Da Redação
Brasília – No próximo dia 8 de maio, Brasil e Vietnã comemoram o 30º. aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas e num período de apenas três décadas o país asiático se transformou no principal parceiro comercial brasileiro na Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), integrada, além do Vietnã, pela Indonésia, Malásia, Filipinas, Singapura, Tailândia, Brunei, Myanmar, Camboja e Laos.
Até o ano de 2001, o comércio entre o Brasil e o Vietnã praticamente inexistia. Naquele ano a corrente de comércio entre os dois países somou apenas US$ 29 milhões. Dezessete anos depois, em 2018, o fluxo comercial bilateral saltou para US$ 4,253 bilhões, com exportações brasileiras no montante de US$ 1,932 bilhão e vendas vietnamitas no valor de US$ 2,321 bilhões. Ano passado, o Vietnã ocupou a 29ª. posição no ranking das exportações do Brasil e o 16º. lugar entre os maiores exportadores para o mercado brasileiro.
Para se ter uma ideia da crescente participação do Vietnã como parceiro comercial do Brasil, no ano passado o país esteve à frente de parceiros tradicionais e vizinhos brasileiros, como o Paraguai (corrente de comércio de US$ 4,201 bilhões, Peru (US$ 3,970 bilhões) e Uruguai (fluxo comercial de US$ 3,169 bilhões).
E a tendência é de que as trocas entre os dois países alcancem patamares ainda mais expressivos. Para isso muito contribuem os acordos firmados em julho do ano passado, por ocasião da visita a Brasília do vie-primeiro ministro do Vietnã, Vuong Dinh Hue. Na oportunidade foram adotadas medidas beneficiando os setores de aviação, agropecuária e comércio exterior, entre outros
Durante a visita foi assinado um memorando regulamentando o intercâmbio de sementes e raças animais, a troca de informações técnicas e de documentos entre os países, bem como a organização conjunta de seminários técnicos, workshops, conferências e exposições setoriais, envolvendo especialistas e cientistas das duas partes para formular e implementar projetos de pesquisa na área agrícola.
Comércio bilateral em ascensão
Em 2019, o intercâmbio comercial com o Vietnã tem sido marcado por um forte aumento das exportações brasileiras, que tiveram uma consistente elevação de 75,38% entre os meses de janeiro e março e totalizaram US$ 530 milhões. Na outra ponta, as exportações vietnamitas registraram uma queda de 11,87% para US$ 556 milhões.
Apesar da alta nas exportações, o fluxo de comércio com o Vietnã tem uma forte –e para o Brasil incômoda- concentração nos produtos primários, de baixo valor agregado e na avaliação de funcionários da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia, serão realizados esforços visando inserir bens manufaturados na relação dos principais itens exportados para o país asiático.
Nos três primeiros meses deste ano, os produtos básicos responderam por 85,7% do total embarcado pelas empresas brasileiras para o Vietnã, no valor de US$ 455 mihões, enquanto os bens manufaturados ficaram com uma fatia de apenas 7,12%, equivalentes a US$ 38 milhões.
Os principais produtos exportados para o Vietnã foram milho em grãos (US$ 207 milhões e participação de 39% nos embarques), soja (US$ 85 milhões e 16% de participação), algodão em bruto (US$ 58 milhões e 11%), farelo de soja (US$ 33 milhões e 6,2%) e couros e peles (US$ 19 milhões, equivalentes a 3,6% do total embarcado).
Do lado vietnamita, a situação é diametralmente oposta: de um total de US$ 556 milhões exportados para o Brasil, 94,5% envolveram produtos manufaturados, enquanto os bens primários responderam por apenas 5,86%, no total de US$ 33 milhões.
Os principais produtos exportados pelo Vietnã para o Brasil no primeiro trimestre do ano foram circuitos impressos e outras partes para aparelhos de telefonia (US$ 212 milhões), calçados (US$ 46 milhões), circuitos integrados (US$ 43 milhões), partes de aparelhos transmissores ou receptores (US$ 38 milhões) e demais produtos manufaturados (US$ 23 milhões).