Curtumes começam a comercializar produtos com selo de Indicação Geográfica

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Brasília Quando compra um sapato ou um sofá, o consumidor se prende a detalhes do acabamento e da marca fabricante, mas poucos se preocupam em conhecer quem forneceu o couro ou a procedência do material utilizado. A origem da matéria-prima, no entanto, é essencial para garantir a qualidade do produto.

Com o objetivo de serem automaticamente lembrados pela qualidade, sete curtumes do Rio Grande do Sul se juntaram e obtiveram no ano passado o selo de Indicação Geográfica fornecido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

O couro acabado do Vale dos Sinos é a primeira Indicação Geográfica de um produto industrial do Brasil e o único couro com o selo no mundo. A indicação de procedência garante uma produção industrial altamente controlada, que obedece a normas rígidas. Os curtumes estão começando a comercializar o produto com o selo, mas ainda não têm um balanço dos resultados.

“Ainda estamos iniciando o processo. Buscamos que toda a cadeia utilize o selo até 2011. Queremos ter indicação já no produto final”, afirma o coordenador executivo da associação, Álvaro Flores.

Vender sapatos com o selo é o objetivo do empresário Felipe Rosa, da Soft Couros. Há 24 anos atuando no mercado, ele acredita que o registro de procedência só vai ser um diferencial quando chegar ao produto final. “O próximo passo será a venda do sapato com o selo. Mas para difundir, vai depender do cliente cobrar do calçadista”, afirma o empreendedor, que vende cerca de 40 mil m² por mês de couro e emprega 84 funcionários.

A coordenadora-geral de Indicação Geográfica do INPI, Maria Alice Calliari, reforça: “É importante fazer um trabalho de sensibilização junto ao público consumidor e pensar em uma estratégia de promoção das regiões que têm Indicação Geográfica”.

Regras de qualidade

O couro com indicação será exportado pelas sete companhias. Juntas elas empregam mais de 550 pessoas. De acordo com a autorização concedida pelo INPI, 44 municípios do Rio Grande do Sul podem produzir o couro com o selo.

“Tendo a Indicação Geográfica, o produto tem que seguir regras de qualidade que são um diferencial no mercado. O consumidor tem a garantia de que o produto será feito da mesma forma”, afirma a analista técnica do Sebrae, Hulda Giesbrecht.

O processo de desenvolvimento econômico da indústria brasileira de artigos de couro iniciou no Rio Grande do Sul com a chegada dos primeiros imigrantes alemães, em 1824. O Brasil é hoje um dos maiores fabricantes de couro do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da União Européia. Cerca de 800 empresas curtumistas atuam na elaboração de couros e peles bovinas e a produção passa de 40 milhões de peles por ano.

Considera-se Indicação Geográfica o nome de país, cidade, região ou localidade que tenha se tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado artigo ou de prestação certo serviço.

Além do couro, têm o registro o café da Região do Cerrado Mineiro, a carne bovina do Pampa Gaúcho da Campanha Meridional, a Cachaça de Paraty, o vinho do Vale dos Vinhedos, a uva e a manga do Vale do Submédio São Francisco e o vinho de Pinto Bandeira. Outros 24 pedidos estão tramitando no INPI com o objetivo de obter o selo.

Para ajudar os empreendedores a profissionalizar seus negócios, o Sebrae analisa as inscrições feitas até meados de julho dentro da Encomenda de Projetos de Apoio à Gestão das Indicações Geográficas Registradas e Depositadas.

A iniciativa tem como objetivo selecionar, para posterior apoio financeiro do Sebrae, projetos de melhoria da gestão das regiões. O valor máximo a ser repassado pelo Sebrae é de R$ 200 mil por projeto. O recurso deve ser utilizado para melhorar a gestão do negócio.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias

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