Exportações de calçados seguem registrando queda em receita (2,5%) e volume embarcado (3,2%)

Compartilhe:

Novo Hamburgo – Os exportadores de calçados brasileiros seguem amargando quedas nos embarques. No mês de abril foram embarcados 10,2 milhões de pares que geraram US$ 85,35 milhões, uma queda de 3,2% com relação ao gerado no mesmo mês de 2013. Já no quadrimestre, o setor calçadista acumula uma queda de 2,5% nas receitas geradas no comparativo com mesmo período do ano passado. Nos quatro primeiros meses foram comercializados 46,33 milhões de pares que geraram US$ 360 milhões – ano passado o número foi de US$ 369 milhões.

Já as importações diminuíram o ímpeto no mês passado, quando entraram no Brasil 3,36 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 36,7 milhões. O resultado, em dólares, é inferior tanto no comparativo com março (21%) como na relação com mesmo mês de 2013 (25,3%). Com isso as importações diminuíram o impacto negativo que vinham tendo na balança comercial de calçados. No acumulado dos quatro meses deste ano entraram no País 15,7 milhões de pares e um preço de US$ 210,67 milhões, 5,2% mais do que o registrado no mesmo período do ano passado (US$ 200,2 milhões).

São Paulo registra primeira queda no ano

Na ponta do ranking dos principais exportadores de calçados, o Rio Grande do Sul, teve um desempenho 5,1% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. No quadrimestre, os gaúchos embarcaram 5,8 milhões de pares pelos quais receberam US$ 126 milhões – ante US$ 132,7 milhões em 2013.

Já o Ceará, que registrou uma leve recuperação no mês de abril – incremento de 7% no comparativo com abril do ano passado (de US$ 20,2 milhões para US$ 21,57 milhões) -, registra um aumento também no acumulado do ano. Nos primeiros quatro meses de 2014, os cearenses embarcaram 19,9 milhões de pares que geraram US$ 101 milhões, 1,3% mais do que no mesmo período de 2013 (US$ 99,7 milhões).

O estado de São Paulo, que vinha colhendo bons resultados desde o ano passado, teve o primeiro revés de 2014. Em abril, os paulistas embarcaram o equivalente a US$ 15,2 milhões, 1% menos do que o apurado no mesmo mês de 2013 (US$ 15,4 milhões). No acumulado, porém, São Paulo segue com resultados 15,5% positivos em 2014 (US$ 45,68 milhões ante US$ 52,75 milhões).

Novidades entre os destinos

Além da leve recuperação do mercado dos Estados Unidos para o calçado brasileiro, a boa notícia é de que países como Angola, Cuba e Arábia Saudita estão galgando espaço entre os destinos do produto verde-amarelo.

Os Estados Unidos, que comprou o equivalente a US$ 14 milhões em calçados brasileiros em abril, 22,7% mais do que em abril do ano passado, segue como o principal destino do produto nacional. Nos quatro meses do ano, os norte-americanos compraram 4,32 milhões de pares pelos quais pagaram US$ 57,78 milhões, aumento de 3,4% na relação com o mesmo período de 2013.

Angola segue como o segundo principal comprador de calçados verde-amarelos. Mês passado, os angolanos compraram o equivalente a US$ 6,7 milhões, 26,6% mais do que em abril de 2013. No acumulado, o país africano já comprou 5,8 milhões de pares brasileiros pelos quais foram pagos US$ 23 milhões, 45,5% mais do que no mesmo período do ano passado.

No terceiro posto, aparece a França (que importou US$ 21,6 milhões no quadrimestre, queda de 1,1% com relação a igual período de 2013) e no quarto a Argentina (US$ 20 milhões, queda de 45%).

A grande surpresa entre os destinos é Cuba, que no mês passado comprou o equivalente a US$ 4,34 milhões em calçados brasileiros, 277% mais do que em abril passado. No acumulado, os cubanos compraram US$ 6,5 milhões em produtos verde-amarelos (7,5% mais do que em 2013). Ainda entre os mercados que emergem com mais força para o produto brasileiro, aparece a Arábia Saudita, que já comprou US$ 11 milhões em calçados verde-amarelos desde janeiro – aumento de 86% no comparativo com o primeiro quadrimestre de 2013.

Importações asiáticas seguem em alta

As importações de produtos asiáticos seguem tirando o sono dos calçadistas nacionais. Em pleno ano da Copa, os produtores brasileiros seguem assistindo a uma verdadeira “invasão” de produtos asiáticos com preços muito abaixo dos praticados no mercado nacional. Entre janeiro e abril deste ano, o Vietnã já embarcou 7 milhões de pares de calçados para o Brasil a um valor de US$ 125,4 milhões, 18,6% mais do que o registrado em 2013. A Indonésia é o segundo maior exportador de calçados para o Brasil. De lá vieram 2,35 milhões de pares pelos quais foram pagos US$ 37,56 milhões, 24,3% mais do que no ano passado. A China segue como o terceiro principal vendedor de calçados para o Brasil, porém com uma queda de 5,6% no quadrimestre (de US$ 25 milhões para US$ 23,5 milhões).

Avaliação

Para o presidente-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, as importações predatórias devem ser o grande destaque negativo do ano. “Infelizmente, os produtores nacionais estão perdendo ainda mais espaço com a Copa do Mundo. O evento que era para ser benéfico para os empresários brasileiros está se tornando uma oportunidade ímpar para os importadores, especialmente de esportivos”, lamenta.

Segundo ele, a avalanche das importações, somada à perda da competitividade do produto brasileiro no mercado nacional e internacional, tem sido uma combinação “desastrosa para a indústria”, que vem perdendo força ano a ano. Conforme mais recente levantamento do IBGE, em fevereiro, a produção de calçados caiu 2,1% ao passo que o varejo de calçados registrou um incremento de 5% no volume de vendas.

Fonte: Abicalçados

Tags: