Da Redação
Brasília – Em janeiro, o Brasil acumulou importantes deficits no intercâmbio comercial com seus três maiores parceiros no comércio exterior: China, Estados Unidos e Alemanha. Os dados se referem a um mês isolado e ainda é cedo para considerar a configuração de uma tendência a ser confirmada mas os saldos negativos aconteceram nas trocas com os países com os quais o Brasil tradicionalmente conquistou superávits expressivos, como é o caso da China.
De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, a mudança mais brusca de trajetória aconteceu justamente em relação à China, maior parceiro comercial do Brasil tanto nas exportações quanto nas importações. No primeiro mês do ano, as trocas bilaterais proporcionaram aos chineses um superávit de US$ 1,566 bilhão, graças a uma queda de 8,77% nas vendas brasileiras para o gigante asiático.
Deficit recorde com os chineses
Os dados da Secex mostram que as exportações brasileiras somaram US$ 3,493 bilhões, correspondentes a 24,2% do total embarcado pelas empresas brasileiras para o exterior. Na outra ponta, as vendas chinesas para o Brasil tiveram um ligeira alta de 0,52% e geraram receita no total de US$ 5,059 bilhões. Com isso, a China ficou com uma fatia de 31,3% de todo o volume importado pelo Brasil, um percentual récorde jamais alcançado pelo país nas vendas ao mercado brasileiro.
Do lado brasileiro foram registradas em janeiro quedas importantes nas exportações em todas as categorias por valor agregado. Em relação aos produtos básicos, a retração foi de 5,3% para US$ 3 bilhões. Com isso, as commodities como soja, minério de ferro e petróleo, responderam por 85,9% das vendas totais do Brasil aos chineses. No tocante aos semimanufaturados, a receita teve uma redução de 25,9% e somaram US$ 416 milhões, correspondentes a 11,9% do total embarcado para a China. Retração igualmente importante, da ordem de 21,5% foi registrada nos embarques de produtos manufaturados, que somaram apenas US$ 75 milhões, equivalentes a 2,16% do total vendido aos chineses.
Os números acima se referem a um único mês, janeiro, e não é possível afirmar se esses dados se confirmarão no decorrer do ano mas ainda assim eles podem trazer embutidos os indícios de uma tendência de mudança nas trocas com os chineses. E segundo analistas de comércio exterior aguarda-se com expectativa os dados da balança comercial de fevereiro, que certamente serão afetados pela epidemia de coronavirus que assola a China e vem atingindo duramente o comércio exterior chinês com seus principais parceiros comerciais em todo o mundo.
Saldo negativo com os EUA tem forte alta
Em todo o ano de 2019 o Brasil acumulou um deficit de US$ 374 milhões no intercâmbio comercial com os Estados Unidos, segundo maior parceiro comercial do país. O saldo negativo resultou de exportações no montante de US$ 9,716 bilhões e importações da ordem de US$ 30,090 bilhões. Em um único mês deste ano, janeiro, o resultado negativo nas trocas com os americanos saltou para US$ 847 milhões, com importações no valor de US$ 1,617 bilhão e importações totalizando US$ 2,464 bilhões.
As exportações de produtos básicos tiveram uma alta de 11,0% para US$ 255 milhões, correspondentes a 15,8% do total embarcado. Já as vendas de semimanufaturados apresentaram uma forte redução de 36,5%, totalizando US$ 345 milhões (21,5% das exportações totais). Queda igualmente relevante ocorreu nos embarques de produtos manufaturados, que caíram 32,4%, gerando uma receita de US$ 1,002 bilhão, com uma participação de 62,9% nas vendas totais para o mercado americano.
Saldo negativo de US$ 716 milhões no comércio com a Alemanha
Terceiro maior parceiro comercial do Brasil, consideradas exportações e importações, a Alemanha teve em janeiro um superávit de US$ 716 milhões no intercâmbio comercial com o Brasil. O saldo é resultado de exportações no total de US$ 1,018 bilhão e importações no total de US$ 302 milhões. Em janeiro, as exportações brasileiras para a Alemanha tiveram uma forte queda de 32,04% enquanto as vendas alemãs para o Brasil apresentaram uma elevação de 13,96%.
Foram registradas quedas significativas nas três principais categorias por valor agregado: -12,3% em relação aos produtos básicos, com receita de US$ 204 milhões: -82,8% nas vendas de semimanufaturados (no total de US$ 17 milhões) e contração de -32,5% nos embarques de bens industrializados, que totalizaram US$ 80 milhões.