Mônica Monteiro (*)
Em junho, tive a honra de participar de uma delegação brasileira em dois eventos do BRICS na Rússia e na China, com o objetivo de criar pontes, estabelecer parcerias e sinergias e destacar o potencial criativo das mulheres brasileiras. Participamos do Fórum de Empreendedorismo Feminino do BRICS em São Petersburgo (Moscou) e, na sequência, do Fórum de Liderança Feminina dos BRICS em Pequim (China) foi um marco de extrema relevância.
Hoje, a presença feminina no empreendedorismo dos países do BRICS é de apenas 23%, de acordo com a Aliança Empresarial Feminina dos BRICS. Esse número reflete realidades diversas dos 10 países integrantes do bloco: África do Sul, China, Índia, Rússia e Brasil e os recém-chegados Irã, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Egito e Arábia Saudita.
Nossa meta é aumentar essa participação, principalmente através de ações empresariais lideradas por brasileiras. As mulheres têm o potencial de desempenhar um papel crucial no mecanismo dos BRICS, promovendo cooperação e interação entre os países membros. Para isso é muito importante a criação de políticas de contratação sem distinção de gênero, desenvolvimento de competências, ampliação da diversidade na indústria e do comércio em geral. Por isso, iniciativas como o Fórum Nacional da Mulher Empresária (FNME) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), do qual sou presidente junto com 30 conselheiras, é uma iniciativa importante para um maior impacto neste sentido.
O Brasil assumirá a presidência da Aliança Empresarial Feminina em 2025, o que só faz crescer nossa responsabilidade. Estamos focadas em aumentar o número de negócios entre os países, liderados por mulheres empreendedoras. Um dos maiores desafios é criar um fundo atrativo para aumentar o fluxo de investimentos. Também é fundamental organizar mais missões entre os países, permitindo que empresárias e executivas conheçam novas culturas e identifiquem pontos de sinergia. Conhecer as pessoas e seus ambientes é essencial para fechar negócios.
Um dos setores mais promissores, inclusive no Brasil, é o STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática). Até 2025, espera-se a criação de 180 mil oportunidades de emprego nesse setor, que tradicionalmente oferece bons salários. Atualmente, cerca de 28% das vagas são ocupadas por mulheres. Ainda é pouco. Em países como Rússia e China, este percentual chega a alcançar 50%! É necessário incentivar que meninas busquem essas carreiras, rompendo estereótipos e combatendo preconceitos de gênero.
No próximo ano, com a presidência brasileira dos BRICS, promoveremos diversos encontros empresariais multissetoriais para expandir oportunidades de negócios. Encontros sobre bioeconomia, descarbonização, transição energética, transformação digital, saúde e segurança alimentar buscarão soluções inovadoras criadas por mulheres. Exportar não é fácil, mas o mundo quer conhecer os produtos e serviços do Brasil. E nós seremos essa vitrine.
Este é um momento único para as empreendedoras brasileiras. Juntas, podemos criar um futuro mais igualitário e próspero, não apenas para nós, mas para todas as mulheres dos países do BRICS. A colaboração e o intercâmbio de ideias são essenciais para o nosso crescimento e sucesso. Vamos continuar a construir essas pontes e a explorar novas oportunidades e sinergias, mostrando ao mundo o talento e a inovação das mulheres brasileiras.
(*) Mônica Monteiro, chairperson do capítulo brasileiro da Aliança Empresarial Brasileira dos WBA BRICS, presidente do FNME da CNI e Consultora de Comunicação Institucional da CACB