Brasília – Os sistemas produtivos globais, a cada dia, convergem para práticas sustentáveis que consideram os impactos ambientais, sociais e de sua governança. Seja pela iminência da implementação de pactos globais nesse sentido, como a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, seja pelas opções cada vez mais conscientes dos consumidores, não é possível para empresas de todos os setores passarem ao largo da adoção desses princípios. Para a indústria do agronegócio e de alimentos e bebidas, então, as exigências são cada vez maiores.
Na 28ª edição da Gulfood, a maior feira B2B do ramo no Oriente Médio, essa preocupação estará presente. Organizadora da participação brasileira no evento, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em conjunto com entidades parceiras, promove algumas ações para divulgar as práticas de sustentabilidade e de governança ética do agronegócio brasileiro e da indústria de alimentos e bebidas.
“Para além da qualidade dos produtos, é a própria imagem das empresas que tem impactado definitivamente as opções de compra dos consumidores. Então, é fundamental comunicar as boas práticas das iniciativas que apoiamos, para conquistarmos novos mercados e mantermos aqueles que já negociam com o Brasil”, disse a gerente do Agronegócio da ApexBrasil, Paula Soares.
Uma das ações é realizada pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). O estande, habitué da Gulfood e reconhecido por servir churrasco de cortes brasileiros durante o evento, é resultado da parceria da Abiec e da ApexBrasil no projeto setorial Brazilian Beef. Esse ano, além dos negócios, a ideia é divulgar por meio de QR codes e peças audiovisuais as ações sustentáveis empreendidas pelas 15 empresas associadas da ABIEC que irão expor na feira.
A pecuária brasileira vem trabalhando para contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), metas globais assumidas pelos países-membros para proporcionar uma vida mais digna às pessoas mundo afora. Em 2021, a pecuária nacional criou 140 mil empregos, um salto de 285% em relação a 2020, sendo que o setor emprega, atualmente, 7 milhões de pessoas.
Esse nível de empregabilidade garante que famílias brasileiras escapem da pobreza, de acordo com o ODM 1, além de colocar carne nas mesas de 800 milhões de pessoas no Brasil e no mundo, garantindo que elas não passem fome (ODM 2) e contribuindo para a segurança alimentar global. Outro destaque é que 98,7% da demanda de água para manutenção dos rebanhos brasileiros é suprida pela chuva. Ou seja, o consumo de águas de rios e mananciais é mínimo, em acordo ao ODM 6, mostrando a eficiência da indústria nacional frente uma das grandes críticas dirigidas ao setor no Brasil e no mundo.
Segundo o responsável pelas relações institucionais da Abiec, Ricardo Nissen, “os produtores brasileiros sabem da importância que a sustentabilidade tem, não somente para as exportações, mas para garantir a saúde do meio ambiente e das populações. A cada dia, mais do que uma exigência institucional e regulatória, adotar medidas de sustentabilidade e práticas ESG (responsáveis com o meio-ambiente, a sociedade e a governança ética) tornou-se um item de competitividade e de manutenção das próprias indústrias”, destacou.
Prêmio
O Brasil também é protagonista em uma das principais ações realizadas pela feira em prol da sustentabilidade: a premiação Gulfood Green Awards. O prêmio reconhece o empenho de empresas que incentivam boas práticas das mais diversas formas. A Distillerie Stock do Brasil (D’Stock) é uma das concorrentes, com o Kaly de guaraná, um xarope feito do extrato da fruta.
Há alguns anos, na busca por fornecedores responsáveis, a D’Stock optou por trabalhar com a Duas Rodas Industrial Ltda, uma fabricante de sabores para o setor de alimentos e bebidas, entre outros produtos. O guaraná produzido pela fornecedora é coletado pela comunidade indígena Maués, presente em diversas localidades nos estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e, também, no Rio de Janeiro e São Paulo.
A produção de guaraná pela empresa foi certificada por suas práticas éticas pela ONG suíça Fair For Life. A certificação garante que ela salvaguarda os direitos humanos, garante condições de trabalho boas e dignas e promove a biodiversidade e práticas de agricultura sustentável, além de criar mecanismos para impactar positivamente a comunidade local.
Os maués preservam as práticas tradicionais de coleta e produção do xarope da fruta e acreditam que a planta do guaraná é sagrada, tão valiosa quanto ouro. “Os maués vivem disso, eles cuidam e mantêm a terra e a floresta, pois dela vem o seu sustento, e nós, ao comprarmos sua produção, incentivamos a manutenção dessa tradição”, comenta a diretora executiva da D’Stock, Valéria Cristina Nadal. A multinacional tem mais de 80 anos de experiência no mercado de bebidas como licores, gin, aperitivos e o Kaly. Este ano, participará da Gulfood pela terceira vez, sempre com o apoio da ApexBrasil.
Segundo Valéria, o mercado no Oriente Médio é muito promissor. “Os Emirados Árabes Unidos são excelente mercado para o Kaly, pois eles adoram a soda italiana, que consiste em água com gás misturada com o xarope e com frutas. No ano passado, estivemos na Gulfood e fizemos mais de 70 contatos, alguns dos quais já renderam negócios e outros que prevemos fechar este ano na feira”, conclui a diretora. A Gulfood 2023, realizada em Dubai, abrirá suas portas para as empresas brasileiras e para o mundo entre os dias 20 e 24 de fevereiro.
(*) Com informações da ApexBrasil
