Da Redação
Brasília – As exportações brasileiras para a Venezuela registram entre os meses de janeiro e junho a maior queda de toda a série histórica e desabaram – 62.57% somando pouco mais de US$ 528 milhões. No mesmo período, as vendas venezuelanas ao Brasil totalizaram US$ 232 milhões. Nos seis primeiros meses do ano, o fluxo de comércio entre os dois países foi o mais baixo desde o ano de 2003. Este ano, o Brasil acumula um superávit de apenas US$ 296 milhões no comércio com a Venezuela. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
A mais aguda crise econômica enfrentada pela Venezuela em sua história recente é a principal responsável pela forte retração no comércio entre os dois países. Vale lembrar que em 2008 a Venezuela proporcionou ao Brasil um dos maiores saldos já registrados na história do comércio exterior brasileiro. Naquele ano, as trocas bilaterais geraram para o Brasil um superávit de US$ 4,611 bilhões. Esse saldo foi o resultado de exportações no montante de US$ 5,150 bilhões e importações no total de US$ 539 milhões.
Os números do primeiro semestre mostram que a Venezuela está cada vez mais distante da posição que sempre ocupou nas últimas décadas, quando o país se notabilizou por apareecer como um dos principais fornecedores de superávits para o Brasil em matéria de comércio exterior.
Entre os anos de 2008 e 2015, as trocas entre os dois países possibilitaram ao Brasil acumular um superávit de impressionantes US$ 55,208 bilhões, uma cifra que o Brasil jamais conseguiu obter com qualquer outro de seus parceiros comerciais num intervalo de dez anos.
Da mesma forma, 2008 ficou marcado na história do comércio bilateral como o ano em que a Venezuela teve a maior participação como destino final das exportações globais brasileiras, com um percentual de 2,60%. Ano passado, essa participação caiu para 1,56% e no primeiro semestre deste ano desabou para 0,59%.
De janeiro a junho, os quatro principais produtos exportados para a Venezuela registraram quedas expressivas. As carnes de frangos, que lideram a relação, geraram uma receita de US$ 63 milhões, uma queda de -35,41% sobre a cifra de US$ 97 milhões exportada em idêntico período de 2015. Ainda mais expressivas (-75,59%) foi a queda nas vendas de carne bovina, que passaam de US$ 250 milhões de janeiro a junho de 2015 para pouco mais de US$ 62 milhões no primeiro semestre deste ano. Igualmente expressiva foi a retração nas exportações de outras preparações para elaboração de bebidas, que somaram US$ 87 milhões em 2015 e minguaram para apenas US$ 52 milhões este ano, uma queda de -38,61%. Também merece ser destacada a queda nas exportações de bovinos vivos, dos quais a Venezuela sempre foi um dos principais mercados para o pecuaristas brasileiros em todo o mundo. No primeiro semestre de 2015 as exportações de gado vivo totalizaram US$ 53 milhões e este ano desabaram para US$ 8,380 milhões.
Em relação às exportações da Venezuela, chama a atenção o fato de que há muito tempo o petróleo, que durante anos foi, no passado, o carro-chefe das exportações para o Brasil, deixou de aparecer na relações dos principais itens vendidos ao País pelos venezuelanos. Este ano , apesar de amargar uma forte queda de -50,49%, a pauta exportadora venezuelana para o Brasil é liderada pelas naftas para petroquímica, com uma receita de US$ 107 milhões, contra US$ 215 exportados no primeiro semestre do ano passado.
Entre os dados positivos nas exportações venezuelanas, destaque para a ureia com teor de nitrogênio, que somaram US$ 48 milhões, uma alta de 191,05% sobre o total de US$ 16,320 milhões exportados no período janeiro-junho de 2015. Também tiveram aumento as vendas de energia elétrica, que passaram de US$ 18 milhões em 2015 para US$ 25 milhões no primeiro semestre deste ano.