Exportações brasileiras de calçados começam a reagir

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O primeiro mês do ano acendeu um alerta positivo para os exportadores brasileiros de calçados. Apesar de o faturamento ter ficado praticamente empatado com janeiro de 2009 – diferença de apenas 0,1% – o volume de pares foi 28,8% maior. Segundo os dados da Abicalçados, a partir das informações da Secex/MDIC, os embarques somaram 17,5 milhões de pares, gerando uma receita de US$ 142,8 milhões. O crescimento na quantidade exportada foi impulsionado com o retorno às compras de países que no ano passado haviam reduzido as importações, como Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Argentina.


Os norte-americanos adquiriram 6,8 milhões de pares em janeiro, elevando em 43,7% o volume em comparação com o mesmo mês de 2009. O faturamento, porém, ficou 3,5% menor – somando US$ 36,1 milhões – devido à redução do preço médio do par, que fechou o mês a US$ 5,32. Em janeiro do ano passado, o preço médio foi contabilizado em US$ 7,92.

A Itália ficou em segundo lugar no ranking dos maiores importadores em faturamento. Apesar de ter comprado menos que Espanha e Argentina, os italianos pagaram mais caro pelos calçados brasileiros. Compraram 742 mil pares a um preço médio de US$ 23,52, gerando uma receita de US$ 17,4 milhões. Deste modo, elevou-se em 2,3% o faturamento, mas houve redução de 2% no volume de pares.

O Reino Unido, por sua vez, registrou queda de 6,2% na receita e aumento de 7% no volume de pares. Em janeiro deste ano, aquele país importou 808 mil pares, cujo preço médio ficou em US$ 20,20. O faturamento para os brasileiros somou US$ 16,3 milhões.

Do grupo de importadores tradicionais que aumentou as compras no início deste ano, a Espanha foi o que mais surpreendeu, ao registrar uma elevação de 177% no volume de pares. Em janeiro, os espanhóis compraram 2,3 milhões de pares, o que levou a um faturamento de quase US$ 10 milhões. Com este desempenho, aquele país foi o segundo maior comprador em volume de pares.


Estados avançam

O ano começou positivo para três Estados brasileiros, no que se refere ao comércio exterior. O Ceará demonstra retomada em relação a igual período de 2009, com crescimento de 47% em faturamento e 71,4% em volume, tendo embarcado 10,2 milhões de pares, o que gerou faturamento de US$ 44,4 milhões.

A Bahia também registrou crescimento, da ordem de 26,5% em faturamento e 52,1% em volume. Neste primeiro mês de 2010, as fábricas baianas enviaram ao exterior 716 mil pares, pelos quais receberam US$ 6,4 milhões.

A Paraíba, por sua vez, manteve a queda no faturamento (-7,4%) mas mostrou índices positivos nos embarques, com alta de 24,7%. Estatísticas dão conta que o Estado embarcou 2,7 milhões de pares, que geraram receita de US$ 7,2 milhões.

Por outro lado, algumas regiões ainda amargam queda. O Rio Grande do Sul mantém a liderança no ranking de faturamento, mas apresentou índices negativos neste início de ano. O déficit foi de 15,2% em faturamento e 21% em volume, com o embarque de 3,3 milhões de pares, equivalentes a US$ 73,9 milhões.

São Paulo enfrenta a mesma situação, tendo registrado recuo de 18,1% em faturamento e de 34,9% em volume. Foram 334,7 mil pares embarcados este ano, com receita de US$ 6,9 milhões.

Sintéticos e têxteis crescem

Avaliando as exportações de calçados por segmento, de acordo com o capítulo 64 da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), dois segmentos apresentaram índices positivos em janeiro de 2010, em relação a igual período do ano anterior. Os sintéticos (NCM 6402) mostram uma trajetória ascendente. Foram 20,5% de alta em faturamento e 51,9% em volume – resultado do embarque de 12,9 milhões de pares, que geraram receita de US$ 41 milhões.
Os produtos de cabedal têxtil (NCM 6404) apresentaram alta de 22,9% em divisas e 15,3% em volume. Este segmento exportou, em janeiro, 398 mil pares, com faturamento de US$ 6,6 milhões.

Os demais segmentos fecharam no negativo em ambos os quesitos. Os calçados injetados (NCM 6401) tiveram recuo de 69,2% em termos monetários e de 63,9% em quantidade embarcada. Isso é resultado do embarque de 48,7 mil pares ao exterior, equivalentes a US$ 336,8 mil.

Os artigos de couro (NCM 6403) mostraram saldo negativo de 7,1% em valores e 9,8% em quantidade. Foram embarcados, no período, 4 milhões de pares, com resultado financeiro de US$ 93,8 milhões.

Outros tipos de calçados, sem definição pela nomenclatura (NCM 6405), também reduziram seu envio. Foi registrada uma queda de 12,1% em faturamento e 41,7% em volume. Foram 63,2 mil pares embarcados (US$ 985,4 mil).

Balança positiva

A balança comercial do setor também começou o ano no azul. No primeiro mês do ano de 2010, a exportação apresentou alta de 0,1%, enquanto a importação despencou, mostrando resultado negativo de 39%. A corrente de comércio também registrou recuo, da ordem de 7,8%, o que resultou num saldo positivo de 13,2%.

Importações seguem em queda

Os efeitos da tarifa antidumping de US$ 12,47, imposta em setembro de 2009 sobre os calçados chineses, continuam sendo sentidos pelo setor calçadista. As importações, em janeiro deste ano, reduziram em 36%. O Brasil trouxe do exterior 2,45 milhões de pares, pagando US$ 22 milhões, o que também indicou uma queda de 39%. Da China, vieram 854 mil pares, representando uma queda de 70,5% sobre o volume de janeiro do ano passado. O pagamento reduziu em 70%. O Brasil pagou pelo calçados chineses US$ 7,2 milhões.
Do Vietnam vieram 429 mil pares, 11,2% a menos em comparação com o primeiro mês de 2009.

Fonte: ASCom Abicalçados

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