Fonte: ANBA
São Paulo – As exportações brasileiras de arroz alcançaram 450 mil toneladas de março a novembro deste ano, acima da previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que eram de 400 mil toneladas para a safra toda, que começou em março e termina em fevereiro do ano que vem. O diretor comercial do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Rubens Silveira, afirma que, levando em conta o câmbio desfavorável e a queda de produção, as exportações estão indo bem. “Mas precisamos exportar mais”, afirma Silveira.
De março até novembro, as vendas internacionais do setor renderam US$ 111,7 milhões. Na safra anterior, de março de 2009 a fevereiro de 2010, a receita externa ficou em US$ 273,2 milhões e o volume exportado em 894,7 mil toneladas. Os grandes compradores do arroz brasileiro, segundo Silveira, são países da África, como Nigéria, Angola e Benin. O mercado árabe recebe apenas entre 1% e 2%. “O Oriente Médio tem potencial como comprador de arroz, mas temos pouco acesso ao mercado de lá”, diz Silveira.
A previsão do Irga é que a exportação de arroz chegue, até o final da atual safra, a 550 mil toneladas ou 600 mil toneladas. Os produtores têm interesse em exportar mais, mesmo o Brasil importando arroz, para ter um preço mais favorável. A meta é exportar sempre 10% da safra gaúcha, explica Silveira, para que os produtores ganhem também uns 10% de adicional no preço. O Rio Grande do Sul responde por mais de 60% da colheita nacional. Na safra passada, o estado colheu 6,8 milhões de toneladas de arroz e o país, 11,3 milhões de toneladas.
No próximo período, que começa em março do ano que vem, a perspectiva é que a produção aumente, passando para 8,5 milhões de toneladas no Rio Grande do Sul e para 12,5 milhões de toneladas no Brasil. Todo o aumento deverá vir das lavouras gaúchas. Com essas estimativas, deve haver também mais exportação. Na atual colheita a safra foi prejudicada pelo efeito El Niño, que traz muitas chuvas, o que é desfavorável para o arroz. Mas para o próximo período é esperada a La Niña, que traz clima seco, bom para a cultura.
Silveira explica que as exportações de arroz são prejudicadas pelo chamado “custo Brasil”, o que inclui desde impostos até problemas de logística. O diretor comercial conta que o Uruguai, por exemplo, consegue vender arroz mais barato do que o Rio Grande do Sul para o Nordeste em função dos gaúchos terem custos maiores de frete com cabotagem – apesar de estarem no mesmo país – e pagarem Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Os produtores encaminharam, na última semana, para a Câmara Setorial do Arroz, pedido de desoneração das exportações do produto. A ideia é que sejam isentos de impostos para exportação volumes de arroz similares aos importados pelo Brasil do Mercosul. De acordo com Silveira, o setor vem pedindo a medida, como compensação para importações do Mercosul, há dois anos, mas agora o projeto será encaminhado pela Câmara Setorial para o governo federal. A Câmara é formada por representantes do governo, setor privado e entidades setoriais.