Leonardo Baltieri (*)
Nos últimos meses, temos observado um avanço significativo na aplicação do nearshoring como uma das estratégias mais eficazes para a escalada de negócios e aumento da competitividade como reflexo da crescente complexidade das cadeias de suprimento globais. Afinal, a proximidade física permite uma resposta mais rápida às demandas do mercado, reduzindo custos de produção e transporte e minimizando os riscos associados a longos tempos de espera e incertezas logísticas.
Por outro lado, ainda enxergamos alguns desafios a percorrer. Isso porque a prática exige que empresas sejam capazes de se adaptar a diferentes culturas de trabalho e a possibilidade de dependência de economias externas. Além disso, questões políticas e sociais nos países escolhidos podem impactar os negócios. Portanto, é fundamental realizar uma análise abrangente antes de tomar decisões sobre a estratégia de nearshoring.
Hoje a prática tem se destacado no México, principalmente por sua localização geográfica privilegiada em relação aos Estados Unidos. Essa proximidade tem facilitado a logística e reduzido os custos de transporte, o que é um fator crítico para empresas que buscam agilidade nas operações. Além disso, acordos comerciais, como o USMCA, oferecem um ambiente regulatório mais favorável, incentivando investimentos estrangeiros. Essa combinação de fatores, incluindo um mercado em crescimento e incentivos fiscais, torna o país um destino preferido para muitas empresas que buscam soluções de nearshoring.
Já na América do Sul, a prática tem se destacado na Colômbia e Peru, especialmente nos setores de tecnologia e serviços de TI, graças ao constante investimento em educação e infraestrutura, buscando criar um ambiente mais favorável para negócios. Essa diversificação nas opções de nearshoring permite que empresas avaliem diferentes localidades e escolham a que melhor se adapta às suas necessidades específicas.
E onde o Brasil se encaixa nisso tudo? Por aqui, ainda temos um caminho a percorrer. Para nos posicionarmos efetivamente neste mercado, precisamos fazer avanços significativos na nossa infraestrutura de transporte e logística, dando uma atenção especial à qualidade das rodovias, portos e ferrovias, que são cruciais para garantir que os produtos sejam entregues de maneira eficiente.
Embora haja projetos em andamento para modernizar esses sistemas, a burocracia e a lentidão nos processos regulatórios ainda representam desafios significativos. Ademais, a conectividade digital é essencial para empresas de tecnologia e serviços. O Brasil deve investir na ampliação da cobertura da internet de alta velocidade, principalmente em áreas mais remotas. Neste momento, algumas iniciativas estão sendo implementadas, mas a realidade é que o país ainda precisa de uma estratégia mais coesa para se tornar um player competitivo no nearshoring.
Como saída seria interessante focar na capacitação da mão de obra local, oferecendo treinamentos e incentivos para setores que estão crescendo rapidamente, como tecnologia da informação e serviços financeiros. Com um ambiente regulatório mais favorável e um foco na inovação, o Brasil pode se tornar um destino atraente para empresas que buscam soluções de nearshoring. No entanto, é importante considerar que esta não é uma solução única para todos os negócios. Cada empresa deve avaliar suas necessidades específicas e o mercado-alvo. Em muitos casos, uma combinação de estratégias pode ser a melhor abordagem para maximizar a eficiência e a competitividade.
Ao optar por uma estratégia de nearshoring é essencial avaliar diversos fatores, como a infraestrutura local, a disponibilidade de mão de obra qualificada e o ambiente regulatório do país em questão. A análise dos custos operacionais e a estabilidade política também são cruciais. Entender as dinâmicas culturais e as práticas de negócios locais pode facilitar a transição e aumentar as chances de sucesso. Também é importante estabelecer um plano claro de mitigação de riscos, que inclua contingências para questões logísticas ou mudanças nas condições de mercado. Formar parcerias com empresas locais confiáveis também pode ser um grande diferencial, garantindo que a integração entre as operações seja fluida e eficiente.
Acredito que nos próximos meses o interesse pelo nearshoring continue a crescer, especialmente à medida que as empresas buscam diversificar suas cadeias de suprimento e reduzir a dependência de mercados distantes. Para um futuro próximo podemos esperar um aumento na competitividade entre países que buscam atrair investimentos e parcerias estratégicas. Isso pode levar a uma maior inovação e melhorias na infraestrutura, além de uma ênfase em capacitação de mão de obra. As empresas que se adaptarem rapidamente a essa nova realidade provavelmente se beneficiarão, enquanto aquelas que não se ajustarem poderão enfrentar desafios significativos.
(*) Leonardo Baltieri co-CEO da Vixtra