Estudo FDC com apoio da ApexBrasil traça perfil da internacionalização de empresas

Compartilhe:

Da Redação

Brasília – As empresas brasileiras tradicionais levaram, em média, 19 anos para se internacionalizar, enquanto as empresas jovens (fundadas a partir dos anos 2000) precisaram de apenas seis anos para dar início a esse processo. Por outro lado, as empresas chamadas “Born Global” (nascidas globais em uma tradução literal), demandam apenas oito meses após sua fundação para se lançarem no processo de internacionalização. Os Estados Unidos são o destino para a primeira internacionalização (apontados por 16% das empresas nacionais que atuam no exterior), seguidos pela Argentina (13,8%); Paraguai (12,2%); Uruguai (6,4%) e Portugal (4,3%).

Os dados constam da Pesquisa Trajetórias FDC de Internacionalização das Empresas Brasileiras, elaborada pela Fundação Dom Cabral (FDC), com apoio e patrocínio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) à qual o Comexdobrasil.com teve acesso

A edição de 2023 da Pesquisa, a décima-sexta da série, contou com um total de 237 empresas participantes que atuam no exterior por diferentes modalidades. Elas foram extraídas de um universo de mais de 7 mil empresas inicialmente mapeadas e a escolha final recaiu sobre aquelas que já são internacionalizadas ou estão em processo de internacionalização.

Segundo Lívia Barakat, professora da FDC e coordenadora do estudo, “para além dos desafios de concorrência nacional, as empresas que se internacionalizaram têm frequentemente de lidar com incertezas políticas, taxas de câmbio flutuantes, necessidades específicas dos consumidores locais, diferenças no estilo de gestão de cada país, barreiras logísticas, culturas desconhecidas, diferentes fusos horários, novos stakeholders, dentre outros desafios”.

Visões convergentes da FDC e ApexBrasil

Lívia Barakat sublinha ainda que as empresas brasileiras têm se aperfeiçoado para conquistar novos mercados. Segundo ela, “ao longo dos anos acompanhando o processo de internacionalização das empresas brasileiras, percebemos que, cada vez mais, elas passam a se preparar melhor para esse processo. Ao mesmo tempo em que elas se internacionalizam hoje com uma velocidade muito maior, impulsionadas muitas vezes pela transformação digital, elas também fazem os movimentos internacionais de forma mais integrada aos seus objetivos estratégicos, com metas muitas vezes ambiciosas”.

Por sua vez, Clarissa Furtado, Gerente de Competitividade da ApexBrasil, apoiadora e patrocinadora do estudo, destacou que “a ApexBrasil já tem mais de 20 anos de história, trabalhando em prol da internacionalização das empresas brasileiras. Muita coisa mudou nesse período. A transformação digital e os movimentos globais em busca de inovação e sustentabilidade trouxeram novas possibilidades, como a abertura de lojas ou escritórios virtuais e o aumento do número de empresas nascidas globais. O que permanece constante em todo este cenário é a importância de as empresas buscarem conhecimento, definirem estratégia e realizarem a gestão ágil de seus recursos no mercado internacional. Daí, a importância de estudos como esse”.

De acordo com a FDC, a amostra final de 237 empresas representa um crescimento em relação às edições anteriores da pesquisa pelo fato de que se passou a incluir empresas que atuam no exterior por exportação, presença virtual, acesso a mercados de capital e equipes de P&D em trabalho remoto.

Características das empresas participantes

A Pesquisa chegou a algumas conclusões relevantes como:

  • 62% das empresas participantes foram fundadas antes dos anos 2000.
  • Mais da metade das empresas da amostra possui matriz na região Sudeste, sendo que quase 40% delas estão no estado de São Paulo.
  • A região Sul ocupa o segundo lugar na concentração das matrizes, com 40% das empresas.

A distribuição das empresas por porte, de acordo com a categorização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é a seguinte:

  • Média empresa: 50,4%
  • Grande empresa: 23,9%
  • Microempresa: 12,8%
  • Pequena empresa: 12,8%

Primeira internacionalização

O estudo da FDC, apoiado e patrocinado pela ApexBrasil, revela que os principais destinos para a primeira internacionalização estão no continente americano, com foco nos Estados Unidos, Argentina e Paraguai. O primeiro destino fora das Américas para início da internacionalização é Portugal, muito em função dos laços históricos e similaridades culturais com o Brasil.

O ranking de destino da internacionalização das empresas brasileiras é o seguinte:

1)      Estados Unidos (16,0%)

2)      Argentina (13,8%)

3)      Paraguai (12,2%)

4)      Uruguai (6,4%)

5)      Portugal (4,3%)

6)      Colômbia (3,2%)

7)      Reino Unido (3,2%)

8)      Angola (2,7%)

9)      Chile (2,7%)

10)  Itália (2,7%)

11)  Peru (2,7%)

12)  Alemanha (2,1%)

13)  Bolívia (2,1%)

14)  França (1,6%)

15)  Japão (1,6%)

16)  México (1,6%).

Tempo de internacionalização

O estudo mostra ainda que para a maior parte das empresas, a exportação foi a primeira modalidade de entrada em outros mercados e apenas 13,4% das empresas deram início à internacionalização com modalidades que envolvem investimento direto no exterior.

As empresas participantes da pesquisa levaram, em média, 20 anos para se internacionalizar. Quando realizado um recorte entre empresas tradicionais (fundadas antes do ano 2000) e empresas jovens (fundadas a partir dos anos 2000), é possível ver diferenças significativas na velocidade da internacionalização.

As empresas tradicionais levaram em média 19 anos para se internacionalizar, enquanto as mais jovens levaram apenas seis anos. Ainda se observou que startups se internacionalizaram mais rápido, em média quatro anos após sua fundação. Por fim, a média de tempo gasto pelas empresas consideradas “Born Global” é apenas oito meses após sua fundação, o que mostra como algumas empresas, de fato, já nascem focadas em atender ao mercado internacional

Tags: