O valor das exportações de mel alcançado nos dez primeiros meses de 2009 já superou o valor total exportado em 2008 e bateu o recorde do ano de 2003, quando a receita chegou a US$ 45,57 milhões
Regina Xeyla
Agência Sebrae de Notícias
Brasília (Comex-DF) – A cada ano, o mel brasileiro vem ganhando espaço no mercado internacional. Entre os meses de janeiro a setembro deste ano, já foram exportados 21,16 mil toneladas de mel, o que corresponde a uma receita de US$ 52,7 milhões.
“O valor das exportações de mel alcançado nos dez primeiros meses de 2009 já superou o valor total exportado em 2008, com US$ 43,57 milhões, que corresponderam a 18,27 toneladas e bateu o recorde do ano de 2003, quando a receita chegou a US$ 45,57 milhões”, comemora Reginaldo Resende, da Unidade de Agronegócios do Sebrae Nacional e coordenador da Rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis).
De setembro a outubro, o valor do quilo do mel aumentou de US$ 2,54 para US$ 2,57. Os dados são de levantamento realizado pelo Sebrae e a Rede Apis junto à Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). “Ao comparar 2009 com 2003, de fato, houve grande avanço. Fizemos um trabalho intenso para voltarmos ao mercado europeu. Hoje, todos os outros países são favoráveis ao produto brasileiro”, afirma a presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel), Joelma Lambertucci.
Ela destaca como aspectos favoráveis ao mel nacional, o fato do Brasil ser bem visto internacionalmente e pela grande procura do produto no mercado externo. Ela demonstra preocupação quando o assunto é concorrência. “Países como Índia, China, México e Argentina, ao longo prazo, poderão produzir um bom mel e com preços inferiores aos do Brasil”, afirma. Outros dois fatores que têm preocupado os produtores, segundo Joelma, “são as quebras de safra, devido às alterações climáticas, e a baixa do dólar. Este ano, cerca de 80% da safra foi perdida devido às mudanças do clima. Os produtores também não contavam com a queda do dólar”, destaca.
Na comparação com o último mês de agosto o aumento nas vendas ao exterior ficou em 34,2% em valor (US$ 5,03 milhões) e 32,4% em quantidade (1.955.148 quilos). Em setembro, São Paulo permanece liderando as exportações de mel, com o valor de US$ 1,27 milhão. Em seguida, vem Ceará (US$ 1 milhão), Santa Catarina (US$ 921 mil), Rio Grande do Sul (US$ 768.35 mil), Rio Grande do Norte (US$ 528.18 mil), Paraná (US$ 342.22 mil), Piauí (US$ 135.89 mil), Minas Gerais (US$ 42.72 mil) e Mato Grosso do Sul (US$ 846).
O mel brasileiro teve como principal destino os Estados Unidos. O país americano comprou, no mês de setembro, US$ 2,9 milhões, absorvendo 59,55% da produção exportada. Embora bons compradores, os americanos pagam US$ 2,50 pelo quilo do mel, valor abaixo da média US$ 2,57 o quilo. O segundo maior comprador é a Alemanha com US$ 1,14 milhão, o equivalente a 20,17% das exportações do produto. O País é o que melhor paga pelo mel nacional, US$ 2,79 o quilo. O terceiro lugar entre os compradores ficou com Reino Unido, com US$ 443.737 mil (8,4%), e o quarto, com o Canadá, com US$ 344.536 mil (3,8%). Também estão na lista de importadores Suíça, França, Japão, Coréia do Sul e Bolívia.
Mel orgânico
O Ceará, que em setembro respondeu por um quinto das exportações brasileiras de mel, obteve o melhor preço pelo mel exportado em setembro (US$ 2,74/kg), acima da média nacional de US$ 2,57/kg. Assim, como Rio Grande do Sul (US$ 2,68/kg), Santa Catarina (US$ 2,62/kg) e Paraná (US$ 2,59/kg). Os demais estados tiveram preços abaixo da média, sendo que o menor preço foi o recebido por Minas Gerais (US$ 2,28/kg). A Região Nordeste exportou US$ 1,7 milhão em mel, representando um terço do valor total das exportações brasileiras nesse mês (US$ 5.030.419,00).
O mel produzido no Ceará não é o mais caro por acaso. Cerca de 90% do mel produzido no Estado possui certificação orgânica, assim explica Paulo Levy, diretor-presidente da empresa Cearapi, situada na cidade de Crato, no sul do Ceará. “O mel orgânico agrega valor”, diz. Além da questão da certificação orgânica, segundo ele, outros fatores que demonstram a qualidade do mel é a cor. Quanto mais claro, melhor é o mel. Outro aspecto avaliado é a questão da umidade. O mel deve conter o mínimo de água. E, por fim, são levados em conta o aroma e o sabor.
“Tudo isso é determinado a partir da florada. No caso do mel orgânico, a florada é nativa e não recebe agrotóxico”, afirma Paulo. A Cearapi estima exportar, até o fim de 2009, 1,8 mil toneladas de mel. A empresa conta com 33 funcionários e mil produtores integrados, inspecionados e com certificação orgânica. Na visão de Paulo Levy, o mel orgânico ainda é difícil de ser comercializado, mas que possui mercado promissor. “O Ceará tem condições de produzir 100% mel orgânico, porém, hoje, ainda precisamos produzir 10% de mel comercial para manter as vendas”, disse. Os principais compradores da Cearapi são países da Europa e os Estados Unidos.