Da Redação (*)
Brasília – A balança comercial teve superávit (exportações maiores que importações) de US$ 3,043 bilhões em fevereiro. É o melhor resultado para meses de fevereiro desde o início da série histórica da balança, em 1989. Além disso, não era registrado superávit para o mês desde fevereiro de 2012, quando a balança comercial ficou positiva em US$ 1,7 bilhão.
O saldo positivo do mês passado resultou de US$ 13,348 bilhões em exportações e US$ 10,305 bilhões em importações. As vendas externas cresceram 4,6% sobre fevereiro de 2015 e 24,9% em relação a janeiro de 2016. O cálculo é segundo o critério da média diária, que mede o valor negociado em dólares por dia útil.
Em igual período do ano passado, a balança apresentava deficit de US$ 2,84 bilhões. O ministério estima fechar o ano com um superavit de US$ 35 bilhões na balança comercial, com aumento nas exportações e queda nas importações. Apesar da recuperação em relação a 2015, as exportações continuam abaixo dos níveis verificados entre 2011 e 2014.
Os dados foram divulgados hoje (1°) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em janeiro, o superávit de US$ 923 milhões da balança comercial também quebrou um jejum de saldos positivos para o mês, que já durava cinco anos.
De acordo com o MDIC, a melhora nos dados de fevereiro é explicada, por exemplo, pelo aumento de 10% nas vendas de produtos industrializados. Cresceram as exportações de semimanufaturados como açúcar e celulose e de manufaturados, como veículos e aviões, os quatro principais produtos nesse grupo.
Além disso, o Ministério destacou o aumento de 86% nas vendas de veículos para outros países, com destaque para México e Argentina. O setor tem sido favorecido pelo câmbio e pela renovação de acordos comerciais.
As exportações de produtos básicos, cujos preços caíram no mercado externo, recuaram 0,5% no mês, resultado melhor do que o verificado nos últimos meses. Entre os destaques, estão o aumento nas vendas de milho e soja em grão e carne bovina, que juntos representaram 15% das vendas ao exterior no mês.
A comparação com 2015 representou o primeiro crescimento das exportações ante o mesmo mês do ano anterior em 17 meses. A última vez que as vendas externas haviam subido foi na comparação anual entre agosto de 2014 e agosto de 2013.
Nos últimos meses, as exportações estavam em queda, e a balança só vinha ficando positiva em função de recuos ainda mais acentuados das importações. Do lado das compras do Brasil no exterior, houve queda de 34,5% no volume diário negociado em fevereiro deste ano na comparação com o mesmo mês de 2015, e crescimento de 5,1% ante janeiro de 2016.
“Houve continuidade de queda nas commodities minerais, principalmente por conta de preços, como petróleo e ferro. Por outro lado, as agrícolas apresentaram bom desempenho no mês”, afirmou Herlon Brandão, diretor de estatística e apoio à exportação do ministério.
O director do Departamento de Estatísticas do MDIC afirmou ainda que o volume das vendas de soja mais que dobrou, enquanto o de milho quadruplicou, apesar de o preço dos dois produtos ter recuado cerca de 10% na comparação anual, em uma antecipação de embarques.
Segundo ele, o aumento de 31% nas exportações em termos de quantidade foi mais que suficiente para compensar a queda de 19% no preço desses produtos.
Segundo Brandão, as vendas ao exterior já vinham apresentando resultados melhores na comparação anual desde o final de 2015. Parte disso é explicado porque a maior parte do impacto da queda nos preços no exterior já se deu no ano passado.
“Temos também esse efeito câmbio, que está se estabilizando, com uma taxa mais desvalorizada que a média do ano passado. E o número de exportadores vem crescendo desde o ano passado”, afirmou.
Regionalmente, o Brasil aumentou suas vendas para vários países da Ásia (+26%), mas apresentou queda para outros mercados relevantes, como América do Norte (-6%), Mercosul (-8%) e Europa (-2%) no mês passado. A queda para o Mercosul está distribuída entre Paraguai, Uruguai e Venezuela. Para esse últimos, as vendas caíram pela metade. Para a Argentina, cresceram 5%.
(*) Com informações de Agências