Presidente Luiz Inácio Lula da Silva Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Em visita à Etiópia e ao Egito, Lula projeta resgate das relações com a África

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Da Redação

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitará o Egito nos dias 14 e 15 de fevereiro (datas ainda não anunciadas oficialmente pelo governo brasileiro) antes de seguir para a Etiópia, onde participará do Congresso da União Africana (UA), dias 17 e 18 em Adis Abeba, ao qual estarão presentes os chefes de Estado dos 54 países africanos.

A participação na cúpula da UA inaugura a agenda internacional do presidente Lula da Silva em 2024. Com a viagem à Etiópia e ao Egito, a ideia é dar início à implementação do plano de recuperação e fortalecimento das relações entre o Brasil e a África, relegadas no ostracismo durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Se a passagem pela Etiópia tem, conforme palavras do próprio presidente Lula da Silva, o objetivo de “começar a pagar a dívida histórica que o Brasil tem com a África”, a visita à cidade do Cairo terá como foco principal a ampliação do comércio e da cooperação, nas áreas do agronegócio e da segurança alimentar, com uma das mais sólidas economias africanas e segundo país de destino das exportações brasileiras na região.

Egito, parceiro relevante

Nos últimos anos, o Egito vem se consolidando como um dos principais parceiros comerciais do Brasil no continente africano. Mas no ano passado as exportações para aquele país tiveram uma forte queda de 18,4% para US$ 2,320 bilhões e o Egito figurou como o 31º. país de destino das exportações brasileiras.

Com uma retração ainda mais acentuada – de 23,6% – as exportações egípcias para o Brasil somaram US$ 489 milhões.  A corrente de comércio egípcio-brasileira (exportação+importação) totalizou US$ 2,809 bilhões e a balança bilateral fechou o ano passado com um superávit de US$ 1,831 bilhão em favor do Brasil.

As exportações brasileiras para o Egito se concentram em commodities agrícolas e minério de ferro, e em 2023 os principais bens embarcados para o país africanos foram açúcares e melaços (US$ 550 milhões); milho não moído (US$ 402 milhões), minério de ferro (US$ 391 milhões); carne bovina (US$ 244 milhões); e carne de aves (US$ 123 milhões).

Por outro lado, o Egito tem nos adubos ou fertilizantes químicos o principal produto da pauta exportadora para o Brasil. O item respondeu em 2023 por 54% de todo o volume exportado, no total de US$ 265 milhões. Outros produtos embarcados pelos egípcios foram legumes, raízes e tubérculos (US$ 39 milhões); e demais produtos da indústria de transformação (US$ 21 milhões).

Com a visita do presidente Lula da Silva ao Cairo, acompanhado por um grupo de empresários brasileiros, a expectativa é de iniciar pelo Egito a retomada de espaços no continente africano e aproveitar melhor as oportunidades comerciais na região e de alguma maneira tentar recuperar terreno perdido para uma China cada vez mais agressiva e dominante nas relações da África com seus parceiros, entre eles o Brasil.

Abertura de mercados

Ao final de 2023, o governo do Egito anunciou a abertura do mercado para as exportações brasileiras de pescados e produtos derivados. As importações egípcias de pescados somaram mais de US$ 550 milhões no ano passado.

Com essa decisão, deu-se mais um passo rumo ao crescimento das vendas para o país que em 2023 foi o principal destino dos produtos agropecuários brasileiros na África e o décimo-terceiro no mundo, com um total de US$ 2,27 bilhões exportados.

O anúncio somou-se à abertura, pouco antes, do mercado agrícola para o algodão em pluma e para gelatina e colágeno de origem brasileira. Esses são produtos em relação aos quais o Egito também realiza importações relevantes, o que deverá contribuir para que a partir deste ano as exportações para o país retomem a curva ascendente e interrompam as quedas registradas nos últimos dois anos.

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