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Estudo da AEB projeta para 2024 superávit comercial de US$ 92,772 bilhões

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Da Redação

Brasília – A balança comercial brasileira deverá fechar o ano de 2024 com um superávit de US$ 92,772 bilhões, contra US$ 96,187 bilhões estimados para este ano. A projeção consta da previsão para a balança comercial divulgada hoje (13) pela Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB)2.

Até a segunda semana de dezembro, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o saldo da balança comercial ficou positivo em US$ 93,296 bilhões e a corrente de comércio (exportação+importação) totalizou US$ 547,266 bilhões

A expectativa da AEB é de que no próximo ano as exportações totalizem US$ 334,517 bilhões, retração de -0,6% comparativamente com as vendas no valor de US$ 336,532 bilhões contabilizados em 2022. Em relação às importações, a Associação projeta US$ 241,745 bilhões, uma leve alta de +0,6% sobre os US$ 96,187 bilhões embarcados no ano passado.

Ao elaborar as estimativas para o comércio exterior brasileiro em 2024, o presidente da AEB, José Augusto de Castro, condiciona à aprovação de reformas estruturantes a obtenção de resultados ainda mais expressivos no comércio exterior brasileiro. estruturantes.

Entre  elas, o executivo destaca a reforma tributária, que tramita no Congresso Nacional e somente deverá ser aprovada no primeiro semestre do próximo ano. Segundo ele,” um novo arcabouço tributário criará condições para se alcançar impactos positivos na redução do Custo Brasil e gerar maior competitividade nas exportações, especialmente de produtos manufaturados”.

Sem essas reformas, sublinha o documento da AEB, as exportações de bens industrializados vêm caindo, ano após ano. Após responderem por 59% da pauta exportadora no ano 2000, ano passado as vendas externas do segmento foram responsáveis por apenas 28% das exportações totais brasileiras.

Dependência das commodities

O estudo divulgado pela AEB que o Brasil segue altamente dependente das exportações de commodities. Todos os 15 principais produtos exportados pelo Brasil em 2023 são commodities. Soja, petróleo e minério de ferro devem responder por 37,05% das exportações totais projetadas para 2024, ante a estimativa de um percentual de 37,09% em 2023.

A projeção da balança comercial da AEB destaca ainda que após alcançar o último superávit de US$ 7 bilhões em 2005, a indústria manufatureira viu seus valores de exportação despencar até atingir em 2022 o déficit comercial estratosférico de US$ 128 bilhões. Neste ano, graças a uma contração de -11% nas importações, a previsão de déficit comercial para o segmento foi reduzida para US$ 109 bilhões.

Para José Augusto de Castro, “o Brasil segue, e seguirá nos próximos anos, altamente dependente das exportações de commodities, com os produtos manufaturados sofrendo o impacto negativo da falta de competitividade decorrente do Custo Brasil”.

Conjuntura internacional

O presidente da AEB falou sobre possíveis reflexos da conjuntura internacional no comércio exterior brasileiro e segundo ele “há uma calmaria total. Também as variações dos produtos este ano, em relação a 2022, foram muito pequenas. E 2024 sinaliza, pelo menos neste momento, que deve ficar mais ou menos assim”. Castro avalia, entretanto, que no segundo semestre do próximo ano podem surgir novos fatos com reflexo nos preços.

Ele se referiu a algum fato político ou econômico que poderá ocorrer e afetar o cenário atual de tranquilidade no comércio. A seguir, indicou que o conflito entre Israel e o grupo extremista Hamas não teve impacto nenhum.

“É como se o mercado estivesse aceitando tudo passivamente. Nada acontece que possa modificar o comércio”, opinou. Contudo, admitiu que fatores podem resultar em alterações, “como mudanças geopolíticas envolvendo China, Estados Unidos e Rússia. Mas, por ora, não são suficientes para impactar o comércio mundial”, acrescentou.

Argentina

O presidente da AEB comentou também os reflexos da posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, para o comércio brasileiro. Ele acredita que podem vir consequências positivas.

“Se a Argentina tiver sorte e não houver quebra de safra, ela vai colher grande safra de soja e milho. Isso fará com que a balança argentina tenha mais dinheiro para importar, o que seria favorável ao Brasil. Não imagino que, agora, Milei vá querer aproximação com a China, abandonando o Brasil”, opinou.

Castro confia que algo positivo pode acontecer na Argentina em 2024, principalmente em termos de aumento da produção. “E, se tiver um pouco mais de sorte, em aumento de preço”. Apontou, porém, que a possibilidade de dobrar a produção agrícola vai depender das condições climáticas.

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