas na ordem de US$ 47,4 milhões. O preço médio, que foi de US$ 21 no ano passado reduziu para US$ 18,20 nesse trimestre.
A Itália, por sua vez, passou a ser o terceiro principal importador, com um volume de 2,5 milhões de pares. No trimestre, os italianos tiveram um incremento de 14% no volume e de 27% no faturamento, pois pagaram US$ 44,5 milhões pelas compras do período.
As exportações para a Argentina também reagiram. Houve um crescimento de 68% no volume importado no trimestre, com 1,8 milhão de pares comprados de janeiro a março deste ano. Este volume gerou um faturamento de US$ 34,7 milhões. Este desempenho foi 84% a mais em comparação com o mesmo período de 2009.
O mercado espanhol foi o que teve a maior reação percentualmente. A Espanha importou 5,4 milhões de pares, aumentando em 164% o volume comprado do Brasil. Com um preço médio de US$ 4,30, o faturamento ficou positivo em 12%, contabilizando US$ 23 milhões.
Estados têm reações diferentes
No primeiro trimestre de 2010, os estados exportadores tiveram atuações diferenciadas. Enquanto o Rio Grande do Sul elevou seu faturamento em 2,2% e obteve divisas de US$ 217 milhões, reduziu o volume em 7% e fechou o período com 10 milhões de pares exportações. O preço médio, que ficou em US$ 22, apresentou aumento de 10%. O Ceará, que incrementou 34% o volume e 45% o faturamento, sofreu uma queda de 7,5% no preço médio do calçado exportado. Aquele estado embarcou 26 milhões de pares, faturou US$ 117 milhões e vendeu cada par de calçados a US$ 4,50.
Já o estado de São Paulo sofreu redução tanto no volume quanto no faturamento, mas contabilizou crescimento no seu preço médio. Ao exportar 1,3 milhão de pares, viu o percentual diminuir em 27%. As divisas ficaram em US$ 26 milhões, registrando recuo de 9%. Já o preço médio, ao encerrar o período em US$ 20, apresentou elevação de 25%.
A Bahia, por sua vez, foi o estado que apresentou desempenho positivo em todos os setores. Incrementou a quantidade de pares exportada em 34%, ao embarcar 2,4 milhões de pares, faturou 35% a mais e arrecadou US$ 25,8 milhões. O preço médio cresceu 0,8% e passou para US$ 10,8.
O estado da Paraíba vem se destacando cada vez mais no cenário exportador. No primeiro trimestre deste ano, exportou 7,6 milhões de pares, registrando um aumento de 16% em comparação com o mesmo período do ano passado. Contudo, o faturamento sofreu decréscimo de 8% e ficou em US$ 21 milhões.
Sintéticos lideram volume
Os calçados registrados na NCM 6402 (sintético) lideraram a pauta das exportações no trimestre. Este segmento embarcou 36 milhões de pares, absorvendo 73% do total exportado no período, que foi de 49,4 milhões de pares. O faturamento apresentou elevação de 22%, com divisas de US$ 133 milhões.
Já os calçados que utilizam couro no cabedal (NCM 6403) aumentaram o faturamento em 5%, ao arrecadar US$ 265 milhões, 23% do total obtido pelo setor de janeiro a março deste ano, que foi de US$ 423 milhões. O volume registrou um recuo de 4%, com o embarque de 11,4 milhões de pares.
Os injetados (NCM 6401) continuam em queda. No trimestre, a redução no volume foi de 52%, de 60% no faturamento e de 16% no preço médio. Com este desempenho, os embarques foram de 128 mil pares, enquanto as divisas atingiram US$ 732 mil, enquanto o preço médio do par exportado ficou em US$ 5,72.
Com exportações em alta e importações em declínio, o saldo da balança comercial do setor calçadista ficou positivo em 28% no trimestre. Segundo levantamento de Abicalçados, as exportações registraram 10,1% de aumento, com US$ 423 milhões, enquanto o desempenho das importações ficou 34,2% menor (US$ 72 milhões).
China ainda lidera importações
Mesmo com queda de 62,3% no volume exportado para o Brasil, a China continua na liderança das importações na quantidade de pares, ao vender 47% do total comprado, que foi de 8,6 milhões. De janeiro a março deste ano os brasileiros compraram daquele país 4 milhões de pares. O valor pago pelas importações, de US$ 22 milhões, reduziu em 71% em comparação com o trimestre de 2009.
O Vietnã exportou para o Brasil 1,5 milhão de pares, apresentando um incremento de 26% no volume. Com um preço médio de US$ 16, conseguiu faturar mais que a China e encerrou o período com US$ 25 milhões em divisas.
A Malásia é o terceiro mercado exportador de calçados para o Brasil em volume. No período, enviou 1,5 milhão de pares, a um preço médio de US$ 4. Já a Indonésia ficou com a quarta posição em quantidade (572 mil pares), mas abocanhou o terceiro lugar no recebimento de divisas. Ao vender os calçados a um preço médio de US$ 15, recebeu do Brasil US$ 8,7 milhões.
Fonte: Ascom/Abicalçados