Brasília – No mês de outubro, o preço médio de exportação do mel brasileiro bateu recorde, alcançando US$ 3,06 por quilo. No total, as exportações foram de 1,2 mil toneladas e geraram receita de US$ 3,71 milhões. Em relação ao mês anterior, houve aumento de 49,4% na quantidade e de 52,2% no valor.
Segundo atores envolvidos com o setor, os números poderiam ser ainda maiores se problemas climáticos não tivessem atrapalhado a atual safra nos seis principais estados produtores do País. Para Reginaldo Resende, coordenador nacional de Apicultura do Sebrae, o setor poderia ter exportado mais se não fossem outros dois fatores, além dos problemas climáticos: estoques em baixa e mercado interno aquecido.
“No ano passado, as exportações cresceram 51%, mas a safra de 2009 foi afetada pela estiagem nas regiões Norte e Nordeste e pelo excesso de chuvas no Sul e Sudeste. Entramos em 2010 praticamente sem estoques de mel e com um mercado interno e externo fortemente compradores”, explicou Reginaldo.
Em 2010, Rio Grande do Sul, Paraná, Piauí, Ceará, Santa Catarina e Minas Gerais, estados que respondem por 66% da produção nacional de 37.792 toneladas anuais, viram sua safra ser prejudicada pelas secas no semi-árido nordestino e pelas fortes chuvas nas demais regiões.
Mais demanda e menos oferta
“Há uma enorme necessidade de mel no mercado mundial. O que está ocorrendo é o aumento da demanda e a queda da oferta”, explica o diretor geral da Central de Cooperativas Apícolas do Semi-Árido Brasileiro (Casa Apis), Antônio Leopoldo Santos. Ele garante que o Brasil tem total condição de se fortalecer no mercado mundial.
A Casa Apis reúne nove cooperativas. Entre janeiro e outubro deste ano, o grupo produziu 222 toneladas de mel. Desse total, 22 toneladas foram vendidas para o governo utilizar na merenda escolar e as outras 200 toneladas seguiram para os EUA e para a Europa.
“Pretendemos saltar com nossa produção em 2011 para 600 toneladas. Para isso, vamos fazer uma força-tarefa, distribuindo colmeias entre as famílias carentes. Em 2010, nossa produção foi 100% de mel orgânico e 70% enquadrada no Fair Trade (Comércio Justo). Para o próximo ano, nossa meta é que a produção seja 100% em tudo”, disse Leopoldo.
O Comércio Justo é um movimento social e uma modalidade de comércio internacional que busca o estabelecimento de preços justos para os produtores, bem como de padrões sociais e ambientais equilibrados nas cadeias produtivas. Para se enquadrar no Comércio Justo, os produtores precisam do aval de uma entidade certificadora.
Leopoldo chama a atenção para a valorização do preço do mel nos últimos meses. De acordo com ele, no período de janeiro a outubro de 2009, as cooperativas associadas à Casa Apis produziram 508 toneladas e exportaram US$ 1,2 milhão. No mesmo período deste ano, a produção caiu para 400 toneladas e a exportação somou US$ 1,1 milhão. “Deixamos de enviar para fora 100 toneladas e tivemos uma diferença a menor no valor de apenas R$ 33 mil”, ressaltou.
Destino das exportações
Os Estados Unidos continuaram em outubro sendo o principal mercado para o mel brasileiro, absorvendo mais da metade (54,86%) das exportações, ou US$ 2,35 milhões. O preço médio pago pelo mercado americano, no entanto, ficou em US$ 2,99 por quilo, ligeiramente abaixo da média geral de US$ 3,06/kg.
O Reino Unido, segundo mercado, foi o destino de 19,78% do mel exportado pelo Brasil, com operações de US$ 734 mil, também a um preço de US$ 2,99 por quilo.
Estados exportadores
O Estado de São Paulo liderou as exportações de mel com US$ 1,39 milhão, respondendo, sozinho, por 37,4% do total embarcado para o exterior. Em seguida vem o Ceará (US$ 530 mil). O terceiro exportador foi o Piauí (US$ 523 mil), seguido do Rio Grande do Sul (US$ 444 mil), Minas Gerais (US$ 370 mil) e Rio Grande do Norte (US$ 205 mil).
Fonte: Agência Sebrae de Notícias