Declarações desastradas do ministro Weintraub podem trazer prejuizos ao comércio Brasil-China

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Da Redação (*)

Brasília – A China é o maior parceiro comercial do Brasil e no primeiro trimestre deste ano o país asiático importou mais de US$ 14,1 bilhões em produtos brasileiros, com uma participação de 28,6% no volume total vendido pelo país no exterior. Para se ter uma ideia da relevância desses números, o segundo principal  parceiro comercial do Brasil, os Estados Unidos, importaram do Brasil um total de US$ 5,247 bilhões, equivalentes a um percentual de apenas 10,6% das exportações totais brasileiras.

 Apesar dos números relevantes, nos últimos meses, diversas autoridades brasileiras se manifestaram, pelas redes sociais ou através de declarações aos meios de comunicação –entre elas o presidente Jair Bolsonaro, seu filho e deputado federal, Eduardo Bolsonaro, e ontem o ministro da Educação, Abraham Weintraub- que, ao se expressarem, geraram sucessivos incidentes diplomáticos entre os dois países.

Ao publicar no Twitter uma nota classificada pela Embaixada da China como “racista” e “xenofóbica”, o ministro Waintraub gerou mais uma crise nas relações entre o Brasil e o país asiático e coloca em risco o desenvolvimento das relações comerciais sino-brasileiras.

As declarações inoportunas do ministro Abraham Waintraub, foram feitas menos de um mês após autoridades dos dois governos conseguirem aparar as arestas criadas por afirmações igualmente inconsequentes presadas pelo deputado Eduardo Bolsonaro e que geraram uma crise diplomática entre os dois países. Elas foram feitas também num momento em que a China se consolida cada vez mais como o principal parceiro comercial do Brasil.

 Ano passado, as exportações brasileiras para a China totalizaram US$ 66,3 bilhões (queda de 0,9% comparativamente com 2018) e importou produtos chineses no montante de Us$ 35,2 bilhões. Com isso, as trocas bilaterais proporcionaram ao Brasil um superávit de mais de US$ 28 bilhões.

Este ano, de janeiro a março, as exportações brasileiras para a China cresceram  7,4% para US$ 14,1 bilhões, enquanto as vendas chinesas, que caíram 3,9%, US$ 9,8 bilhões. Nos três primeiros meses do ano, o intercâmbio bilateral com os chineses gerou para o Brasil um saldo de mais de US$ 4,3 bilhões.

De janeiro a março, os principais produtos exportados para a China foram soja (US$ 4,8 bilhões), petróleo (US$ 3,4 bilhões), minérios de ferro (US$ 2,8 bilhões), carne bovina (US$ 767 milhões) e celulose (US$ 719 milhões).

Segundo uma fonte ligada ao comércio exterior, é difícil prever de que maneira manifestações desastradas como a do ministro Waintraub podem se refletir no desenvolvimento das relações comerciais do Brasil com seu maior parceiro em todo o mundo.

Mas a fonte chama a atenção para o fato de que o ministro da Educação publicou seu comentário no  momento em que um diretor do Ministério da Agricultura do país asiático, Wei Baigang, admitiu a possibilidade de a China passar a importar mais dos Estados Unidos produtos como soja e carnes, dos quais tem no Brasil um de seus maiores fornecedores.

Segundo o funcionário, “as importações do Brasil não foram afetadas em março, mas a partir de agora as importações dos Estados Unidos devem crescer, agora que a primeira fase do acordo comercial sino-americano foi implementada”.

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