Dubai planeja tornar-se centro mundial do mercado halal e defende unificar procedimentos

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Isaura Daniel/ANBA

Alawadi: Dubai pode ser hub para Brasil
Alawadi: Dubai pode ser hub para Brasil

São Paulo – O emirado de Dubai quer ser centro mundial do comércio halal e está trabalhando para unificar globalmente os procedimentos desse mercado. Os temas foram debatidos nesta segunda-feira (19) no Hotel Renaissance, na capital paulista, durante encontro promovido pela Dubai Exports, agência de fomento às exportações de Dubai, e pelo Consulado Geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo. Da conferência participaram empresários brasileiros e de Dubai, representantes de governos, entidades setoriais e outros organismos.

“Queremos fazer de Dubai um centro mundial de comércio halal”, disse o presidente da Dubai Exports, Saed Alawadi, aos brasileiros. O executivo falou sobre o potencial do mercado halal na abertura do encontro e um dos focos dos debates que se seguiram foi a padronização global das regras para o mercado halal. O emirado lidera movimento para criar um padrão de normas e certificações que sejam seguidos por todos os países que consomem halal. Atualmente, as certificadoras de produtos halal precisam se credenciar em cada um dos países que atendem.

Um dos palestrantes, o presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), Mohamed Zoghbi, disse que apoia a iniciativa de Dubai e que o Brasil, maior produtor de proteína animal halal do mundo, deve participar dessa discussão, assim como todas as autoridades interessadas no tema. Ele afirmou que o Brasil construiu sua padronização e sugeriu que ela seja adotada globalmente, já que se adequa ao mundo todo. “Temos standards elaborados que atendem as exigências de qualquer país islâmico”, disse.

O Centro de Desenvolvimento de Economia Islâmica de Dubai (DIEDC) desenvolveu uma estratégia para atuar com o mercado halal em sete frentes: comidas e produtos farmacêuticos, design, conhecimento, finanças, turismo familiar, economia digital e padronização. Os produtos e serviços halal são todos que foram produzidos e estão em conformidade com a Sharia, lei muçulmana. No caso da carne bovina, o animal deve ser abatido com a cabeça virada para Meca e todo o seu sangue deve ser escorrido.

Isaura Daniel/ANBA

Conferência, almoço e rodadas de negócios
Conferência, almoço e rodadas de negócios

As regras pedem que seja levada em conta a saúde do consumidor e prezam pela qualidade e higiene dos produtos, então estes itens são procurados não apenas pelos muçulmanos. “É para todos que querem produtos éticos”, disse o presidente da Dubai Export. Entre outros números citados, Zoghbi disse que esse mercado movimenta só em alimentos US$ 1 trilhão, além de US$ 135 bilhões no turismo e US$ 36 bilhões em cosméticos.

O encontro desta segunda-feira faz parte de uma missão promovida por Dubai ao Brasil, Paraguai e Argentina com o objetivo de fortalecer os laços econômicos do emirado com os três países. Em entrevista à ANBA, o presidente da Dubai Exports afirmou que há na delegação presente no Brasil desde empresários que querem exportar até os que querem importar, atrair investimentos brasileiros e os que procuram oportunidades de investimento.

Segundo o cônsul geral dos Emirados em São Paulo, Saleh Ahmed Al Suwaidi, os Emirados estão entre os 20 principais parceiros comerciais do Brasil. Ele afirmou que metade do comércio do Brasil com os Emirados vem de São Paulo. A chefe da assessoria especial para Assuntos Internacionais do governo do Estado de São Paulo, Ana Paula Fava, apresentou o potencial econômico do estado no encontro, e o superintendente federal de Agricultura no Estado de São Paulo, Francisco Sergio Ferreira Jardim, convocou os presentes ao intercâmbio comercial.

Isaura Daniel/ANBA

Kulkarni: perfumes para o mundo
Kulkarni: perfumes para o mundo

Essa é a quarta missão do gênero que Dubai promove ao Brasil. “Conseguimos aumentar a percepção do Oriente Médio e o potencial que temos a oferecer”, afirmou Alawadi. Um dos objetivos é fazer com que os brasileiros usem o emirado como “hub” para exportar ao Oriente Médio e que o Brasil também seja um “hub” para as empresas do país árabe na América Latina. O presidente da Dubai Export citou a abertura de um escritório de Dubai no Brasil no ano passado como um importante passo para o estreitamento das relações.

Após os debates e o almoço, foram promovidas rodadas de negócios entre os empresários do Brasil e os dos Emirados no Renaissance. Entre as empresas participantes estavam a Dubai South, empresa de projetos de expansão imobiliária do emirado. A companhia é responsável por uma zona franca e o vice-presidente desta área, Shoaib Al Rahimi, estava presente na missão com o objetivo de atrair empresas para se estabelecerem no local.

Também participa da delegação a indústria de perfumes Nabeel, que tem cinco fábricas nos Emirados, e vende para cerca de 60 países. De acordo com o gerente geral de operações, Raghu Kullkarni, que participava das rodadas, a empresa pretende encontrar um distribuidor para seus produtos no Brasil. A companhia exporta entre dez e 15 contêineres por dia.

A missão terá agenda no Brasil ainda nesta terça-feira (20), com encontros com empresários brasileiros pela manhã, organizados em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, e também pela tarde, com organização da Associação Comercial de São Paulo. No encontro desta segunda-feira participaram lideranças da Câmara Árabe, entre elas o presidente Marcelo Sallum, o vice-presidente de Relações Internacionais, Osmar Chohfi, e o diretor-geral Michel Alaby.

 

Fonte: ANBA

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