Comércio do Brasil com o Gabão fica estável em 2012 e se restringe às exportações brasileiras

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Libreville – As trocas comerciais entre o Brasil e o Gabão mantiveram, em 2012, a tendência apresentada nos últimos dez anos, de uma corrente de comércio composta praticamente apenas de exportações brasileiras. Estas chegaram, no último ano, a um total de cerca de USD 38 milhões, pouco abaixo da média dos últimos seis anos (de cerca de USD 40 milhões). As importações provenientes do Gabão totalizaram pouco mais de USD 120 mil no mesmo período, baseadas totalmente em vendas ocasionais.

Como tem ocorrido nos últimos anos, a pauta exportadora brasileira para o Gabão ficou concentrada principalmente em carnes e gêneros alimentícios, havendo este ano, no entanto, uma queda considerável nas vendas de carne bovina e de frangos congelados inteiros, compensadas por vendas ocasionais de outros produtos que não constam tradicionalmente na pauta bilateral. Foram os seguintes os dez produtos mais vendidos (em valores aproximados), de acordo com dados do MDIC:

i) Frango congelado (cortes e miúdos comestíveis) – USD 15
milhões;
ii) Vagões de trem – USD 3,5 milhões;
iii) Açúcar de cana – USD 2,3 milhões;
iv) Tubos de ferro e aço – USD 2,2 milhões;
v) Peru congelado (cortes e miúdos comestíveis) – 1,8 milhão;
vi) Carne suína congelada (exceto presunto, carcaças) – 1,3
milhão;
vii) Salsichas e similares – USD 1,3 milhão;
viii) Frango inteiro congelado – USD 1,2 milhão;
ix) Bitume de petróleo – USD 1,2 milhão;
x) Miúdos de gado bovino – USD 1 milhão;
xi) Carne bovina congelada sem osso – USD 814 mil.

Se as exportações brasileiras para o Gabão não representaram mais que 0,01% do total das exportações nacionais em 2012, convém notar que elas representaram cerca de 0,24% de todo o PIB gabonês e uma participação de mais de 17% (cerca de USD 23 milhões em um mercado estimado em cerca de USD 130 milhões) no setor de carnes (galinácea, suína, bovina, etc, excluídos os frutos do mar), o que demonstra a relevância dos produtos brasileiros para a pauta importadora do país africano, fazendo do Brasil tradicionalmente um dos 15 principais fornecedores do Gabão (9º em 2008, 11º em 2009 e 16º em 2010, de acordo com estatísticas gabonesas).

Apesar das vendas pontuais de manufaturas industriais em 2012 (vagões de trem, tubos de ferro, bitume, etc), a pauta segue a tendência global gabonesa de grande volume de importação de produtos alimentícios (o país importa mais de 80% do que consome).

A esse respeito, nota-se que a exportação brasileira tradicional para o Gabão (carnes) é maioritariamente distribuída por meio do setor varejista formal gabonês (super e hipermercados principalmente) que, como em muitos outros países africanos, sofre com a concorrência do setor informal (feiras populares, vendas de rua, etc), o qual controla, a seu turno, aproximadamente 80% do mercado interno.

O governo gabonês, no entanto, tem tomado medidas para aumentar o controle fiscal, sanitário e para sancionar o uso indevido do espaço público por lojas informais, o que tende, em conjunto com um aumento sustentável da renda da população local, a aumentar a participação do setor varejista formal no PIB e o espaço para produtos brasileiros tradicionalmente  consumidos no Gabão. É de se destacar que, se 80% do mercado é controlado pelo setor informal, quase 90% dos produtos vendidos no setor varejista formal são importados.

Entre os principais desafios para uma expansão da presença da carne e dos demais produtos brasileiros no setor varejista gabonês, encontram-se (i) a carência de linhas de transporte marítimo regular entre o Brasil e a África Central, (ii) os custos aduaneiros e fiscais impostos pelo governo gabonês (que se projetam na predominância do setor  informal), (iii) as dimensões reduzidas do mercado doméstico, (iv) a pouca conectividade terrestre com os países vizinhos (o que permitiria ganhos de escala às exportações brasileiras) e (v) a concorrência com produtores franceses (principalmente), dotados de vantagens logísticas, de escala e contratos de exclusividade.

O mercado doméstico, apesar de relativamente pequeno (a população gabonesa é estimada em 1,6 milhão de pessoas), mantém-se em crescimento constante, e os produtores brasileiros são ultrapassados por produtores globalmente menos  competitivos, como os franceses e sul-africanos, o que faz com que se preveja que, vencidos os obstáculos que criam o atual desvio de comércio em benefício sobretudo da União Europeia, a participação (“market share”) da produção brasileira no mercado  gabonês em geral e no de carnes especificamente cresça de maneira exponencial, concorrendo em termos de preço apenas com produtores regionais, como os Camerum, cuja produção, no entanto, tem maior penetração no mercado informal.

Ponderando-se os desafios e as oportunidades de expansão, percebe-se que há espaço para uma expansão da presença da carne brasileira no Gabão, em um primeiro momento, e para outros setores potenciais, em um segundo.

Esses possíveis novos mercados seriam aqueles nos quais a competitividade brasileira tem sido prejudicada pelo vigor das redes logísticas e comerciais dos países da União Européia (sobretudo da França) e pela falta de contato entre o empresariado local e o brasileiro.

Fonte: BrasilGlobalNet/Embaixada do Brasil em Libreville

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