Cultura Exportadora: Desafios e Oportunidades

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A Cultura Exportadora pode trazer grandes resultados. Que através dela se obtenham conhecimento, ferramentas e planejamento para aplicação e mudanças efetivas.

Rodrigo Solano (*)

No início de 2024, o MDIC divulgou a Política Nacional da Cultura Exportadora para inserir empresas de menor porte no mercado internacional, conforme consta no portal www.gov.br. A iniciativa tem grande importância para os desenvolvimentos de negócios internacionais, com potenciais impactos sociais e econômicos.

Contudo, é importante que compreendamos o que vem a ser a “Cultura Exportadora”, tanto em sua essência semântica e metodológica, quando na prática, para que possa haver planejamento para obtenção de retornos reais e mensuráveis.

A Cultura Exportadora está muito além de um Simples Termo

Primeiro, é importante que evoquemos que os laços entre cultura e comunicação são intrínsecos, e se expressam de diferentes formas, o que é consenso científico, conforme dicionário da Comunicação de Ciro Marcondes Filho. Além disso, a prática exportadora demanda sucesso na comunicação com agentes de diferentes culturas para que haja sucesso.

Assim, ao se tratar de Cultura Exportadora, não se pode ignorar o desenvolvimento de competências em “Comunicação Intercultural” de modo a agregar valor e potencializar resultados. E tais competências compreendem tudo o que pode ser comunicado como, descritivos, embalagens, negociação, postura, marcas, organização, contratos etc.

A Cultura Exportadora no Brasil

Uma análise histórica da pauta das exportações brasileiras mostra a contínua relevância e, até muitas vezes, a concentração nas chamadas “commodities”. Essas mercadorias geralmente servem como matéria-prima para outras indústrias que costumam agregar valor simbólico – comunicação. Entre os aspectos comuns ao comércio de commodities estão a produção e comercialização em larga escala, a pouca industrialização e a necessidade de atender a padrões internacionais.

Os gigantes da pauta exportadora brasileira costumam ser carne, petróleo, minério de ferro, soja e açúcar. O último dos citados tem relação com a cultura exportadora do Brasil que remonta a muitos séculos atrás. Um movimento que teve início com os portugueses, e assim ficou.

Seria imprudente e irreal considerar as commodities um problema. Mas uma forte dependência delas torna o país refém de preços internacionais, eventos que interferem na oferta de demanda oferecendo riscos.

Podemos citar o caso de Mali, cujo ouro um dia tornou a região em um dos maiores impérios do mundo e seu imperador, Mansa Musa, o homem mais rico do mundo. Hoje o ouro constitui mais de 72% da pauta das exportações do país que está entre os menos desenvolvidos do mundo.

Contudo, não se deve inferir que as commodities estejam fora de inovações através do desenvolvimento da Cultura Exportadora via comunicação. Pelo contrário! A valorização de práticas ESG pelo mercado e a excelência brasileira sobretudo no agronegócio, abrem oportunidades promissoras no mercado externo.

Para uma Mudança Estratégica

Entre as estratégias para mudar a chamada “cultura exportadora” está a difusão da comunicação internacional com fortes vínculos com a gestão de marcas – Branding – e seus significados, do que trata a Semiótica. O desenvolvimento de branding internacional é essencial para empresas, organizações e instituições para uma atuação internacional profícua.

Neste contexto, a gestão de ações através da comunicação intercultural pode agregar valor essencial a uma Cultura Exportadora disruptiva e mitigadora de riscos. O fomento ao desenvolvimento de marcas adaptadas às diferentes realidades culturais (geografia, gerações e espaço virtual) agregam valor simbólico aos produtos a aumentar a credibilidade, manutenção de clientes e compradores tornando a expansão de mercados factível.

O Momento é Agora!

A vocação da maior parte dos brasileiros à exportação de commodities costuma concentrar seu interesse majoritário em aspectos logísticos e operacionais, o que não é ruim. Mas limita a capacidade competitiva de empresas e do país como um todo. A comunicação intercultural para o desenvolvimento da “Cultura Exportadora” engloba diversos aspectos interdisciplinares e experiência para gestão e fomento.

Entre as atividades relacionadas às ciências da comunicação para planejar exportações tem relação com: encorajamento de segmentos não atuantes, sobretudo de PMEs, pesquisa de mercado, atividades de capacitação, configuração da empresa, internacionalização como estratégia empresarial (e não de um departamento de exportação), compreensão de que tudo comunica: marcas, gestos, abordagem, apresentação etc.

Contudo, o sucesso das ações depende de planejamento integrado e sua aplicação efetiva, e tudo indica que o MDIC, a ApexBrasil e outras fundações e instituições já estão atentas e atuantes para apoiar empreendedores e profissionais.

 (*) Rodrigo Solano, Especialista em Internacionalização e Relações Interculturais

www.thinkglobal.com.br

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Instagram: @tgintercultural

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