Da Redação (*)
Brasília – A indústria automobilística brasileira vem perdendo participação nos mercados da América do Sul e, em especial, em países como o Chile e a Colômbia, dois dos maiores importadores de automóveis brasileiros. No ano passado, a China desbancou o Brasil e assumiu a dianteira entre os exportadores de veículos para esse mercado, com uma participação de 21,2%, ante 19,4% do Brasil.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, “até 2021, o Brasil era o país que mais exportava para os países vizinhos. Precisamos urgentemente aumentar nossa competitividade para exportar, ou perderemos ainda mais terreno em nossos principais destinos, não só para a China, mas para outros países emergentes da Ásia, como Índia, Tailândia e Indonésia”.
Anfavea defende volta do Imposto de Importação
Em relação à presença chinesa no Brasil, o presidente da Anfavea elogiou as marcas que planejam se instalar como fabricantes no País, mas ressaltou que é preciso retomar o Imposto de Importação de 35% para modelos elétricos e híbridos, que têm a China como principal país de origem – foram mais de 30 mil unidades exportados para o Brasil apenas neste ano.
“Pode ser de forma gradual, ou por cotas, mas é preciso haver uma regra que incentive e dê previsibilidade à produção local de veículos elétricos”, concluiu Leite, destacando que podemos ter em breve a mesma situação dos países vizinhos, com mais de 20% de importações chinesas sem a contrapartida da geração local de empregos.
De acordo com o balanço divulgado ontem (6) pela Anfavea, as exportações tiveram leve alta de 13,8% no mês, mas sobre uma base baixa de julho. Foram 34,5 mil unidades embarcadas, totalizando 292,1 mil no ano, baixa de 12,8% sobre o mesmo período de 2022. “Além da queda de volumes, o que mais nos preocupa é a perda de participação dos produtos brasileiros nos mercados da América Latina”, alertou Márcio de Lima Leite.
Por outro lado, a produção da indústria automotiva no mês de agosto praticamente igualou o recorde do ano, que foi de 228 mil unidades em maio. As 227 mil unidades produzidas no mês representaram alta de 24% sobre julho. No acumulado do ano, já são 1,542 milhão de autoveículos produzidos, com uma leve queda de 0,4% em relação aos primeiros oito meses de 2022.
De acordo com a Associação, os emplacamentos recuaram, o que já era esperado em função do fim dos descontos oferecidos pelo governo federal para modelos até R$ 120 mil. Foram 207,7 mil unidades licenciadas em agosto, 7,9% a menos que em julho, que teve o recorde do ano.
Numa análise que exclui da conta os modelos subsidiados, foram 160 mil unidades sem bônus vendidas em julho, ante 205 mil em agosto, o que confirma um viés de recuperação do mercado, embora ainda de maneira tímida. As vendas acumuladas do ano estão em 1,432 milhão de unidades, volume 9,4% superior ao do ano passado.
(*) Com informações da Anfavea